Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil.
Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpresa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel.
Ela quis segui-las, mas ela era grande demais, era estranho, para quem foi uma criaturinha pequena, seria difícil se acostumar, mas esse era o preço a ser pago.
O que ela tinha feito, foi muito errado, e ninguém entendia o porquê de ela ter feito aquilo, e no final, parecia nem ter valido a pena.
Onde estavam todos agora? Na hora que ela mais precisara, ninguém estava lá, nem mesmo a pessoa que mais jurou estar lá com ela quando ela precisasse.
Sozinha, era assim que Andressa se sentia, e enquanto pensava em seu verdadeiro mundo, lágrimas continuaram caindo enquanto Andressa, se perdia cada vez mais em pensamentos, sem nenhuma esperança de voltar para casa.
Andressa só parara de chorar quando sentiu a fome e sua barriga roncou, a avisando que precisava se alimentar.
Então se apressou para procurar alguma coisa pela casa que ela havia nascido, enquanto enxugava suas lágrimas e tentava parar de pensar em como sua vida piorou nos últimos dias.
Como não achou nada, além de dinheiro, foi ao mercado para comprar alguma coisa, apenas sabia como fazer isso, pois em seu mundo, também havia um, ela ia com sua mãe toda semana.
Um pouco de tempo de passou...
Enquanto ela estava no mercado, procurando alguma coisa para comer, sem querer tropeçou em um homem e ele parecia familiar.
Foi então que se lembrou, de um homem que havia sido transformado em humano, uns anos antes dela, condenado a viver sua vida no mundo humano.
—Moça, você está bem?
—Ah, estou sim, obrigada— Agradeceu enquanto o homem ajudava-lhe a levantar.
—Você me parece familiar, por acaso, viera de Ilinis?— A tal "Ilinies" que ele falara, era meu mundo, o mundo das baratas.
—Você também veio de lá?
—Infelizmente, sim.— Ele afirmou com uma feição triste, mas logo depois colocou um sorriso no rosto e perguntou.— Qual seu nome?
—Andressa, e o seu?
—Mattheus— O nome dele era lindo, igual ele, não poderia dizer que não senti uma leve atração, afinal, o homem em minha frente, era muito lindo.—Você quer ir para a minha casa? Lá tem comida e você pode me contar como veio parar aqui.
—Ah, se não for um incomodo.
E assim, ele terminou as compras e eu fui para casa dele, chegando lá, nem deu tempo direito de eu entrar e ele me perguntou:
—Como você veio parar aqui?
—Eu fiz uma coisa terrível, para uma pessoa, que nem valeu a pena, e eu tenho quase certeza que irá se enojar de mim, se eu contar.
—Não irei, você nem contou o que fez e eu já tenho certeza que o que eu fiz será pior, então, por favor, me conte.
—Ok. Eu não sei como falar isso, mas... Eu quebrei a linha no espaço tempo, levou 45 segundos para concertar, e muitas pessoas quase morreram, e outras 15...— Não consegui terminar a frase, e já comecei a chorar, saber que quase fui responsável pela morte de todos em Ilinies, me deixa muito triste.
—Uau... É realmente pior do que eu fiz, mas, por que você fez isso?
—Prova de amor, ele é realmente um psicopata, eu era a única que não via isso, eu o amava e queria provar isso de qualquer jeito, já que ele sempre duvidava.
—Você disse que levou 45 segundos para concertar, sendo que a linha leva 15 segundos para ser concertada.
—Por alguém com experiência, e o plano inicial era ficar 1 minuto, mas eu não aguentei, não aguentei saber que se eu realmente fizesse isso, poucos iriam sobreviver.
—Mas, seu namorado que te falou para fazer isso?
—Bem, ele nunca chegou a ser meu namorado, de fato, apenas um ficante querendo provas do meu amor.
—E você ainda o ama?
—Não sei, tudo está muito confuso ainda. Mas, e aí, o que você fez?
—Eu fui um assassino de aluguel, não tinha muito dinheiro, e minha mãe estava doente, então fiz o que fosse preciso para mantê-la salva, e garanti que o direito de saúde a fosse assegurado no tribunal.
—Realmente, é melhor que o meu.
Depois disso, ficamos em silêncio, não era um silêncio desconfortável. Estávamos nos confortando, sem dizer uma palavra.
—Quer café?— Disse ele, quebrando o silêncio.
—Quero sim, obrigada.
Enquanto fazia o café, ele conversava comigo e chegou uma parte onde ele disse que estaria aqui para o que eu precisasse, e que se eu quisesse, poderia ficar em sua casa o tempo que fosse preciso, ele iria me apoiar em qualquer escolha.
O agradeci, e me deitei no sofá, não durmo há duas noites, então rapidamente o sono me invade, me deixando sozinha, apenas com os meus pensamentos em forma de sonho para me acompanhar.
Um mês depois...
Muitas coisas mudaram, agora, eu tenho amigos, um trabalho, dinheiro, e minha relação com o Mattheus mudou muito, estamos mais próximos e eu acho que estou ficando apaixonada por ele.
Hoje, vou em uma festa no trabalho, mas, preciso de acompanhante, por sorte tenho Mattheus. Já o chamei e ele aceitou, estou muito ansiosa, pois é minha primeira festa e não sei o que esperar dela.
5 horas depois...
Finalmente chegou a hora da festa, enquanto esperava a hora chegar, fiz várias coisas, mas o que mais me surpreendeu foi o vestido que Mattheus me deu, ele era todo dourado com glitter, colado no meu corpo e com aberturas nas costas e em uma das pernas, além de um salto alto da mesma cor e com detalhes pretos.
Eu realmente não esperava que ele me desse um presente, não sei se isso é um sinal, ou ele só está sendo gentil pois eu ainda não havia comprado meu vestido.
Coloquei meu vestido e quando me olhei no espelho, não parecia eu ali, eu fiquei tão linda, tão perfeita, não acredito que fiquei tão linda.
Mattheus entrou no meu quarto enquanto eu me olhava no espelho e me abraçou por trás.
—Você está linda.
—Obrigada, você também.
—Obrigado. Vamos?
—Vamos.
E então fomos para a festa, que ficava no prédio onde trabalho. Chegando lá, avistei uma das minhas melhores amigas, a abracei, assim como Mattheus, até que ela me puxou para o canto e perguntou:
—Quem é aquele cara que veio com você?
—Meu amigo, eu moro com ele.
—Hum, e vocês namoram?
—Não, meu Deus.
—Mas ele está apaixonado por você, e você por ele.
—Não, ele não está apaixonado por mim.
—Mas você está apaixonada por ele, não negou nem um segundo.
—Talvez eu esteja, mas não é recíproco.
—Hum, vamos ver.
Depois dessa conversa, eu me separei dela e fui ao encontro de Mattheus, ele estava tão perdido, que era até engraçado vê-lo me procurando.
—Com licença senhor, aceita uma dança?
—Aceito— Ele disse rindo.
Estávamos dançando, super animados, era divertido. Mas a música acabou e começou uma mais lenta e romântica, ele pegou na minha cintura e eu peguei em seus ombros, ele me guiava no ritmo da música.
Até que ele parou, colocou a mão nos bolsos e de lá, tirou um colar.
—Vire.
Fiz o que ele pediu e ele colocou o colar em mim, depois me virei e disse:
—Já acabaram os presentes?
—Acho que sim— Ele respondeu sorrindo.
—Posso te dar um também?
—Pode.
Confesso que não achei que seria eu a tomar essa atitude, mas gostei da ideia de finalmente concretizar o pensamento que venho tendo há semanas.
Eu o beijei.
Suas mãos estavam em minha cintura e eu coloquei meus braços ao redor de seu pescoço, me equilibrei na ponta dos pés para conseguir alcançar sua boca, ele era muito alto.
A sensação era muito boa, mas de repente, a música parou, assim como o momento mágico quando ouvi meu nome ser chamado.
Olhei para a direção de onde vinha a voz e não acreditei no que vi, Nicholas, meu ex "namorado", olhando em nossa direção.
—Eu não acredito, enquanto eu estava enfrentando um julgamento, você estava aqui, beijando o... Mattheus? Como você pôde?
Eu nem sabia o que responder, olhei para Mattheus e ele fez um "sim" com a cabeça. Então, eu comecei meu discurso:
—Você nunca gostou de mim, só me usou para fazer o que você nunca teve coragem, e agora que descobriram que foi você quem mandou eu fazer aquela coisa horrível, você foi expulso e ta correndo para quem? Eu, só que agora eu mudei e não vou te aceitar de volta, espero que você tenha uma vida muito boa, longe de mim.
Depois disso, peguei a mão de Mattheus e sai daquele lugar, não queria ir para casa, então levei ele para uma ponte, quando cheguei lá, coloquei meus braços sobre a madeira e suspirei.
—Andy.
—Oi...?
—Faz tempo que eu quero falar isso, porém tinha medo, mas agora que você me beijou, não tenho mais receio. Enfim, quer namorar comigo?
Eu o beijei, acho que esse foi meu jeito de dizer... sim!
THE END
VOCÊ ESTÁ LENDO
A metamorfose
RomanceDepois de ter feito uma coisa imperdoável para o reino de Ilinies, Andressa sabia que não havia nenhum jeito que a faria voltar para casa, se é que ainda poderia chamar o reino disso. Será que ela irá encontrar alguma esperança na Terra? ...