Através dos seus olhos

O menino que sobreviveu

Durante toda a sua vida Draco ouviu falar sobre a ascensão e a queda do Lorde das Trevas, como um dos bruxos mais poderosos de todos os tempos havia sido derrotado por um mero bebê. Harry Potter, o menino que sobreviveu. E agora, depois de tantos anos, não só finalmente iria para a escola de magia e bruxaria, como também teria a chance de conhecer Harry.

- Mas amor, Dumbledore! Temos que enviá-lo à Durmstrang, Igor Karkaroff irá treiná-lo mais adequadamente, ele sabe reconhecer o valor de um semelhante, e o valor de um Malfoy! - Dizia Lúcio.

- Eu sei, meu amor. Mas Draco bateu o pé e insiste que quer ir para Hogwarts, ora meu bem, nós também nos formamos lá, não será de todo ruim, não é mesmo? 

Draco ouvia tudo em silêncio. A Durmstrang era uma escola de magia e bruxaria que ficava em algum lugar entre a Suécia e a Noruega, diziam que lá se aprendiam as artes das trevas, e por mais que isso chamasse por Draco, a curiosidade de poder conhecer Harry Potter ainda falava mais alto, e ele sabia que se Harry fosse para alguma escola, essa escola seria Hogwarts. Draco também sabia que eles tinham quase a mesma idade, portanto, começariam juntos, apesar de que desde o paradeiro do Lorde das Trevas ninguém jamais soube onde estava Harry, ele tinha esperanças de que o menino que sobreviveu estaria em Hogwarts naquele ano.

- Certo! Que seja então. Mas se houverem problemas de qualquer natureza, o enviaremos a Durmstrang.

Draco vibrou por dentro. Estava tão ansioso.

Os dias se arrastaram, mas finalmente o grande dia chegou. Draco chegou à estação que o levaria a Hogwarts, o local estava lotado, ele procurou com os olhos mas não encontrou ninguém que pudesse lhe parecer com Harry, ele ainda não o conhecia, mas sabia que Harry carregava uma cicatriz em forma de raio na testa, sinal do feitiço mortal que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado lançou sobre o menino ainda bebê, que ricocheteou e foi responsável pelo fim do Lorde das Trevas.

Ao embarcar na plataforma Draco logo encontrou seus amigos Crabbe e Goyle, que eram filhos de amigos de seus pais, e o assunto não poderia ser outro:

- Estão dizendo que Harry Potter irá para Hogwarts hoje - Disse Crabbe

- É mesmo? Pouco me importa - Disse Draco tentando parecer desinteressado e em tom de deboche - Mas uma celebridade como ele, talvez não queira nem usar o trem, talvez queiram usar uma plataforma especial para o Sr. Potter. Consigo imaginar o grande Harry Potter chegando em Hogwarts montado em um dragão, me parece que é o tipo de impressão que ele gostaria de causar.

Os garotos riram. Draco não poderia aparentar, mas estava tão curioso e ansioso para conhecer Harry quanto qualquer outra pessoa alí, ele era uma lenda sobre a qual todos eles cresceram ouvindo.

- Vocês souberam? Harry Potter está no trem! - Disse Pansy Parkinson adentrando à cabine dos meninos, uma garota com cara de pug, quem Draco já conhecia, desde muito novos Pansy parecia nutrir algum tipo de paixonite pelo jovem Malfoy, que nunca correspondeu em nada às investidas da garota. - Ele está com um Weasley e com uma garota sangue-ruim.

- Não me admira, dizem que a mãe dele era uma sangue-ruim, e o pai um traidor do sangue bruxo. A fruta não cai longe do pé, não é mesmo? Como poderia. Obviamente ele se aliaria com esse tipo... - Disse Draco tentando não demonstrar a real frustração que sentia.

O trajeto foi longo, os alunos finalmente chegaram às proximidades do castelo quando a noite já caía sobre eles. Foram recepcionados por uma figura monstruosa, o que parecia ser um homem com uma longa barba muito espessa, cabelos igualmente espessos, encaracolados e desgrenhados. Rúbeo Hagrid os recebeu e os guiou até o castelo. Ao adentrarem a grande construção, foram recepcionados por uma senhora franzina e de olhar severo, ela era Minerva McGonagall, ela explicou como funcionavam os sistemas de casas e de pontos e então adentrou pelas portas deixando os alunos esperando, nesse momento Draco avistou Harry, ao lado de um dos Weasley, e ali estava a cicatriz, tinha que ser ele, e Draco não poderia perder a oportunidade, tinha que tentar uma aproximação.

- É verdade então? O que disseram no trem... Harry Potter veio pra Hogwarts. Esses são Crabbe e Goyle, e eu sou Malfoy, Draco Malfoy. - Neste momento Draco foi interrompido por uma risada em tom de zombaria vindo de um garoto de cabelos ruivos.

- Acha meu nome engraçado? Nem preciso perguntar o seu. Cabelos ruivos, vestes de segunda mão... Vc deve ser um Weasley! - E se voltando a Harry continuou - Logo vai descobrir que existem famílias de bruxos melhores que outras, você não vai querer ser amigo da pessoa errada, e eu posso ajudá-lo nisso. - Disse estendendo a mão e encarando os olhos verdes de Harry que neste momento já o fulminava.

- Eu posso ver sozinho quem é a pessoa errada. - Respondeu Harry.

Draco nem teve uma chance de resposta, a Minerva McGonagall retornou para guiá-los ao salão principal, deixando um Draco perplexo e envergonhado.

Enquanto adentrava o salão a única coisa em que conseguia pensar era em como havia arruinado seu primeiro contato com Harry de forma tão desastrosa. Não havia pensado direito e assim estragou tudo. Se sentia frustrado e envergonhado, mas buscava não demonstrar. Por outro lado, ainda tinha um ano inteiro pela frente para se reaproximar de Harry, talvez eles fossem selecionados para a mesma casa comunal, isso com certeza os aproximaria, não é?

A seleção foi iniciada, como esperado, ele foi selecionado para a Sonserina, como todos em sua família, e então chegara a vez de Harry, ele torcia internamente para que Harry fosse trazido também para a sonserina, viu o chapéu cogitando, mas também viu Harry implorando para não ser enviado à sonserina. 

- Melhor que seja... Grifinória! - Decretou o chapéu

Harry sorriu e respirou aliviado, Malfoy sentia o chão escapando dos seus pés. Mais uma chance perdida. Precisava se aproximar de Harry, e buscava agora meio de fazê-lo, e não iria desistir.