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2 M E S E S D E P O I S

Haviam dias piores que outros. Dias em que ele ia se deitar, e simplesmente não podia pregar os olhos. Chorando até o dia clarear e ter de voltar a mesma rotina torturante. Depois de acordar do coma, nada era capaz de trazer sequer um segundo de alegria verdadeira.

Buscava evitar Any, e saia para beber com frequência. Mas nada fazia sentido, aquela não era sua vida. Não mais.

Ele desejava apenas acordar pela manhã e ver Savannah ainda adormecida ao seu lado como um anjo, esperar ela abrir os olhos e sorrir para ele sussurrando que o amava.

Queria poder acordar Mel, Lau e Jay. Abraçá-los, brincar com eles e dar broncas. Queria poder senti-los. Mas aí a lembrança de que eles sequer existiam voltava e tudo que ele desejava era parar de viver.

Agora, olhava pela gigantesca janela de seu escritório na cobertura, enquanto Pedro tagarelava com Any no sofá. Ele buscava manter seus pensamentos o mais distante possível.

– Josh, você poderia por favor abrir a boca e conversar como uma pessoa normal – Any disse ríspida. Ele já estava farto dela.

– Olhem – ele girou a cadeira para encará-los – Eu sei que vocês andam transando, então poderiam simplesmente sumir da minha vida de uma vez por todas?

Os dois ficaram boquiabertos. Se olharam e ficaram mais vermelhos que uma pimenta. Seus olhares perdidos e palavras balbuciadas sem nenhuma declaração clara.

– Como você descobriu? – perguntou Any.

Ele riu com sarcasmo.

– Como eu disse, o coma foi esclarecedor, pude ver as víboras que me rodeiam – ele disse. Any se levantou enraivecida enquanto Pedro permanecia sentado em estado de choque.

– O que disse?! – ela perguntou incrédula.

– Pode ficar com o apartamento, com o anel e levar todo meu dinheiro se quiser, eu não me importo – ele disse virando as costas novamente – Nada mais importa.

– Você não vai terminar comigo, Joshua Beauchamp! Vamos nos casar em duas semanas! – ela gritava alterada.

– Acabou Any. - ele disse – Saia da minha sala antes que eu chame os seguranças.

Ela gritou e urrou enquanto batia os saltos agulha em direção a saída. Ele suspirou quando a porta se bateu com força.

– Josh, foi só...

– Tudo bem Pedro... – disse ele sem ao menos fazer questão de olhar o amigo – Fique com ela. Eu não a amo, nunca amei mesmo.

– O que aconteceu com você, cara? – Pedro mal podia acreditar.

Josh puxou o ar sentindo novamente as lágrimas silenciosas descendo no rosto.

– Eu abri os olhos. Eu vi a grande besteira que eu fiz.

***

Ele terminou mais um exaustivo dia de trabalho. Sofya o acompanhava falando sobre alguma reunião enquanto ele se dirigia a portaria da empresa para entregar alguns papéis a atendente, para que ela passasse ao seu superior. Se aproximou do balcão puxando a pasta de debaixo do braço e estendendo a garota.

– Entregue ao Sr. Park, por favor – disse ele. A jovem sorriu pegando a pasta.

– Vou indo, preciso ir a um lugar, boa noite Sr. Beauchamp – disse Sofya. Ele lhe lançou um breve sorriso enquanto ela se afastava. Estava prestes a ir até a saída também, quando um panfleto na bancada lhe chamou a atenção. Ele puxou um de testa franzida enquanto lia.

𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐀 𝐂𝐇𝐀𝐍𝐂𝐄 Onde histórias criam vida. Descubra agora