CARIOCA | tk

Maldito Seokjin.

           Era 12 de fevereiro, uma quinta feira à tardinha quando os fones de ouvido tradicionais, alcançaram as orelhas do moreno. Puxou a pequena cortina azul para cobrir a vidraça do transporte, temia viajar de avião mais que tudo. E ali estava ele, usando roupas confortáveis enquanto cometia a maior loucura da sua história. Só poderia estar sendo controlado por um cérebro de batatas quando aceitou o convite de seu amigo.

Seokjin era amigo de infância de Jeongguk, apesar da diferença de 6 anos de idade, Seokjin era o único vizinho e pessoa que o acolheu em uma cidade completamente nova. Cresceram juntos, e apesar de não estudarem na mesma escola, o moreno podia contar com o mais velho em todos os momentos. Bom, isso até o Kim cometer a BURRICE de se casar com um BRASILEIRO PAGODEIRO. Isso era o cúmulo, e mesmo não sabendo o significado da palavra "Pagodeiro" foi assim que o amigo - Já não tão amigo - apresentou Namjoon para si. Um adjetivo bom, imaginava. Mas se Seokjin gostava, Jeon detestava.

Fechou os olhos instantaneamente quando um frio na barriga o atingiu, podia sentir a aeronave saindo gradativamente do seu amado chão, seguro e bonito, sem risco de queda. A respiração se alterava rapidamente, mas precisava ser forte, ou apenas fingir que era, não iria pagar de frouxo ao lado de seu parceiro de poltrona, ainda mais pelo fato do homem ser um gatinho.

Iria para o Rio de Janeiro. Não sabia muito sobre a cidade afrodisíaca ou o país em si, apenas as coisas que Seokjin o dizia. Assim que o mais velho decidiu que seria uma boa se mudar para tão longe, Jeon era submetido a tortura de ficar horas em ligação com o homem em plena madrugada, o ouvindo tagarelar encantado sobre as supostas praias exuberantes, o sol de rachar e a culinária diferenciada e recheada de temperos. Não seria totalmente intolerante, apenas parcialmente. Não gostava da ideia, e batia o pé para o fato: Não queria viajar. O mundo é grande demais para optar especificamente pelo Brasil par uma viagem. Detestava o calor. A cultura do país em questão não lhe enchia os olhos. Não queria olhar na cara de Seokjin. E por último:
Não gostaria de descobrir o que era um pagodeiro.

Pensar sobre a sua intolerância não era, de fato, ruim. Serviu como uma distração para o moreno, que agora balançava as coxas fartas ao ritmo de Womanizer da Britney Spears.

Fora abruptamente acordado pelo som estridente do aviso de pouso, havia passado horas a fio dormindo enquanto seu corpo sonolento sofria a responsabilidade de estar presente naquele avião. Ainda atordoado pelo longo cochilo, olhou ao redor, percebendo que muitas pessoas ainda dormiam, incluindo o gatinho ao seu lado. Tentando não se passar por um estranho observador, Jeon aproveitou aquele momento importuno para observar o homem que dormia tranquilamente com a boca entreaberta. Ele possuía traços delicados, uma pele alva que apostava ser macia, os lábios rosados e o nariz empinado, além da mandíbula fina e marcada, um lindo homem.

– Cara... Tudo bem? Precisa de algo? – Arregalou os olhos ao ouvir aquela voz, demasiadamente mais fina que a sua, o garoto bonito havia acordado e o pego com a boca na botija, o encarando descaradamente enquanto praticamente babava pelos detalhes muito bem detalhados daquele lindo rostinho que agora se mantinha amedrontado.

– Errr... Desculpe por acorda-lo, senhor. Eu apenas queria avisar que o avião pousou. Mas não sabia como fazer isso – Se saiu bem na mentira, pensou, levando em consideração o nervosismo de ter o homem perto, ter sido pego e a sua própria falta de capacidade e lentidão cerebral. Sorriu amarelo, se apressando para catar suas coisas e descer daquela máquina de tortura, seu rosto estava ficando aquecido de vergonha, mas ainda estava dentro de um avião, prioridades, afinal.

Era apenas um pouso de manutenção, pela distância de países, não havia voo direto para o brasil. Jeon olhou para a estrutura luxuosa do local, ajustando sua ecobag personalizada sob o braço, suas pernas bamboleavam, consequência de longas horas sentado na mesma posição. Pessoas bem vestidas passeavam pelo saguão, haviam alguns cachorros fofos e peludinhos que também exploravam todo aquele espaço.