Começos

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VICTORIA
-Vai devagar! Ta doendo-digo sem conseguir respirar direito
-Ja vai passar,é só prender a respiração...
- Mas é tão apertado...

Eu definitivamente odeio espartilhos.Não entendo a necessidade deles mas tenho que usá-los.
Ontem cheguei exausta e nem saí de casa,hoje é o dia de apresentações; vou ficar uns dias aqui,até porque são férias.

Estou no auditório, esperando minha vez, ao lado das minhas concorrentes anorexas que tenho certeza que falam mal de mim pelas costas.Minha boca ja esta dolorida de tanto sorrir.
-Victoria Loureiro,numero 23 - o apresentador fala
Caminho em direção ao microfone que fica na frente dos jurados,fecho os olhos e respiro fundo
-Victoria Loureiro, 19 anos,faculdade de... -paro de repente quando o vejo,sentado no fundo do auditório,quando ele viu que eu o enxerguei ele riu e passou a mão no cabelo.
-Di-direito, Sul.-Um dos jurados me olhou com o olhar me desaprovando.Volto para minha posição e espero até tudo isso acabar.
A apresentação termina e vou para os camarins me trocar.
Saio com minha mãe
-Vá aproveitar  um pouco o festival,é uma linda terça-feira - diz minha mãe - E cuidado aqui é grande e tem muita gente
-Como se eu nunca tivesse vindo ne?
-Mesmo assim,todo ano tem gente nova e nunca se sabe
- Tá tá
Ela se afasta e vai em direção as barracas de comida.

Ele está mais distante me esperando encostado em uma barraca de maçã do amor.E vem em minha direção se esquivando da muvuca.

-Você está muito bonita miss
-Obrigado, e não me chame de miss
-Como eu devo chama-la então?
-Victoria
-Então vamos começar de novo...
Ele estende a mão para mim
-Prazer Victoria, me chamo Caio
-Prazer Caio
-Está gostando do concurso?
-Admito que não é minha praia...Ei,minha mãe acabou de falar pra eu tomar cuidado,então não devo conversar com estranhos -provoco
-Não somos estranhos,nos conhecemos ontem quando você estava brigando com o chocolate
-E acabei nem comprando
-Peso na consciência foi? Ainda bem,já pensou o botão da sua calça voa na testa de algum jurado?
-Ei! - e dou um tapa no braço dele de brincadeira
-Parei parei! Então você  não devia tá andando sozinha
Espertinho
-É verdade
-Quer dar uma volta?
-Por que não?

Andamos por um tempo e paramos em uma barraca de tiro ao alvo.
-Me vê três balas - diz Caio para o dono
-Caio eu não sei atirar
-Não tem problema, eu te ensino- Ele alcança uma arma e me dá.
Ele para com a mão perto do meu braço
-Posso?
-Po-pode-digo
Ele segura meu braço e com a outra bota sua mão em cima da minha onde deverei apertar o gatilho.Sinto o corpo dele atras de mim, e sinto sua cabeça perto do meu pescoço,estou tensa
-Mire em alguma coisa e concentrasse -sussurra ele perto do meu ouvido.Fica difícil se concentrar assim ne querido?Miro em uma barrinha de cereal
Atiro
Acerto em cheio
-Parabéns!Essa foi mesmo sua primeira vez?
-É só metade do parabéns,você que me ajudou pegar a arma
-Vamos fingir que foi apenas você 

CAIO

-Tudo bem...
Em seguida viramos para terminar de atirar as ultimas balas, ela ainda erra algumas, e eu como sempre sem nem um erro.
Era engraçado ver ela lutando para segurar a arma que não era muito leve.De vez em quando eu parava e olhava pra ela, ele retribuía o olhar dando um sorriso tímido de lado e voltava a sua concentração.

-Tá bom,agora que terminamos bate uma foto minha aqui,preciso mostrar pro meu irmãozinho,ele sempre ria de mim quando eu negava e dizia que eu tinha medo,agora vou esfregar na cara dele.

Entrega o celular pra mim e faz uma pose engraçada segurando a arma de brinquedo.

-Prontinho, você  esta com fome?
-Estou sim,mas não tenho dinheiro- respondeu ela fazendo beicinho.Ah cara isso é golpe baixo que tentador.Queria parar de pensar nisso,mal conheço ela e já tenho esse tipo de pensamento, cara mas não da, sou homem certo?
-Eu pago pra gente, você quer algodão doce?
-Hmm prefiro pipoca,não gosto de algodão doce
-Quem não gosta de algodão doce??-perguntei indignado
-Eu! Aquele negócio é doce demais
-Okay, vou te perdoar dessa vez

Depois de comermos formos no estábulo  olhar os cavalos que iam participar do rodeio desse ano.
Ele chegou perto da cela e passou a mão em um .
-Quando eu era menor eu tinha um desses na minha casa,eu morava em uma fazenda
-E o que aconteceu? -Perguntou ela
-Me mudei, meu pai o vendeu.
-Sinto muito
-Sem problemas, eu passava tempo de mais com ele, por isso acho que tinha poucos amigos
-É, você tem cara de poucos amigos mesmo
-A é miss senhorita da cidade grande?- O que você faz com seus amigos
-Calma ai tá? - ela riu docemente- Eu tenho uma casa aqui e uma vez ou outra damos uma passada pra um fim de semana tranquilo,e sobre isso eu vou ao cinema, uma baladinha de vez em quando, não gosto de ficar muito parada.
Nessa hora um dos cavalos relinchou muito alto perto de nós nos assustando.
-Ha ha ha , isso é castigo por zombar de mima Ela franziu a testa como se não acreditasse no que acabou de falar
Que comentário foi esse?
-Prometo que não digo mais nada-digo
-Você ainda mora com seus... -Celular dela toca -Oi, mãe... Eu sei... já estou indo...- ela me olha- Não, estou com um amigo... Beijos. - Ela desliga
-Somos amigos agora? Haha
-Se você me pagar outra pipoca outro dia sim
-Com prazer
-Mas enfim tenho  que ir,minha mãe esta meio nervosa
-Posso te deixar em casa?
-Pode ser.
Fazemos o percurso todo calados. O local do festival fica uns 3 km daqui. A casa é  de dois andares de madeira,deve ser da família dela mesmo, porque parece bem frequentada para uma simples casa alugada de férias.
-Chegamos
Ela se vira pra mim com as mãos no bolso.
-Hm, é,  é isso então... -Estou tão nervoso quanto ela aparenta estar
-Boa noite. -dizemos juntos.
Ela estica a mão, mas ao mesmo tempo eu vou ao encontro de um abraço. Nos esbarramos e rimos. - Tá, um aperto de mão.
Merda, queria tanto sentir o corpo dela colado no meu de novo...
- Nos vemos por aí -Disse piscando pra mim e me dá as costas.
-Sim...
Ela caminha rebolando até a porta e não olha pra trás. Hoje volto feliz para casa;De todas as formas.

Fora de ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora