POV GuilhermeEu não sabia muito sobre os piores momentos da vida de Flávia, mas odiava o fato de provavelmente ter presenciado um durante aquele fim de tarde e caramba aquilo conseguia doer tanto em mim que desesperadamente e sem raciocinar fiz tudo que estava ao meu alcance para protegê-la de se ferir mais.
É por isso que após uma histeria coletiva e de Paula se revelar como mãe de Flávia aos prantos, me coloquei à frente dela como uma barreira impedindo que principalmente Paula a seguisse após ela se dirigir para longe da empresária com passos decididos, consegui ver sua expressão de relance ao passar por mim, os olhos tão cheio de lágrimas e as linhas do rosto tão fechadas que me causou calafrios imaginar como a mente de Flávia deveria estar agora.
Aquilo era difícil de se ouvir até mesmo para mim.
—Guilherme, e-ela é minha filha.— Paula falava palavras desconexas enquanto tentava a todo custo passar pela barreira que eu havia me tornado.—Preciso falar com ela, preciso explicar, preciso...— Interrompi sua histeria e impulsividade segurando gentilmente seus braços que me empurravam.
—Paula, agora não, ela precisa pensar.— Recebi mais protestos como resposta e lágrimas, seguidos de mais empurrões. —Por favor Paula, ela precisa ficar um pouco sozinha você só vai piorar tudo tentando forçar alguma abertura agora, caramba!— Quase gritei fazendo a mulher apenas se dar por vencida abaixando a cabeça derrotada.
—Guilherme você não entende, eu preciso que ela me perdoe. Estou me culpando a tempo suficiente, todos os dias dói aqui.— Ela apontou pra o coração enquanto mais lágrimas escorriam por seu rosto.— Eu quero abraçar, quero cuidar dela como nunca pude fazer, mas preciso que ela me entenda também.
Engoli em seco com sua súplica, sabia pela maneira como Flávia havia saído que aquela conversa agora só causaria mais estragos, todos estavam muito machucados, era como arrancar a casca de uma ferida que há muito estava cicatrizada. E mesmo sentindo uma pontada crescente e desgostosa de raiva pelo o que Paula havia feito abandonando Flávia, eu não poderia julgar sem antes ouvir seu lado também, não era justo.
—Eu prometo Paula, vou falar com ela. —Garanti para a mulher que tremia a minha frente.—Eu vou cuidar dela e vou tentar convencê-la a falar com você, a estar aberta para pelo menos ouvir seu lado.
—Por favor, Guilherme.
—Não garanto que ela vá te perdoar, nem sei se ela consegue depois de tudo que passou com sua ausência mas vou providenciar essa conversa.— Soltei seus braços ao vê-la mais estável e cocei o lado da cabeça em nervosismo. —Apenas deixe as coisas esfriarem um pouco, ela precisa de tempo e muito carinho, agora preciso ir. Te mantenho informada.
*****
O caminho até nossa casa foi feito no mais completo silêncio, o único som audível dentro do carro eram os soluços baixinhos de Flávia que chorava copiosamente no banco ao meu lado, ela já estava assim quando cheguei até o carro e meu coração pareceu se afundar ainda mais como em um buraco dentro de meu peito quando percebi que ela estava como em um transe, presa em seu próprio mundo de sofrimento, não parecia querer conversar sobre nada naquele momento.
Meus dedos grudavam com violência contra o volante e meu maxilar continuou travado por todo o trajeto, eu queria tanto, mas tanto, possuir uma fórmula mágica para livrar a cabeça dela de tantos pensamentos, mas isso não existia.
E eu fiquei em silêncio, respeitei seu momento de dor, respeitei o momento em que ela estava completamente vulnerável e se deixou estar vulnerável apenas para mim, porque saberia que eu entenderia, e é claro que entendi, apenas por seu olhar cheio de dor, deixei que Flávia chorasse por todo o caminho desejando no meu íntimo que a vida fosse um pouco injusta comigo a partir de agora, que tudo de ruim acontecesse comigo desde que deixasse meu amor em paz.

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Always by your side - Flagui OneShot
أدب الهواةEm que Guilherme se torna uma peça fundamental de apoio na vida de Flávia após a jovem descobrir de forma abrupta que a mãe que a abandonou, é na verdade Paula.