CAPÍTULO • 06

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CAPÍTULO 06

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CAPÍTULO 06

ANDREI

ASSIM QUE ABRO a porta do apartamento, Ana solta um suspiro atrás de mim, e eu me amaldiçoo pela milésima vez por continuar tão consciente de suas reações, como se ela precisasse de supervisão constante.

Ainda estou em choque. Não esperava vê-la tão machucada. E quanto mais vejo, mais irritado eu me sinto.

Por trás da mácula corrompendo sua aparência, ela tem uma beleza que se destaca, delicada e única na mesma medida. Ana chama a atenção, não apenas pela forma hipnotizante como a luz diurna abraça a escala de tons escuros e dourados em sua pele, mas pelos olhos gentis e expressivos, sua postura elegante, o caminhar de uma dama.

Sem mencionar sua voz, tem algo ali que não sei descrever.

Ela entra com passos hesitantes, seus olhos brilhando sobre o volumoso piano de cauda no centro da sala, protegido por uma tapeçaria azul-celeste, que repousa sobre a madeira mogno-avermelhada do instrumento.

— É um Fazioli? — Boquiaberta, vira-se para mim com uma animação renovada que me pega desprevenido.

Seus humores são imprevisíveis, não estou acostumado. Mas ter o vislumbre de um sorriso genuíno em seu rosto é uma experiência boa.

— Fazi... Quem? — Fecho a porta e retiro meus sapatos. Deixo o casaco em um cabideiro antigo ao lado da porta, aliviado que o aquecedor já esteja ligado. Ela me acompanha e também se desfaz das próprias botas vermelhas. Todo o processo parece constrangedor para nós dois.

O apartamento é modesto em comparação com as outras propriedades da minha família, mas há certo charme em sua simplicidade que o torna aconchegante. Está realmente limpo, como minha mãe disse. Os móveis são escuros e requintados, e a decoração é familiar e tradicional, com muitos quadros pendurados em uma das paredes e uma prateleira próxima às janelas, sobre a qual é possível ver algumas Matrioskas enfileiradas.

— O piano — diz, endireitando-se. Meus olhos são atraídos para seus pés descalços sobre o carpete e no quanto tudo nela parece tão frágil e pequeno. — É mesmo um piano Fazioli! Uma marca italiana, são os meus preferidos. É seu? Você sabe tocar?

Sorrio diante da pergunta, caminhando até o piano para encorajá-la a se mover, já que parece congelada perto da porta. Felizmente funciona, e ela me segue muito contente.

— Não, nunca fui muito hábil com instrumentos musicais — confesso, retirando o tecido de cima dele. — Está aí desde sempre, eu acho. Este apartamento pertencia aos meus pais, mas está vazio desde quando se mudaram para a mansão da minha família, e agora eu vou... — Paro de falar antes de entrar em detalhes sobre a minha situação, ela não precisa saber sobre o caos que é a minha vida, e não me sinto à vontade para falar sobre Evgenia. Nem com ela, nem com ninguém. — Estou passando alguns dias aqui enquanto resolvo algumas pendências com o meu próprio apartamento.

Entre Mentiras e Verdades | LIVRO 3 | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora