- Rápido, se nos apressarmos podemos chegar a tempo. - disse Crisântemo me puxando pelo braço.
- Ai, mas calma. Assim você vai me derrubar.- falei tentando acompanhar seus passos apressados.
- Ei gente, esperem por mim - disse Lótus correndo atrás de nós enquanto tentava olhar uma pedra brilhante em sua mão - isso sim é uma pedra digna da coroa de uma rainha.
- Guarda isso! Não podemos perder a pedra Dagma, idiota. Ficamos esse tempo todo afastados de casa só para encontrar isso, E NÃO TEMOS TEMPO PARA UM PLANO B, ENTÃO GUARDA ISSO AGORA!!!
Ás vezes não é fácil ter dois idiotas como equipe, eles me deixam doida. Crisântemo e Lótus são meus amigos desde que me entendo por fada, eles são capazes de criar qualquer coisa que suas mentes imaginarem, e estão sempre se metendo em encrencas por isso.
Estávamos correndo como se nossas vidas dependessem disso, a coroação nao poderia acontecer sem uma coroa! A princesa nos deixou na responsabilidade de criar sua coroa, não podemos desapontá-la.
...
Aí você pensa "ah, se vocês são fadas, por que nao vão voando?". Porque mesmo muito atrasados os meninos inventaram de dar um mergulho em um laguinho e ainda fizeram o favor de me jogar na água também e... todos sabem que asas molhadas não costumam voar.
° um tempo depois...
Quando finalmente chegamos na Grande Árvore Yunga fomos de fininho direto para nossa oficina, que por sorte fica na base da árvore.
- Rápido vocês dois, ainda dá tempo! Vão terminando a coroa que eu já volto.
- E onde você vai? - perguntou Lótus.
Dei uma jogada de cabelo - me arrumar. - vi o rosto de Lótus ficar vermelho e seu peito inchar pra começar a falar "como assim eu ia me arrumar e eles iam ficar com o trabalho duro sozinhos e blablabla" é, eu os conheço a esse ponto. Antes dele soltar o verbo continuei - Quando a coroa estiver pronta eu vou levá-la e vocês vão se arrumar, é o tempo das nossas asas secarem - pude ver ele soltando o ar e se consolando, concordou com a cabeça e foi para perto do Cris ajudá-lo.
Dei uma bela olhada envolta e vi uma borboleta pousada próximo, asobiei e ela voou e pousou ao meu lado.
- oi gracinha, será que rola uma carona até lá encima? Minhas asas estão molhadas. - pedi toda simpática.
A borboleta assentiu com a cabeça, eu montei em suas costas e ela me levou até o galho onde ficava minha casa. Do alto observei a vila e achei estranhamente quieta para um dia tão importante. "Será que já começou? Calma, vai dar tempo!"
- muito obrigada querida, fico te devendo essa - abracei seu pescoço e saí correndo para minha casa.
As casas das fadas normalmente são penduradas nos galhos das arvores e um pouco parecidas com as casas de João de barro, mas mais caprichadas.
Entrei em casa, peguei meu vestido dourado feito de teia de aranha, que eu já havia escolhido para essa cerimônia a muitos dias atrás. Pus correndo, fiz um belo coque no cabelo, peguei uma bela cesta para a coroa e voei até a oficina novamente.
- E aí? Conseguiram? - perguntei ansiosa.
- Estou terminando o acabamento - disse Lótus ainda trabalhando na coroa.
- Ficou perfeito! Acho que nunca fizemos uma obra de arte tão rápido - disse Cris apreciando a coroa.
- Tá bom, vocês podem apreciá-la melhor depois na cabeca da princesa, coloca logo aqui no cesto e vão se arrumar. Nos encontraremos no salão interno!
Dito isso eu segui para o grande salão, que ficava em uma parte oca no interior da árvore, e os meninos foram se arrumar. Não pude acreditar no que meus olhos viram, caí de joelhos incrédula. O reino inteiro estava ali, porém todos caídos. Estavam desacordados ou mortos? E... o que causou isso? Meus olhos procuravam apenas uma pessoa: cadê a princesa Tulipa? Atravessei o grande salão até o trono real, o rei estava desacordado em seu trono, mas não havia sinal da princesa.
Minha mente fervilhava de perguntas. Acidental ou intencional? Quem teria motivos para isso? Foi envenenamento? Será que dá para reverter? E a princesa? O que houve com ela?
- Mas o que....?! - Cris disse assim que chegou.
- "cof cof" ei - alguém chamou com imensa dificuldade de respirar.
Corri até a voz e me deparei com um soldado, apoiei sua cabeça em meu colo afim de ajudá-lo a respirar melhor. - calma, respire fundo. O que houve aqui?
- levaram ... a princesa, ... o vinho ... foi sabotado... não pudemos ... impedir. - disse ele pausadamente, com muita dificuldade de respirar.
- mas quem fez isso? - Lótus perguntou.
- Oídio .... enlouqueceu - ele então respirou fundo e apagou, como se estivesse usando o resto de suas forças para nos avisar.
- Oídio? Não é aquele mago curandeiro da terra dos cogumelos? Por que ele faria isso conosco? - perguntou Lótus.
- Só há uma forma de saber as respostas: teremos que ir para o reino dos cogumelos. - respondeu Cris dando de ombros.
