Capítulo I

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The dangerous drugs


Narrado por Kate Middleton

Dizem que quando chegamos à adolescência a nossa vida melhora. Que vamos fazer um monte de amigos e sair por aí para festejar coisas que nem têm um motivo razoável para se festejar. Mas a realidade é muito diferente.

Claro que muitos adolescentes têm essa vida "perfeita" típica dos filmes clichês da Netflix, mas não são todos. Onde eu moro as coisa não são assim tão fáceis, não são o conto de fadas que tu lês nos livros para adolescentes que estão na biblioteca da tua escola, muito menos uma série adolescente que acham romântica, mesmo quando todos se sentem levemente envergonhados com certos acontecimentos.

Nasci e vivi a minha vida toda em Nova Iorque. Agora vocês pensam "Ah mas Nova Iorque é um sítio lindo, com milhões de turistas por ano blá blá blá...". Não, eu não vivo nessa Nova Iorque, eu moro na parte má da cidade, na parte onde ninguém vai por livre e espontânea vontade, a parte que os políticos fingem que não existe.

Desde que me entendo por gente tenho problemas em casa. A relação entre os meus pais não é, de todo, a melhor. Quando completei 10 anos o meu pai saiu de casa, deixou a minha mãe cheia de dividas, e ainda não dava dinheiro para ajudar na minha alimentação. A minha mãe, Jane Middleton, teve de fazer tudo sozinha. Ela chegou a ter quatro trabalhos, uma no mercado da senhora Smith, outro num bar nojento no fundo da cidade, um onde ela cuidava dos filhos da nossa vizinha e as limpezas da casa do senhor Thomas.

Hoje ela ainda trabalha, mas só no bar do fundo da cidade. Ela não conseguiu manter todos os empregos pois tinha, e ainda tem, um grande problema com bebidas alcoólicas. Devido à falta de dinheiro tive que começar a trabalhar também, um part time, num mini Starbucks. Ele ficava na parte boa da cidade, ou seja o meu trabalho era a minha única escapatória da aquele fim do mundo que eu chamava de lar.

Hoje, 12 de fevereiro de 2016, quinta feira, estou no caminho para a escola. São exatamente 8h20. Normalmente vou no autocarro, mas hoje sair um pouco mais cedo de casa para poder ir a pé, queria apanhar um pouco de ar, mesmo o ar não ser o mais agradável de respirar.

Vou a observar tudo muito atentamente, prédios quase a cair de tão antigos, os velhos a beberem whisky logo de manhã, quatro jovens a brigarem... Enfim, mais uma manhã normal no fim do mundo.

Estou levemente mais paranóica esta manhã. Acho que estou a ser vigiada ou de alguma forma seguida. Deve de ser só paranóia. Infelizmente esqueci-me de tomar os remédios antes de sair de casa. Acho que o dia não vai correr lá muito bem.

E acho que eu estava certa, pois sou levada para longe dos meus pensamentos quando alguém grita o meu nome.

— Kate!!! Kate, espera! — rodei os calcanhares para ter a certeza de que quem me chamava era quem eu pensava que era. E para a minha infelicidade, era mesmo.

— Olá Jacob... — odeio tanto este ser humano, nunca vi um ser tão desprezível. Jacob Lenders, o típico rapaz que anda sempre com um casaco de cabedal e adora se rir da cara dos outros.

Como não estava com paciência para ouvir as suas estúpidas piadas, tentei continuar o meu caminho. Mas, como era de esperar, ele pegou no meu cotovelo.

Things get weirdOnde histórias criam vida. Descubra agora