LONGCHAPTER.1

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Sábado, 15h30m

narrativo 


— Vamos lá, Jenny! — a morena de cintura bem definida dizia em um tom rude. Seus cachos presos em um coque firme lhe davam um ar autoritário. Por volta de seus quarenta e poucos anos seu corpo aparentava estar em plena forma. Nada fora do lugar. — Sem erros no final dessa vez. — continuou dando uma última olhada na garota, que tinha os fios presos em um rabo de cavalo, alguns fios grudavam na testa por conta do suor e as gotículas teimosas não deixavam de escorrer pelas bochechas fortemente coradas de Jenny.

— Eu consigo... — sussurrou para si mesma antes de colocar a plataforma da sapatilha no chão de madeira. Soltou um último suspiro e iniciou sua coreografia novamente, torcendo para acertar dessa vez.


(...)


— Vira! Vira! Vira! Vira! — as pessoas gritavam envolta dos dois rapazes que seguravam uma garrafa de bebida alcoólica cada um, o gargalo das garrafas já se encontrava nos lábios de ambos enquanto o liquido era rapidamente digerido. Mais alguns segundos e o moreno jogou sua garrafa no chão fazendo-a se partir em pequenas partículas que brilharam no chão, refletindo a pouca luz do local. Alguns comemoravam e outros reclamavam enquanto colocavam o dinheiro na mão do mesmo, que tinha um sorriso vitorioso nos lábios.

— Dá uma olhada pra isso aqui, Harry. — ergueu a mão com o dinheiro que acabara de ganhar com a aposta, sacudindo na frente do rosto do amigo. — Com essa grana aqui mais a que faturamos ontem já conseguimos o carro para o racha de amanhã. — os rapazes sorriam juntos enquanto contavam o dinheiro. Logo depois foram atrás de garotas e mais bebida.


Domingo 00h12m


— Até amanhã senhorita Gilbert. — dei o meu melhor sorriso antes de fechar a porta e começar o meu caminho até o apartamento dos meus pais. Ele não ficava tão perto da escola, mas eu preferi ir caminhando depois do ensaio frustante. Precisava esfriar a cabeça. Não acertei o passo final, e faltam apenas seis dias para campeonato de Ballet da cidade. Eu precisava fazer aquilo. Ninguém vai fazer isso por mim, tudo depende da minha força de vontade agora. Quando se trata de ser a melhor, é tudo ou nada.

Olhei ao redor e pude notar que esse não era o caminho para o apartamento. Que merda, Jenny! Você mora aqui desde a infância, como pode errar o caminho? Antes de me virar para fazer o caminho correto, avistei dois homens caminhando em minha direção. Um era mais alto e o outro tinha mais ou menos a minha altura, eles não pareciam amigáveis. Pude sentir meu corpo soar frio ao ouvir a risada dos rapazes, aparentemente bêbados. Apressei o passo seguindo o caminho que desconhecia, mas não importava, eu só queria sair dali.

— Hey docinho, calma aí. Só queremos conversar. — um dos rapazes gritou fazendo cada célula do meu corpo entrar em desespero, e como num daqueles filmes clichês e idiotas de terror, eu tropecei nos meus próprios pés. Antes que eu pudesse levantar ou fazer qualquer outra coisa, eles já estavam ali, me olhando de cima e sorrindo como se fosse divertido. Não era.

— O-o que vocês querem? — me martirizei por ter gaguejado. Maldita hora para demostrar fraqueza. Eu ainda me encontrava jogada no chão, não conseguia me mover, meu corpo estava pesado, tudo o que eu queria era acordar no meu quarto.

— Agora nós queremos você, docinho. — as palavras do mais alto foram ditas e o panico foi tomado pelo nojo. O rapaz mais baixo aguachou para poder deslizar suas mãos sujas pelo meu rosto frio, em seguida tirou algo que estava preso no cinto. Uma faca. Arregalei os olhos, apavorada. — Isso aqui é pro caso de você ser uma garota má. — Eles riram e eu pude ouvir meu coração batendo depressa, querendo saltar a qualquer momento pelos meus lábios. Tudo passava em câmera lenta agora.


(...)


Por descuido dos rapazes, Jenny conseguiu escapar. Ela corria pela rua escura como se sua vida dependesse disso, e dependia. Seus olhos estavam marejados e o corte que os rapazes haviam feito em seu ombro doía, era insuportável, mas não vacilava um segundo em sua corrida. Suas pernas tremiam, e seu ombro sangrava, cobrindo todo seu braço direito de sangue. Sentia como se seus pulmões fossem sair do seu peito. Olhou pra trás uma ultima vez para ter certeza de que não estava mais sendo perseguida, quando trombou com algo. O impacto havia sido tão forte que seu corpo foi arremessado para o chão, machucando suas mãos que apoiaram o corpo, para que seu rosto não se chocasse com o asfalto. O rapaz permaneceu intacto, observando a garota no chão.

— Tudo bem aí? —  o moreno perguntou, mas não ajudou a garota a se levantar.

— Tinha uns rapazes, eles... uma faca e... então eles, eu, eu... — as palavras saíram desajeitadas e vacilantes. Lagrimas saíram tão rápido de seus olhos quanto a chuva durante uma tempestade.

— Aqui é bem perigoso. — o rapaz analisou a garota ainda no chão — Levanta, vou te levar pra casa.

— Como sei que posso confiar em você? — sua voz saiu quase inaudível.

— Não sabe. — o rapaz puxou a garota pelo braço que não estava machucado, guiando-a pela rua deserta.

Seguir caminho com um estranho agora seria considerado uma decisão burra a ser tomada, mas Jenny não sabia o quanto era uma garota sortuda por ter esbarrado em Zayn Malik.

LUCKY GIRLWhere stories live. Discover now