Stupid Wife

Three

Aquilo só podia ser algum tipo de piada, ou castigo. Tudo bem, eles já me convenceram que estamos em dois mil e trinta dois.... Puta merda! Eu perdi toda a minha adolescência e parte da vida adulta. Por que logo comigo? Eu nunca fui uma pessoa ruim, sempre respeitei meus pais.
Por que receber esse castigo?

Se a vida é uma piada, comigo ela está sendo um stand up completo.

Agora aqui estou eu parada com cara de tacho enquanto meus pais e... Daniela, conversam com o Dr.Charlie para entender como houve. Eu realmente me casei com a estrupicio? Mas como isso aconteceu? Nós nunca nos suportamos.

Como eu pudi cair na lábia desse troço?

— Meu conselho é deixá-la viver sua vida dela normalmente, quem sabe ela tendo convívio com a esposa e o filho sua memória não vá voltando? Eu sinceramente não faço ideia de como isso aconteceu, em meus 30 anos de carreira eu nunca ouvi sobre algo parecido com o caso de Kauana.

Ah que ótimo, agora só falta eles quererem fazer estudos comigo
como se eu fosse algum rato de laboratório. Zeus! Eu estou num mundo desconhecido com pessoas
que eu conheço mas, não conheço, vocês conseguem entender o tamanho dessa confusão?

— Será que vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? - Bufei irritada, estava de saco cheio deles falarem
e especularam como se eu não
estivesse aqui ouvindo. Além de ter perdido a memória será que virei mulher invisível?

— Minha filha. - Papai veio até mim. Suspirei cansada. Eu só quero ir pra casa, quero minha cama.... será que ela ainda existe?
— Quer ir embora?

— Óbvio. - Resmunguei cruzando os braços, eu achei que fosse óbvio que eu queria ir pra casa.
Dr.Charlie sussurrou algo para Daniela, mas eu nem me dei ao trabalho de ouvir. Não faço a mínima questão de saber sobre nada relacionado a essa estrupicio.

Eu só quero a minha casa. A minha vida sem graça

Só quero dormir e lembrar de tudo o que eu esqueci... Ou melhor
não. Eu sou casada com a Daniela
Kim, O que eu fiz para merecer esse castigo?

— Dr... o que nós poderemos fazer? Ela vai precisar fazer algum tratamento ou coisa assim?

Mesmo não muito interessada naquela baboseira, eu sou obrigada ao ouvir atentamente, porque afinal, é a minha vida ali. Certo?

— Ela vai precisar fazer alguns exames que eu vou pedir, e
por hora a única coisa que eu posso fazer é deixar que ela volte a sua rotina normal, pois ainda não sabemos se essa perda de memória dela é temporária ou se ela nunca lembrará desses anos que esqueceu.

Ah que ótimo! voltar a rotina normal significa viver sobre o mesmo teto que a psicopata? Não mesmo, eu prefiro não lembrar de nada e viver com os meus pais, viver com ela que eu não vou, mas não vou mesmo.

//

Eu disse que não iria viver no mesmo teto que ela, certo? Infelizmente minha mãe não parece feliz com essa ideia.

— Kauana, minha filha estamos tentando te ajudar. O Dr. disse que isso talvez ajude a sua memória, o que custa voltar  para sua casa com sua esposa? Você a-

— Não, mãe! Não fala isso nem de brincadeira, eu não sou casada com ela e não a amo, eu odeio a Daniela com toda as minhas forças.

Esbravejei sem paciência, eu não conseguia mais aguentar ouvir aquelas coisas. Todos a minha volta diziam a mesma coisa, mas eu não a amo, não suporto olhar para ela, só de pensar que eu era,
sou, fui, casada com ela eu... Não dá!

Meu peito subia e descia, mamãe me olhou surpresa com minha explosão e negou com com a cabeça. Ouvimos um pigarro e eu olhei para trás, Papai estava ao lado de Daniela segurando ela por um dos ombros. Daniela me olhava como se eu fosse algum tipo de monstro, não sei, ela parecia com medo. Não a conheço para identificar os olhares dela. Mas aquela definitivamente não era um olhar feliz, mas também estava longe de ser um raivoso. Seria mágoa?