reputation.

prologue: in the death of her reputation

A palavra que definia o que estava acontecendo era caos. Caos completo.

Flávia Santana não sabia muito de física nem de suas variáveis para saber que a Teoria do caos fazia muito sentido: apenas uma pequena mudança, uma pequena alteração na linha tempo, podia causar uma consequência drástica e enorme mais pra frente.

Era por isso que ela estava com o celular na mão, quase chorando, lendo as várias notícias com seu nome. Muitas delas diziam que a jovem estava "cancelada". Piorou tudo quando Flávia entrou no Twitter e viu que a hashtag #FlaviaSantanaIsOverParty estava no trend topics como o assunto mais comentado do momento.

Ela não achava que tudo iria chegar até aquele momento, mas chegou. O mundo dela caiu e ela não sabia como juntar.

Flávia sentia vergonha, lástima, raiva, frustração, culpa e, além de tudo, decepção. Decepção consigo mesma e com todas as pessoas que diziam a adorar, mas na mesma hora largaram sua mão de vez.

Flávia fez massagem na sua têmpora e ouviu um barulho enorme vindo do escritório de Paula e logo em seguida um grito agudo.

"Vou matar todos! Vou matar! Marcelo, não me segura! Eu juro que mato cada um!" Flávia respirou fundo e se dirigiu até o escritório de Paula, com a ideia de acalmar sua empresária.

Paula estava eufórica, parecia que ela ia ter um colapso a qualquer minuto. Flávia observou a cena preocupada e triste. Marcelo tentava segurar a empresária com os dois braços enquanto a mesma se remexia, tentando se esquivar.

"Se acalma, Paula!" Marcelo disse.

Paula conseguiu se desvincular e agarrou a cadeira do escritório e jogou pra longe. Flávia se assustou e saiu do transe.

"Paula! Agora não é hora de surtar. Olha pra mim!" Flávia agarrou a empresária olhando nos olhos. "Você não pode pirar. Eu preciso de voce."

Naquele momento a cantora não aguentou. Olhando nos olhos de Paula, vendo sua amiga e empresária tão preocupada e raivosa, observando Marcelo coçar a cabeça sem saber o que fazer, lembrando da trend topic e a maldita ligação às 1 da manhã, ela caiu no chão e chorou.

Chorou por tudo que estava guardado dentro de si; chorou por ter sido boba e ter atendido aquela ligação; chorou porque não aguentava ser odiada; chorou porque não era mais amada; chorou pois sua vida tinha terminado.

Ela chorou no colo de Paula até não aguentar mais, até tentar fazer a dor passar. Porém, ela não passou. Só aumentou mais e mais. A dor impregnou dentro dela depois de vários dias, semanas e meses. Como uma pessoa se recuperaria de uma coisa dessas? Se ela não podia mais ser ela mesma, o que sobraria? Quem, em sã consciência, poderia ainda a amar? Era tudo muito delicado. A vida não a preparou pra nada disso. Flávia sempre tentou escolher suas batalhas, mas essa, parecia que a tinha escolhido a dedo.

Sua reputação estava acabada.

Flávia Santana chegou no fundo do poço.

É um sentimento engraçado, pensou, me sinto morta. Igual minha reputação.