Shinazugawa

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Ele me levou a um pequeno hospital, onde o médico avaliou meu ferimento. Embora não fosse grave — um corte superficial na testa — ninguém soube dizer exatamente o que o havia causado. O que realmente me surpreendeu, no entanto, logo após a aplicação do remédio e dos curativos, a ferida se curou instantaneamente. Decidi não mencionar isso a ninguém sabendo que minha situação era complicada.

Sanemi quebrou o silêncio, sua voz carregando um tom de preocupação.

— E o seu machucado... como está? – ele perguntou.

— Bem, não senti dor nenhuma — respondi, tentando parecer despreocupada.

— Tome mais cuidado, sua idiota! — ele disse, com a habitual brusquidão. — Não vou ficar te ajudando sempre.

A irritação na voz dele me fez revirar os olhos. Não conseguia entender como alguém que havia me salvado de um ataque poderia ser tão insensível.

— Obrigada pela ajuda, então — retruquei, cruzando os braços. — Mas você poderia ser um pouco mais gentil, sabe?

Ele bufou, desviando o olhar, como se o simples ato de me olhar o deixasse desconfortável.

— Gentileza não é exatamente o meu forte — respondeu, finalmente se levantando. — Vamos, temos que ir.

Saímos do hospital e a brisa gelada da noite me envolveu. Sanemi liderou o caminho, seus passos firmes e decididos, enquanto eu tentava acompanhar seu ritmo.

— Para onde estamos indo? — perguntei, a curiosidade me consumindo.

— Para a minha casa — ele respondeu de maneira brusca, como se a resposta fosse óbvia. — Você vai precisar de um lugar seguro até conseguir se lembrar de tudo.

— E se eu não quiser ficar na sua casa? — retruquei, desafiando-o. — Não tenho certeza se posso confiar em você.

Sanemi arqueou uma sobrancelha, sua expressão imediatamente se tornando fria e desdenhosa.

— Então volte para o bosque e morra. — ele respondeu com um tom cortante, como se quisesse que suas palavras cortassem mais fundo do que qualquer lâmina.

A ferocidade na sua voz me surpreendeu, fazendo meu coração acelerar. O ar entre nós ficou pesado, e por um instante, pensei que ele estava falando sério. Mas, em vez de me abalar, uma onda de indignação subiu pela minha espinha.

— Você é insuportável! — exclamei, a raiva inflamando minha coragem. — Como pode ser tão cruel?

Ele hesitou, a expressão endurecendo ainda mais, mas eu vi uma centelha de algo em seus olhos — uma luta interna, talvez.

— Olha, eu não estou aqui para ser seu amigo — Sanemi respondeu, sua voz mais baixa agora, como se ele mesmo estivesse tentando se convencer. — Eu só estou tentando manter você viva.

Isso me pegou de surpresa. Eu não esperava essa honestidade dele. O ódio que antes eu sentia se transformou em algo mais complexo, uma mistura de frustração e, de alguma forma, gratidão.

— Bem, isso não é uma maneira de fazer amigos — respondi, tentando encontrar um meio-termo.

Ele bufo, cruzando uos braços, mas havia uma leve mudança em sua postura.

— Você não está aqui para fazer amigos. Está aqui porque não tem para onde ir. E se você quer sobreviver, vai ter que se aguentar e seguir minhas ordens — disse, mas não havia mais a mesma raiva na sua voz, apenas uma determinação.

𝑬𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑷𝒊𝒍𝒂𝒓𝒆𝒔 ~ 𝚂𝚊𝚗𝚎𝚖𝚒 𝚂𝚑𝚒𝚗𝚊𝚣𝚞𝚐𝚊𝚠𝚊Onde histórias criam vida. Descubra agora