Quem é ela?

52 6 0
                                    


Já era 7:30 da manhã, Shintani acabava de acordar.

- AAAAAAAHH, EU NÃO DEVERIA TER FICADO ACORDADO ATÉ TARDE. Dessa vez eu vou culpar a Dani, quis passar a madrugada falando a quantidade de coisas que eu iria fazer para ela amanhã. Ser um ótimo namorado tem seus preços.

Tive que sair as pressas, pois o ônibus já estava perto de chegar.

Já nos portões da faculdade, faltando 5 minutos para o professor entrar na sala de aula. Acabei esbarrando em uma garota na qual nunca havia visto antes, ela se encontrava andando ao lado de um cara do curso de engenharia, que gritou: - Olha por onde anda!

Ele se chamava Victor, era mais um dos garanhões do tempo da escola. Ter estudado com ele no ensino médio foi horrível, sempre vinha pedir minhas atividades. Ainda não sei como ele conseguiu uma boa nota para cursar engenharia, era eu que deveria estar ali, Victor não sabe nem qual é o valor de Pi, enquanto eu, acabei cursando psicologia, por mais que eu seja de exatas, mas fiz isso para ajudar a Dani, ela vive sofrendo por coisas da sua cabeça e quero sempre cuidar dela. Até que curto um pouco as aulas e gosto de saber como funciona os pensamentos das pessoas.

Mas algo ali ainda me chamava atenção, ao ponto de falar baixinho.

- Quem era aquela garota que estava com ele? Eu não tenho tempo para isso, mas devo admitir, o estilo dela era interessante.

continuei correndo pelos corredores, quando finalmente abri a porta da minha sala. Falei ofegante.

- Consegui...chegar...bem... a tempo!

Quando levanto a minha cabeça, percebo que todos os outros alunos estavam sentados e olhando para mim, até Rachel que é minha melhor amiga desde o fundamental, estava com cara de espanto, mas tinha uma pessoa em especial que eu não queria ter escutado naquele momento. Sim, meu professor já estava na sala de aula, com uma cara de desapontado, ele virou para mim e só pude escutar sua voz com tom de lamentação e seriedade.

- Sr. Shintani, chegou atrasado novamente! Já é a segunda semana seguida que você faz isso, infelizmente não irei aceitar a sua presença na sala aula hoje, peço que se retire, nos veremos na próxima semana.

Antes de sair da sala, olhei rapidamente para trás e vi Rachel com a mão na testa, era como se ela falasse "coitado", pois ela sabia o que estava acontecendo comigo em relação a Dani, sempre contei tudo para ela, até hoje ainda acho que elas não se dão bem. Após sair pela porta, tive que retornar para casa.

Chegando perto da parada de ônibus, reparei que havia uma silhueta misteriosa esperando o transporte também, reparei de longe que ela segurava um cigarro acesso em uma das mãos, mas ao me aproximar, vi que a silhueta misteriosa era a mesma garota que estava com o Victor mais cedo. 

Falei comigo mesmo. - Acho que ela não gosta de mim, por conta da gente ter se esbarrado, eu poderia ter derrubado ela, talvez seja melhor eu ficar um pouco distante, apenas chegar perto quando o meu ônibus estiver se aproximando.

Já havia se passado 8 minutos e nenhum dos nossos ônibus havia passado, resolvi me aproximar um pouco mais, coloquei meus óculos e pude ver com mais clareza, ela tinha olhos penetrantes, um olhar como se estivesse desafiando alguém, mas ao mesmo tempo com um peso neles, como se vivesse cansada. Seu cabelo passava um pouco dos ombros, e havia algumas mechas pintadas, mas eu não conseguia identificar que cor era, parecia que ela não retocava já fazia muito tempo, mas achei bonito, como se fosse um detalhe único dela. 

Mas tinha algo na qual meus olhos não deixaram escapar, a mochila dela se encontrava meia aberta e dava para ver um jaleco prestes a cair. no mesmo instante avisto o meu ônibus chegando, fiquei um pouco envergonhado para avisa-la sobre a mochila. Esperei o transporte chegar para poder avisar e já embarcar pronto para ir embora logo dali.

- Moça, seu jaleco vai cair, pois sua mochila está meio aberta!

Entro correndo para dentro do ônibus e logo me sento perto da janela, retiro meus fones do bolso da mochila e já coloco na minha playlist de músicas clássicas, era o momento dos meus dias que eu tirava para relaxar um pouco, observando a paisagem pela janela até em casa e escutando o som de um violino junto com um piano, era como se os dois se completassem. Sempre falei que se eu fosse um instrumento, seria um piano, pois gosto de fazer quem eu amo parecer que estivesse "cantando", dando ao pianista a liberdade de expressão igual à que tem um cantor, que naturalmente expressa os seus sentimentos a partir do interior, dando-lhe uma voz e transformando as suas emoções em som.

Quando aperto o play, percebo que tinha alguém em pé perto do meu assento. Virei o meu rosto para ver quem se encontrava perto, senti um frio em meu corpo quando vi aqueles olhos profundos e uma voz com uma tonalidade que se sobressaia dos instrumentos da música que tocava em meus fones, até parecia que o som da melodia se mesclava de forma mágica com a voz.

- Obrigada por me avisar que meu jaleco estava quase caindo da minha mochila. Se ele tivesse caído no chão, teria que lavar ele assim que chegasse em casa, isso seria um saco, fazer essas coisas não é comigo.

Depois disso ela deu um leve sorriso, como se realmente lavar roupa fosse algo chato, por mais que eu gostasse de fazer esse tipo de serviço. Logo em seguida ela lançou uma pergunta.

- Posso sentar aqui ao seu lado?



-

Angels don't need WingsOnde histórias criam vida. Descubra agora