0.1 (Sorte no Amor)

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Após o término do ensino médio, [Nome] conheceu o atual namorado na faculdade, não faziam o mesmo curso, mas sempre arrumavam um jeito de se verem no local de estudos e a garota admirava a dedicação do companheiro ao cabular as aulas para vê-la sendo que poderiam ficar juntos na saída. Cansou de vê-lo levar broncas pelas fugas, sentia-se culpada por isso, mas admitia amar as tentativas de encontro.

Suspirou aliviada por ouvir o sino da faculdade, indicando ser hora de ir embora.

Antes de seguir rumo ao pátio para esperar Kisaki, vê ele encostado na parede perto da porta da sala, esperando-a para poderem ir.

— Cabulando aula de novo, Kisaki? — questiona de cenho franzido.

— Vim te ver, princesa — Sorriu malicioso acompanhando seus passos pelo corredor.

Kisaki Tetta era um cara problemático, egocêntrico e selvagem, mas também sabia ser romântico quando queria, a [Sobrenome] não entendia como aquele relacionamento começou e nem pensava muito sobre.

No caminho de casa a garota falava sem parar, contando sobre seu dia e o namorado ouvia sem reclamar, aliás, para ele, ouvir ela tagarelar era uma dádiva.

Na residência, antes mesmo de poder respirar direito a matriarca liga para a filha.

— Oi, filha, como você está? — questiona com ânimo na voz.

— Estou bem, mãe. E a senhora?

Papo vai e papo vem, ambas tinham ótimos assuntos, várias coisas em comum, enquanto [Nome] conversava animadamente com a mãe, Kisaki cozinhava o almoço para os dois.

— E aquele seu namorado, ein? — Ela suspira frustrada, sabia que sua mãe iria falar sobre o Tetta.

— O que tem ele?

— Como assim o que tem ele!? Você sabe que eu nunca aprovei esse namoro, ele não é homem para você, minha princesa — exalta um pouco a voz, querendo abrir os olhos da filha antes que seja tarde.

— Por favor, não diga isso. Me machuca todo esse ódio por ele, eu o amo e ele é um bom namorado — Estava cansada de toda essa situação, sempre vinham colocá-la contra o namorado e cada vez que tentam machuca mais ainda seu coração.

Após mais alguns minutos de conversa com Elisa, as duas resolvem encerrar, mas prometendo conversarem mais no dia seguinte.

O cheiro que vinha da cozinha fazia seu estômago reclamar de fome, um cheiro harmonioso e que deixava qualquer um molinho, talvez seja a fome fazendo efeito.

Se tem uma coisa que ela mais gostava no homem é a comida preparada por ele; culinárias novas são sempre bem-vindas na grande cozinha; temperos refinados, que deixam a comida mais gostosa possível. Para um homem problemático, Kisaki poderia ser o pacote completo quando conquistado.

Desde o início admirá-lo de longe sempre foi seu passatempo preferido. Um homem não tão alto, o cabelo perfeitamente arrumado, um brinco numa única orelha, costas muito bem desenhadas, mãos grandes – a parte mais linda do corpo dele, na opinião dela – e o sorriso malicioso, beirando a psicopatia, mas ela era consciente da sanidade daquele indivíduo.

Intrigante, poderia dizer.

— E esse cabelinho boi lambeu aí? — Zombar do cabelo engomado do namorado era uma das melhores coisas para se fazer ao dia.

— É esse cabelo que você adora puxar todas as noites — Sorriu sarcástico, notando as bochechas vermelhas da outra.

— Então… eu não te conheço — Após desconversar, ela fica quieta deixando um homem orgulhoso de si mesmo.

Ele sempre optava por uma refeição extravagante, mas como hoje estavam cansados, fez arroz com frango, ou melhor, galinhada.

O arroz meio papa e bem cozido desceu por sua garganta com suavidade, o paladar agradecia imensamente por mais uma refeição bem feita e muito bem aproveitada.

Passar o dia juntos eram para os fracos, tinha que aguentar as enjoeiras de Kisaki e ele as dela, a maior parte do tempo era gastas com filmes e séries, e às vezes passeios no parque. Nessa tarde ensolarada ambos planejaram um momento fora de casa.

Ver as crianças correndo, brincando e gargalhando deixava o coração da jovem aquecido. Os animais, sejam cachorros, gatos ou aves, acendia uma imensa vontade de adotar um bichinho para dar amor e carinho, alimentar como se fosse o próprio filho ou filha.

— Tipo, eu, você, um gato e um cachorro. Topa? — A risadinha meio contida adentra a audição do namorado que está sentado no banco, todo desleixado.

O sorriso bobo nos lábios do garoto a deixa surpresa e esperançosa, vai ver ele concordou com a ideia.

— E um violão? — Olhou-a pelo canto dos olhos.

— Com certeza, sem falta! — Abraça Kisaki de lado, apertando ele tanto ao ponto de deixá-lo vermelho.

No caminho de volta ao lar, ela falava sobre diversas coisas, parecia não ter fim o tanto de assunto que arrumava e o Tetta ouvia tudo calado, como sempre, de vez em quando opinando quando ela deixava ele dizer alguma coisa.

Com o pôr do sol se pondo, os dois sentaram na calçada de casa, observando o horizonte. As diversas cores no céu pareciam serem feitas por mãos habilidosas, cada detalhe fazia um suspiro apaixonado sair dos lábios femininos.

Sentados com os corpos juntos, [Nome] descansa a cabeça no ombro de Kisaki, apreciando a paisagem e sentindo o cheiro selvagem que exalava do homem perto de si.

Um cheiro forte, amadeirado e rígido, mas independente das características sobre sua pessoa, transmitia paixão e carinho, a garota sentia-se nas nuvens e única, feito aquela resplandecente planície de cristal que era o céu límpido. A noite trazia pontos brilhantes, trazia sonhos para os cansados, paz para os apaixonados e também para os angustiados.

O céu e as estrelas tinham um inquebrável vínculo, igual ao dela com o amado e mesmo que morra tendo que ficar longe do Tetta, esperava ser como o céu e os pontinhos brilhantes, pois mesmo mortas continuará dando vida ao amplo céu escuro, brilhará mais fortes ainda e assim seria o amor de ambos, mesmo pós o falecimento irá persistir ao lado dele.

Queira sua mãe tentar ou não separá-los, ela não ouvirá os protestos da matriarca, pois escolheu o homem de sua vida e irá continuar ao lado dele até os últimos dias.

— Olha aquela nuvem — Aponta para a direção desejada tomando a atenção do namorado. — Parece um trevo de quatro folhas, sorte para nós dois, amor! — exclama animada, acreditava ser Deus abençoando o seu relacionamento.

Ela sente a mão masculina entrelaçar os vossos dedos e um aperto firme, mas delicado.

— Tem razão, princesa.

Sorte no amor.

O coração batia demasiado rápido e a euforia tomava conta do corpo trêmulo, abraçados, ambos prometeram ver o céu estrelado todos os dias, até os últimos dias juntos.

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