Prólogo

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     O ano é 2080 e todo o mundo está em guerra por conta de suas ambições e ignorância humana. Os desastres naturais por parte da influência humana também são presentes e dificultam cada vez mais a vivência dos adultos e crianças, levando-os a ficar encurralados e sem esperanças para o futuro. Por sorte o professor e diretor da NASA, Robert Jonhson, nos comunicou que tinha um último desejo para nos pedir, algo sinistro e possivelmente suicida mas que em comparação ao que estamos vivendo atualmente seja melhor do que ficar aqui e morrer nos próximos 3 meses restantes que temos antes do mundo inteiro não ter mais capacidade de suportar tudo que está ocorrendo. 

     — Sei que isso pode ser difícil para vocês, suicida e sem a mínima cem por cento de certeza de que dará certo, mas... — ele parou a fala um pouco, respirando fundo — É a única forma de conseguirem uma solução para as crianças e o futuro da humanidade. 

     Todos ficam perplexos, inclusive eu, mas encaramos atentamente o Senhor Jonhson e o que ele fala. 

     — Doutora Megan, você e o restante da equipe são as únicas pessoas que podem mudar de vez o rumo de tudo que está acontecendo. 

     Eu fico um pouco nervosa quando ele cita meu nome e menciona os meus amigos. Robert liga o projetor no telão em nossa frente e põe em nosso campo de visão um planeta. A princípio todo mundo se olha sem saber o que ele queria dizer com aquilo, mas ele começa a explicar. 

     — Essa é a Terra Dois, que apelidamos de "Esperança". Está algumas semanas de distância do nosso planeta e é completamente habitável depois de muitas pesquisas feitas por nossos robôs. 

     A medida em que ele explica, o mesmo clica no botão de um controle e passa para todos nós novas imagens, mostrando a fauna e a flora, toda a ambientação idêntica — mas nem tanto as vezes — com nosso planeta. 

     — Se estiverem dispostos a viajar somente de ida para este planeta e garantir sucesso à salvação da vida humana, nossas naves espaciais mais seguras estão disponíveis para levar todos vocês até lá.

     O público começa a falar entre si e uma barulheira se forma; uns com opiniões de afirmação e outros de negação. Eu? Não me encaixo em nenhum dos dois, apenas fico sem o que falar e saber como reagir. Ele estaria mesmo querendo mandar eu e todos os meus amigos para outro planeta para que assim garantíssêmos a salvação da vida humana? Robert começa a falar de novo depois de ter parado e observado todos em confusão. 

     — Não temos muito tempo de vida por aqui e todos vocês sabem disso. — Ele toma como apoio a beirada da mesa acima do pequeno palco — Então tenham consciência de que poderão ter uma expectativa de vida maior que a que temos aqui. Nos restam apenas três meses até todo o planeta Terra se desgastar por completo por conta das guerras e falta de comida... 

     Por um instante penso em todas as crianças que vi mais cedo quando passei pelo corredor. 

     — Vocês não vão despreparados. Levarão consigo tudo que precisarem para plantar, fazer remédios, usar energia e mais coisas ainda. Não começarão do zero pra falar a verdade, mas sim bem a frente. 

     Ele clica no botão do controle e novas imagens aparecem. 

     — O solo é fértil, a água pode ser consumida e o ar é tão puro que em comparação daqui com lá. Um lugar perfeito. Eu diria que um planeta Terra novo e perfeito, que-...

     — Eu aceito! — Declarei em voz alta. 

     Todos me olham. 

     — Você... aceita? — Robert perguntou em um tom calmo. 

     — Sim, eu aceito, Sr. Jonhson. 

     Ele fica em silêncio por um instante mas logo em seguida abre um sorriso. 

     — Eu também aceito, senhor! — Dylan também concorda em voz alta levantando a mão. 

     Os demais, que estavam cochichando talvez por medo e indecisão, acabam por concordar também. No fim, todos eram médicos e cientistas aflitos com toda a situação acontecendo no mundo, e para ser sincera não tínhamos tantas opções ou tempo restando para ficar sentados e pensar. Se há uma chance de salvar salvar as pessoas não há o que mais de pensar sobre isso, temos que abraçar a oportunidade. 

     — Ótimo... Ótimo. 

     O Senhor Jonhson parece menos tenso agora do que desde o começo da conversa. 

     — Mas há um limite. Podemos levar apenas um milhão de pessoas. 

     Não serão todos... Obviamente que não. Como eu não tinha pensado nisso? Abaixo o olhar. Todos demonstram a mesma reação que a minha. 

     — Levando em consideração os materiais que levarão consigo, e todas as outras pessoas, não só cientistas, é claro, não tem como ser mais que isso. 

     O Senhor Jonhson expira pesadamente, e posso sentir nele a mesma sensação de pena que senti. 

     — Mas não vejam isso como um problema. São uma quantidade grande de pessoas, e logo vão haver muito mais por lá com o passar dos anos. 

     Isso é verdade. Com uma nova chance de vida em um planeta novo e perfeito, todos poderiam voltar a ter filhos sem temer os problemas naturais e as guerras que causam dor. 

     — Nós vamos fazer o nosso melhor para que todos vivam e aproveitem dessa nova chance. — Eu falo, olhando para Robert. — Eu agradeço imensamente... E com toda certeza as futuras crianças lembrarão do senhor como um bom herói. 

     Complementei. Todos no fundo sabiam que o Senhor Jonhson não iria conosco, pois sempre foi um homem que dedicou e muito de sua vida para o bem de todos igualmente. Sempre nos tratou como filhos, nos ensinou da melhor forma e nos guiou até aqui onde chegamos. 

     — Já que todos estão de acordo... — ele sorri, um pouco emocionado — Comunicarei aos outros sobre. Obrigado. 

Terra 2: EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora