Capítulo único

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Liam Payne tem um problema.



O ambiente estava quente, não porque fazia calor, muito pelo contrário, do lado de fora uma pequena chuva de flocos cintilantes caia, fazendo uma camada fina e branca de neve cobrir toda matéria exposta a ela. Mas ainda que com o frio meio exagerado, Liam podia sentir-se suado e com a pele quente, mesmo estando sem nenhuma peça de roupa. E conforme os toques ficavam mais intensos sobre seu corpo, ele jurava que se sentia derreter como uma vela acesa.

Esse é o único momento em que Payne não precisa fingir ou se distrair das questões avulsas, porque definitivamente o corpo acima de si, abrindo suas coxas de forma delicada, encaixando-se entre suas pernas grossas e as mãos grandes acariciando todo seu corpo, já traziam tudo de si pra fora. Os beijos em seu pescoço e clavícula são úmidos e deliciosos e o jeito como deixa chupões fortes, marcando sua pele pálida com manchas vermelhas e roxas o faz gemer manhoso e ansioso.

— Zayn... — sua voz sai macia, e com certa facilidade ele se deixa levar completamente pela sensação de ser totalmente do mais velho. E essa é talvez uma de suas coisas preferidas, o jeito como eles formam algo, em como Zayn toca sua pele com calma e o deixa arrepiado e sensível. Liam até se atreve a dizer que são as melhores horas de sua vida quando está embaixo do moreno sendo tão desejado e cuidado, em como trocam declarações baixinho, inertes na bolha de prazer que os dois criam quando se juntam.




Mas a verdade é que o problema de Liam começou um pouco antes disso, e veio sendo cuidadosamente cultivado.




Liam sempre foi bom em fingir. Mas aos seus vinte e seis anos se tornou um mestre nisso, fingia praticamente tudo. Fingiu amar os suéteres que sua mãe lhe deu de presente no natal quando na verdade doou todos eles para o centro de sem tetos próximo de sua escola - isso aos doze anos -; fingiu não sentir tanta dor quando quebrou o braço - quando completou quinze -; fingiu não estar chorando enquanto assistia aquele filme clichê quando sua mãe adentrou seu quarto de repente - aos dezessete -; fingiu também com ajuda de muita maquiagem não se importar quando levou uma surra do próprio pai por ser muito menos masculino do que se espera - aos dezenove na época -; e no ano passado - aos vinte e cinco - fingiu estar doente no seu aniversário para conseguir uma folga e passar o dia assistindo os melhores filmes de comédia romântica que o cinema pode proporcionar enquanto se entupia de fast food e doces.

Uma vez se lembra de Zayn dizer baixinho que talvez devesse investir na carreira de ator.

— Às vezes você consegue até me convencer de que não temos nada. — eles estavam nus na cama, os corpos suados se agarravam um ao outro, as pernas entrelaçadas enquanto o moreno fazia um cafuné gostoso na cabeça de Payne. — Devia ser ator ou coisa assim.

Eu participei de uma peça de teatro uma vez na escola. — ele respondeu baixo, o sono tinha começado a atingir o corpo. — Fui uma árvore.

Depois de tanta coisa dando errado, precisou apenas começar a fingir, como uma espécie de proteção.

Então quando adentrou a casa enorme de seu pai naquela noite e se sentou ao lado de seu progenitor com uma expressão vazia encarando todos os outros inúmeros funcionários andando de um lado para outro e bebericando taças e mais taças de champanhe, não notou a presença de Zayn. Não notou como ele está bonito com o novo corte de cabelo baixo - quase raspado -, ou em como fica sexy com seus óculos de grau redondos finos, com o terno cinza escuro, com as tatuagens em seu pescoço à mostra e o jeito como parecia distraído mexendo de um lado para o outro o copo de whisky em sua mão cheia de anéis fazendo o líquido amarronzado balançar em círculos.

Simulação - Oneshot ZiamOnde histórias criam vida. Descubra agora