2 - Admirador secreto.

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De um erro, o papel voou até um chute certeiro.
Que foi pego no peito, embaixadinho e voleio.
Que em um monstro acertou o traseiro e jogado de volta voltou para o meio.
E por fim, no meio do tumulto de uma sala sem professor, o papel foi pego...
Por quem não deveria ser pego.

...

Ninguém paga minha luz por isso que ela é minha...♪

Eu cantava baixinho como sempre, passava a aula escutando música quando não conversava com os meus amigos.
Vim da Inglaterra pra essa escola no Brasil, mas eu sou Brasileiro pois nasci aqui, só passei uns anos lá quando era mais novo — e por sinal sofri pois meu inglês era péssimo!

Mas tudo bem, eu consegui fazer amigos e o meu nervosismo já passou. Já me acostumei com as pessoas e não estou mais tímido como antes, só tem algumas que eu não consegui conversar... E até que eu queria.

Enfim, enquanto fazia a atividade como o aluno exemplar que sou, percebi algo caindo no meu pé.

— Eita, bolinha de papel.

Peguei e decidi jogar no lixo mas... Vai que tenha algum segredo escrito aqui?! Eu não quero perder de ver isso Hehe. Eu abri o papel...

— Que isso? — Corei fortemente.

Lá estava um desenho meu, e até que bem desenhado. Meu deus quem será que fez isso? E AINDA JOGOU PRA MIM!

Na mesma hora a minha mente explodiu. EU TENHO UM ADMIRADOR SECRETO??? Achei que era coisa de desenho... Aaa que vergonha, estava vermelho como um tomate.

Olhei em volta procurando quem poderia ser, mas estava uma bagunça, todo mundo conversando ou fazendo besteira.
Olhei melhor pro papel e vi, tinha detalhes verdes na folha, então o caderno da pessoa tem o tema esverdeado... Huum.

Fiz carinho na minha barba imaginária...

— Elementar meu caro Washington.

— Tá falando sozinho porque? E que desenho é esse?

— AHHH! — Escondi o desenho no meu peito e olhei pra traz, muleque enxerido! — N-não é nada, Hehe Hehe.

— Seei... — Por sorte ele voltou a falar com as outras pessoas.

Olhei pro desenho com mais cuidado agora, pra ninguém ver e constranger o moço ou a moça que desenhou. Era realmente belo, só não entendi o porquê de apenas o meu cabelo estar pintado, talvez seja preguiça ou ele/ela não terminou o desenho...

Dobrei o papel com carinho e olhei pra banca determinado! Vou achar quem fez esse desenho meu, agradecer e devolver!!
E virar amigo da pessoa!!!

... Fê.

O dia se passou estranho.
Obviamente não fiquei olhando pra ele o tempo todo, mas deu vontade. Descobri por um amigo de um amigo dele que o seu nome é Eliot Volkomman. É gringo mesmo, acertei em cheio.

Estava morrendo de medo dele descobrir que fui eu quem escrevi aquele poema, estava emocionado de mais na hora e o desenho nem ficou tão bonito assim! Fiquei me remoendo na minha cadeira esperando os meus pais chegarem, ligando e desligando o celular.

Pensando mais um pouco sobre a minha situação, eu ainda queria ser amigo dele e talvez aquela fosse a chance perfeita. O horário da saída é o melhor pra socializar.
Olhei pra trás — vendo as diversas filas de cadeira atrás de mim — e procurei por ele. O vi, suspeitosamente atrás de um garoto, tentando ficar na ponta do pé para olhar o caderno do mesmo, mas não conseguindo pela sua altura. Porque ele estava curioso com um caderno?

O vi se frustar e se sentar ao lado de uma cadeira vazia, agora era a hora! Me levantei, pus a mão no meu peito, agarrei a minha blusa e respirei fundo, concentrando o meu chakra, o meu ki, a minha mana, o meu tesão, todos as energias que eu tinha naquilo!

Peguei a minha bolsa, aberta por sinal.

Andei.

Fui me aproximando....

...PARA!

Parei! Coloquei a bolsa aberta no chão, me tremendo, e me sentei ao lado dele. Ele estava muito fofo com os fones e a bolsa no colo, agarrando ela como se agarrasse um urso de pelúcia. Bom, ela era tão decorada que podia ser considerada um brinquedo.

Alguns segundos se passaram, ele parecia não ter ligado pra minha presença ali, graças a Deus. Mas ao mesmo tempo não sabia puxar assunto, então só mandei a clássica:

— Boa tarde — O céu já estava amarelado nessa hora.
— ...Ah, boa tarde — Ele demorou pra perceber que eu havia falado com ele. Olhou nos meus olhos mas logo depois desviou o olhar.

Tá... COMO QUE FAZ AMIZADE MESMO?! Ele parece estar tão distante. Será que o olhar que eu dei era de psicopata???! Ele tá com medo?? Ele é antissocial?

... Deus.

Em meio aos devaneios de Fê, até que Eliot não estava tão diferente assim....

... Eliot.

MEU DEUS QUEM É ESSE?! O sorriso dele, o cabelo raspado dos lados e aaaaaaaaaaaaa. Olha esse braço... Não! Não olha, vai ser estranho!
Me dei mentalmente um Tapa no rosto e me recuperei. Tá, ele é bonitinho, ele deve ter vindo sentar aqui porque não viu mais nenhum lugar e decidiu falar comigo... Tá, Okei, sorria e acene, Eliot, siga o fluxo.

— Er, tudo bem? — Olhei pra ele e dei um sorrisinho, ainda agarrado na minha bolsa. Que vergonha.

— ..Melhor agora. E com você, ruivinho?

— Tô ótimo.

MELHOR AGORA? COMO VOCÊ FALA ISSO COM UM SORRISO TÃO CONFIANTE NO ROSTO?! Meu deus ninguém nunca me cantou antes.

... Fê.

Meu coração está saindo pela boca.
Eu tive que olhar na direção oposta a dele, eu tive, pois não estava aguentando a vergonha de ter dito aquilo. Minhas orelhas estavam vermelhas de mais, estava queimando.
Esse desgraçado me trouxe sentimentos que eu nunca havia sentido, e eu nunca nem falei com ele! Agora ele vai ter que arcar com as consequências.

Determinado, eu me virei pra ele e continuei a puxar assunto, perguntando sobre coisas aleatórias, como sobre se ele era gringo realmente e fui descobrindo algumas coisas.
Mas isso não importa agora.
O foco deve se manter no olhar de Eliot.
Ele alternava a visão entre eu e qualquer outra coisa, enquanto respondia as minhas perguntas de uma forma muito simpática. Mas por estar sempre mudando seus pontos de interesse, pela vergonha de falar com alguém novo talvez, uma hora ele olhou para a minha bolsa, que estava aberta.

... Eliot.

Minha principal estratégia pra descobrir quem era o meu "admirador secreto" era olhar no caderno de todo mundo, até achar algum com um tema verde. Mas por um momento eu tinha esquecido daquilo.
Estava tão imerso nós meus pensamentos sobre aquele garoto lindo na minha frente, que demorei pra perceber sua bolsa aberta, e muito menos o seu caderno ali dentro.

Mas quando vi, associei logo de cara.

Era esverdeado. Um caderno com um tema musical, com notas verdes na capa, cheia de detalhes verdes.
Eu não tinha achado UM caderno verde na sala inteira.

Olhei pra ele, perplexo, então ele era meu "admirador secreto"? Estava cedo de mais pra tomar qualquer decisão.

— Ei, Fernando — Agarrei a bolsa com força, minha timidez perdia pra minha curiosidade.

— Sim?

Só tinha um jeito de descobrir. Eu acho.

— Por acaso... Você desenha?

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⏰ Última atualização: Dec 05, 2022 ⏰

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