02 - Frio de outono

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Depois de me fazer inúmeras perguntas, sentado no chão frio de madeira olhando para o nada, e não achar nenhuma resposta, Pensei: "tudo bem, acho que não deve ser nada demais esse pensamento e sentimento."
Me dei conta que já estava chovendo, abri um sorriso e fui para a janela, porque eu amava a chuva e observar aquelas milhares de gotas de água caindo, aquilo era terapêutico pra mim.
Eu sempre morei aqui em um lugar meio afastado da cidade, em volta da minha casa branca com a pintura meio velha, tem várias plantinhas, flores e árvores, também tem um caminhozinho que vai da porta da frente até a estrada de areia onde passam viajantes, carros, e meu ônibus da escola. Não tenho muitos vizinhos e os que tenho são meio afastados da minha casa.
Um dia eu sei que vou ter que sair daqui para ir trabalhar e talvez ser um biólogo, pois eu amo estudar a vida dessa forma científica, mas odeio ela na forma de se viver, pois ela é cansativa.
me casar com alguém nunca se passou pela minha cabeça, parece ser algo cansativo também, isso é algo que me amedronta, se relacionar amorosamente com alguém, eu acho que ninguém gostaria de ter alguém em sua vida como eu, porque eu sou alguém problemático e pessoas não gostam de problemas.
Não falta muito tempo para eu ir embora já que estou no 3° ano do ensino médio e tenho 17 anos, completei este ano no dia 15 de janeiro. Meu aniversário foi entediante, como todos outros, eu mesmo fiz um bolo para mim, já que eu amo a confeitaria. Nem meus poucos amigos se lembraram, então ficou por isso mesmo, até hoje eles não sabem mais o dia do meu aniversário. Meus pais me deram feliz aniversário, cantaram parabéns para mim, e me perguntaram se eu estava feliz, eu disse que sim, mas eu estava vazio, como quase sempre. Eles também me deram presentes, que foram dois livros, eles sabem que eu amo leitura e confeitaria, então meu pai me deu um livro de drama e fantasia, e minha mãe me deu um livro com receitas de confeiteiro, que eu vou usar muito.
Passei horas naquela janela mergulhado e perdido nos meus pensamentos junto ao barulho e a vista da chuva, quando me dei conta já estava atrasado para dormir pois tinha que acordar cedo pra aula! Escovei meus dentes, coloquei meu pijama branco e macio rapidamente, deitei, fechei meus olhos, nem percebi e já estava dormindo.
Acordei com o som irritante do despertador às 06:00 da manhã, e a primeira coisa que me veio na cabeça assim que abri meus olhos foi o mesmo pensamento de antes junto com o mesmo sentimento de preocupação só que desta vez parecia ser estranhamente mais forte. Fiquei muito confuso, isso já estava começando a me assustar. O que era isso que nunca havia me acontecido e não quer parar?
De todo jeito, naquele momento eu precisava me arrumar para ir pra escola, então fiz o de sempre: fiz minhas necessidades, escovei os dentes com minha escova verde-claro, tomei um banho quentinho e relaxante, e enquanto eu sentia a água escorrendo sob minha pele suavemente, eu novamente me perdi nos meus pensamentos. Eu parecia estar alucinado ou drogado, eu me senti tão bem e mais alegre de uma forma estranhamente confortável e segura, nunca havia sentido isto antes, até fiquei sorrindo à toa.
Quando percebi e "acordei" deste sonho maluco de sensações que tive acordado, eu olhei para o meu fiel companheiro prateado, relógio de pulso à prova d'água que sempre estava comigo, e vi que já eram 06:43 eu estava muito atrasado! porque meu ônibus passava às 06:50 e eu não tinha sequer saído do banho! Então me sequei rápido com minha toalha verde-claro favorita, verde não era minha cor favorita, mas era uma cor que me transmitia paz, então eu até que gostava dela. Depois me vesti rapidamente e desci para tomar café.
Quando cheguei na cozinha meus pais estavam na mesa se alimentando, olharam pra mim com um olhar de reprovação e meu pai me disse:
— Você está atrasado, Benjamin.
E Em seguida minha mãe disse:
— Você tem que ser mais pontual e responsável, querido, ou você não vai conseguir nad...
E antes que ela terminasse a frase e começasse a me dar um sermão que era típico da mamãe, que incluíam humilhações, eu disse:
— Sim, sim, eu já sei mamãe e papai, eu me destraí enquanto tomava banho.
Enquanto eu colocava café no leite em uma xícara branca e sem graça. Terminei meu café e perdi o apetite.
— Não vai querer nem uma maçã? Sua fruta preferida.
Disse mamãe pegando uma maçã esverdeada que estava em uma fruteira sob a mesa.
Eu Regeitei e disse que não dava mais tempo. Assim que eu terminei de dizer isso, meu ônibus chegou e eu corri para o portão quase esquecendo minha mochila perto da mesa. E antes de subir no ônibus eu ascenei para meus pais que estavam olhando pra mim da porta, eles acenaram de volta. Quando me sentei em um lugar perto janela da esquerda, no meio, percebi que estava nublado, como já era de se esperar, era outono, e que a janela estava aberta, senti de imediato uma brisa fria e calma entrando em contato com meu rosto que eu particularmente não achava tão bonito e que tinha algumas espinhas devido a puberdade idiota.
Eu relevei todos os barulhos insuportáveis de conversas das crianças e poucos adolescentes dentro do ônibus e ignorei os barulhos do próprio ônibus, então pude me conectar com aquele ambiente maravilhoso e aconchegante que estava no meu campo de visão.
Todos os dias eu via sempre a mesma coisa, na ida e na volta pra escola, mas eu amava ver aquela paisagem com um subtom laranja e verde de um campo da grama meio alta, com algumas poucas árvores de folhas alajandas, algumas sobre o chão, e ainda mais estando em uma manhã fria e nublada de outono, minha estação do ano favorita, porque ela me trazia nostalgia de um tempo que eu nunca vivi, talvez tenha a ver com vidas passadas. Eu sempre ficava hipnotizado com aquilo, imaginando milhares de coisas, perdido na imensidão da minha mente, como de costume, desde sempre que eu fico assim, "perdido nos meus pensamentos" nunca entendi direito o real motivo. Para os outros isso em mim é chato, e eu concordo, esse é mais uma das coisas que me fazem insuficiente.
Quando acordei para a realidade de novo, eu vi que o ônibus tinha parado, todos estavam descendo e eu ainda estava sentado, me levantei e fui em direção à minha sala de aula. Eu odiava a escola, Sempre odiei, nunca fui muito bom nas matérias de cálculos, muito menos em fazer amizades, as poucas que tenho hoje nem foi eu que iniciei a conversa, foram eles, e através de um trabalho em grupo há 3 anos atrás.
Desde sempre eu sofro bullying, e me sinto excluído de tudo e por quase todos, eu odeio os humanos, eles são hipócritas, tóxicos e diversas outras barbaridades, um dos motivos de eu odiar a vida racional. Ás vezes com todos meus pensamentos e coisas que ouço diariamente de pessoas que me odeiam sem eu ter feito nada à elas e pelo mero fato de eu não ser como elas, eu percebo que talvez não valha a pena viver. Futuramente eu talvez esteja mais infeliz ainda do que agora, então, do que adiantaria tudo isso que eu caminhei? tudo isso que passei? caminhei pra chegar a lugar nenhum?
Às vezes apenas sinto vontade de sumir, de ir-me para outro mundo de paz, onde meus pensamentos sejam doces porque na maioria do tempo eles são amargos e agridoces, ou de simplesmente dormir um sono profundo incapaz de ser acordado.
Quando cheguei na sala, sentei no meu canto de costume, normalmente era no fundo e de preferência perto de alguma parede, não demorou sequer dois minutos quando já estavam rindo de mim, eu não entendi, eu não fiz nada, já fiquei me sentindo mal e inseguro, tentei achar algo de errado em mim e cheguei à conclusão de que talvez eles estivessem rindo por me acharem estranho ou por me acharem feio, o que não faz o menor sentido, por que que uma pessoa vai rir de outra só por achar ela feia ou algo assim?
Alguns minutos se passaram e meu quase melhor amigo chegou e se sentou perto de mim como de costume, nessa hora eu melhorei e me senti um pouco mais confortável, sempre quando estou com ele eu me sinto melhor, ele carrega boas energias com ele e felizmente as passa para mim.
— Bom dia benjamin!
disse ele sentando-se na cadeira com um sorriso meigo e sincero.
— Bom dia, Eduard. Que bom que você chegou logo hoje!
disse eu olhando pra ele e sorrindo.
Ele continuou sorrindo de volta e compreendeu o motivo de eu ter dito isso.
Eu considerava ele um "quase melhor amigo" mas o motivo eu não sei ao certo, ele era legal comigo, às vezes me abraçava e isso fazia eu ficar feliz e me sentir um pouco nervoso, mas por que eu ficava nervoso? Será que é pelo fato de eu quase nunca ser abraçado? Ele não tem computador, disse que é para não atrapalhar nos estudos, e eu entendo isso, mas às vezes eu queria que ele tivesse, para a gente conversar mais, e me tirar mais da solidão, já que minhas outras amigas não conversam muito comigo.

𝘌𝘮 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰𝘳𝘢 𖥧Onde histórias criam vida. Descubra agora