Capítulo 1: Charlie e Nick.

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SAM

Eu nunca achei que pudesse me apaixonar de verdade. Mas quando aconteceu, foi mágico, pra dizer o mínimo. Achei que tinha encontrado o cara certo, que finalmente entenderia aquele amor de filme, de livro, de série. Mas, claro, a vida nunca é tão simples. Nunca é o primeiro cara. E quando é… você acaba deixando escapar.

Tudo desmoronou no dia em que o vi beijando outra garota.

Não era qualquer garota. Era a namorada da minha melhor amiga, Alex.

Tem gente que compartilha pulseiras da amizade, outras compartilham colares. Eu e Alex compartilhamos um belo par de chifres.

A campainha tocou. Corri para abrir a porta. Do outro lado, lá estava ela: Alex, com os cabelos negros caindo em ondas suaves, emoldurados pelas duas mechas brancas que caíam bem na frente do rosto, como se anunciassem sua rebeldia. Seus olhos grandes e castanhos, geralmente brilhantes e cheios de vida, estavam apagados, sem aquele fogo costumeiro.

— Como você tá? — perguntei, já sabendo a resposta.

— Mal... e você? — ela respondeu, a voz arrastada pelo desânimo.

— Pior.

Ela entrou sem cerimônia, como fazia sempre. Caminhamos até a sala, onde dois potes de sorvete já nos aguardavam na mesa de centro. Sentamos no sofá, lado a lado, encolhidos como dois sobreviventes de um naufrágio.

Alex vestia uma camiseta larga e uma calça de moletom, claramente preparada para um dia de conforto — ou, no nosso caso, de luto emocional.

— Ei, eles são dois filhos da puta. — Alex declarou, pegando a colher e apontando no ar, como se estivesse proferindo uma maldição.

— Fudidos.

— Dois arrombados! — ela continuou, e vi o brilho da raiva substituindo, por um momento, o olhar apagado. — Espero que eles enfiem um no cu do outro e vão pra puta que pariu.

Abri o pote de sorvete e enfiei uma colherada generosa na boca, como se aquilo fosse resolver todos os meus problemas. Alex fez o mesmo.

Demos play na nossa série favorita, Heartstopper.

— Olha, eu só queria poder viver um romance assim. É pedir muito? — perguntei, jogando a cabeça no encosto do sofá, dramaticamente.

— Aparentemente, é sim. — Alex suspirou. — Infelizmente, nossas vidas não são uma série de TV ou um livro de romance.

Mal sabíamos nós o quão errada ela estava.

O episódio rolava e, por um tempo, nos esquecemos de tudo. Até que o mundo ao nosso redor começou a mudar.

A luz da televisão brilhou mais forte. Forte demais. A tela piscou, os pixels tremeluzindo como se estivessem vivos.

— Que porra é essa?! — Alex arregalou os olhos, já se afastando.

A sala escureceu. De repente, a TV emitiu um clarão que nos envolveu completamente.

— Samu! Tem alguma coisa acontecendo!!!

— Ah, você jura?! — retruquei, sentindo meu corpo ser puxado para frente.

A última coisa que vi foi o brilho intenso engolindo tudo ao nosso redor.

UM NOVO MUNDO

Acordei sentindo algo macio sob mim. O cheiro era diferente, fresco, como grama molhada depois da chuva.

Abri os olhos.

Eu estava dentro de um carro.

Não um carro qualquer. O interior era organizado demais, os bancos de couro impecáveis, o painel brilhava com um rádio retrô que eu tinha certeza de nunca ter visto na vida.

Heartstopper Vivendo A História. (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora