Notas de 66

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Dia 1:
Ainda estou analisando as amostras do tumor pego em alguns companheiros meus, creio que a remoção de uma parte do tumor tenha sido dolorosa. Eles estão inchados, com a pele líquida demais para a anestesia. Tenho pena deles, mas eu, 66, não posso abandonar a minha única chance de salvá-los. A análise mostrou que as células dos porcos estavam em deterioração avançada, tendo o tecido adiposo inchado, transformando a epiderme numa camada muito lisa.

Dia 2:
Estou mantendo em cativeiro a maior parte de meus amigos porcos, que constantemente urram de dor. Creio que seu sistema nervoso esteja supersensível pelo ponto em que o tumor se alojou. Das poucas pesquisas feitas pelos cientistas da Dostiky posso afirmar que os preços para curar os porcos sejam imensos e lhes dariam poucos lucros.

Dia 3:
Numa exploração maior das áreas do laboratório, encontrei amostras do soro e de tumores mais novos. Parece que em leitões, o tumor se desenvolveu no cérebro em vez de se desenvolver comumente na medula espinhal. Felizmente, o desenvolvimento dessa evolução nos meus colegas porcos mais velho parece ser bem mais lenta. Devo ter dois meses para encontrar a cura.

Dia 4:
Consertei um computador na parte de pesquisa científica e consegui acesso ao banco de dados referente à pesquisas sobre tumores e cânceres. Talvez um desses artigos possa me ajudar em minha busca pela cura.

Dia 16:
Juntei o máximo de informações, mas infelizmente precisarei de um exemplar vivo do tumor que esteja parasitando um porco. Temo que terei que sacrificar alguém, não estou pronto para isso.

Dia 24:
Achei uma forma de evitar fazer um amigo porco sofrer, então decidi alterar um pedaço de tumor e inseri-lo em meu corpo, pode ser que eu morra, mas já desenvolvi uma espécie de remédio que evitará muito inchaço e dores.

Dia 36:
O tumor se desenvolveu rapidamente em meu organismo. Por conta dos remédios, creio que minha mente continuará sóbria por mais alguns meses, mas temo que meus amigos estejam se tornando zumbis, pois aparentam não sentir mais dor e não terem tanto metabolismo em seu cérebro, além de pouquíssima mobilidade de seus membros traseiros. Eles não comem, mal se mexem e mal respiram.

Dia 50:
Creio estar chegando em uma contra ação para diminuir o tumor e então remove-lo a partir de uma cirurgia, extremamente dolosa, para minha infelicidade. Porém, os porcos voltaram a se mover, de maneira estranha e sobre-humana ( ou sobre-porca, como preferir.), acredito que o tumor e desenvolver o suficientemente e dominou suas mentes. Eles estão mais agressivos e perderam a noção do perigo. Constantemente atacam-se e arrancam pedaços, tentei intervir mas acabei mordido.

Dia 51:
Resolvi tirar uma amostra da saliva e do sangue próximo a mordida feita por um dos porcos.

Dia 56:
A amostra só me fez ver o que eu temia, o tumor tomou conta de todos os sistemas do hospedeiro e o transformou numa arma biológica, capaz de infectar outros com fluídos como saliva, suor, lágrimas e etc. posso estar infectado com o tumor-mãe superdesenvolvido e posso estar correndo risco de vida.

Dia 69:
Minha mente está começando a me deixar, minha visão está embaçada e estou desenvolvendo paladar para sangue e carne de outros porcos. Mas não posso morrer aqui.

Dia 76:
Os porcos escaparam e os leitões desapareceram. Todo o meu laboratório está revirado e coberto de sangue e gordura em decomposição, eles brigaram e feio. Há pedaços por todos os lados, mordidas e arranhados nas paredes.

Dia ??:
Não consigo sentir minhas pernas e meus braços estão cada vez mais fracos, então serei breve.
Desejo que quem encontre essas notas não cometa o mesmo erro que eu, destrua aqueles monstros a todo custo e não tente cura-los, evite que esse tumor parasita se espalhe para outros seres inteligentes. Obrigado por tudo mãe, por ter me criado mesmo estando em um lugar horrível, obrigado meus amigos, por me ajudarem. Nos vemos em algum lugar, se existir o outro lado..

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