O Plano Infalível

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- Não é possível! Não é possível! Não, não, de novo não. Eu não posso, não posso perder esse emprego. A Paula é louca, como que ela me aposta a empresa com a Carmem? Eu não quero voltar pra rua da amargura - diz Marcelo após entrar em sua sala.
Sua vida estava um completo caos, havia perdido seu filho, Joana e agora estava prestes a perder, mais uma vez, sua posição na empresa Terrare por conta da rivalidade infantil entre Paula e Carmem. A verdade é que ele nunca havia entendido muito bem essa briga maluca entre as duas empresárias, a relação das duas as vezes era difícil de acompanhar... Uma hora Carmem queria vingança pela morte do Celso e em outro momento estava chorando pelos cantos da empresa por ciúme da Paula com outra mulher, hora mas quanta contradição! Elas se amam ou se odeiam, então? Para Marcelo isso pouco importava, o homem só queria que as duas mulheres se entendessem de uma vez por todas para que, assim, a Terrare-Wöllinger pudesse se estabelecer novamente. E foi nesse momento, perdido entre pensamentos e afundando em desespero, por medo da Terrare perder a aposta, que Marcelo tem uma ideia. Sem muito pensar, o vice presidente pega seu celular e liga para Alice, convocando-a a comparecer imediatamente na empresa junto com suas duas sombras, pois precisava deles para botar seu plano em prática.

⁂⁂⁂

Paula estava sentada em sua mesa, conversando com a foto de seu falecimento marido procurando algum tipo de alento enquanto desabafava sobre seu medo de que sua primogênita jamais à perdoasse por tê-la abandonado.

- Quando ela ficar sabendo que eu sou a Eliete ela nunca vai me perdoar... Fala alguma coisa, Celso! - e nesse momento, como se fosse Celso tentando se manifestar de alguma maneira, tentando se comunicar com Paula, Carmem entra na sala da morena.

- Não fica assim, Paulinha.

- Que é isso que você está me olhando com esse olho vidrado de cobra, que vai dar o bote. O que é, agora vai ficar ouvindo atrás da minha porta as coisas? - disse se levantando de sua cadeira e gesticulando de sua maneira habitual quando estava irritada. A morena estava na defensiva, já havia brigado com a alemã mais cedo e não estava no seu momento emocionante estável para lidar com um segundo round, definitivamente não estava com cabeça para os surtos de egocentrismo na loira.

- Não, só estava ouvindo você reclamar aí com o falecido - disse em um tom amuado que de primeira Paula estranhou, jamais tinha visto Carmem daquele jeito, parecendo tão... vulnerável? Não, não, aquilo só poderia ser mais algum plano daquela cascacu vôlinger.

- O que você quer? Veio me encher o saco? Se você veio aqui enche meu saco, pode ir dando meia volta e ir embora.

- Preciso de um abraço, preciso de um, preciso de um am... preciso de um apoio, aqui. Preciso da minha bff - disse abraçando Paula de lado, buscando algum tipo de alento na morena, não aguentava mais aquela sensação de estar completamente sozinha - meu filho não gosta mais de mim, ele me odeia, sabia? Ele me despreza. Meu filho me odeia, ele não quer mais saber de mim.

- Nossa! Não tem nada pior nessa vida do que...um filho odiar a mãe - e nesse momento a morena enxergou o quanto ela e Carmem estavam passando por momentos semelhantes e, comovida com o choro da mais alta, a Terrare põe sua mão sobre as da loira e apoia seu rosto no da alemã, na tentativa de mostrar alguma solidariedade à dor da outra. Apesar de não se sentir confortável com o abraço, por alguma razão Paula também não queria quebra-lo. Pois, de alguma forma, conseguia sentir uma pontinha de paz, uma sensação estranhamente boa em meio aos braços de Carmem, um alento que até aquele momento não estava recebendo dos outros à sua volta. Nem daquele pelo qual, em sua mente, poderia jurar que era o amor da sua vida.

No entanto, Paula e Carmem são tiradas de seu momento singular quando ouvem um estrondo que logo é acompanhado por um barulho de fechadura. A mais alta acaba desfazendo o abraço com o susto e passa a mão nos cabelos numa tentativa de se recompor, enquanto Paula se aproximava da porta para averiguar o que tinha acontecido.

Operação CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora