10: Aroma de Melancia 🍉

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Em Pracinha, Eduardo estava feliz por agora fazer parte de uma igreja, juntamente com os primos e tios. Júnior havia lhe presenteado com uma Bíblia e, além dos ensinamentos recebidos na igreja, passavam horas conversando sobre a Palavra, ora nas margens do lago e do rio, ora na varanda, nas cadeiras de balanço. Eduardo absorvia os ensinamentos e aos poucos foi entendendo porque sua vida era uma sucessão de erros. Como o primo havia lhe dito, a falta de temor a Deus e de prestar contas de seus atos e pensamentos a Ele resultaram em uma avalanche de problemas.

Naquela semana ele foi com Júnior até a cidade comprar suplementos agrícolas e, saindo da agropecuária, deram de cara com Paulo Sérgio, que com um risinho jocoso falou:

— Parece que você não foi homem suficiente pra pilotar o trator - Ele balançou a cabeça, fingindo pena de Eduardo. — Sabe como é, aqui as notícias voam.

Paulo Sérgio saiu antes que Eduardo pudesse responder e Júnior pediu ao primo que ignorasse, enquanto seguiam com os suplementos para a caminhonete.

— Ao longo desses dias que tenho aprendido tanta coisa sobre Deus, tenho pensado muito na Marcela. Sei que ela nunca se ligou muito na igreja, apesar de vez ou outra aceitar os convites da Lili, mas queria que ela realmente acreditasse, assim como eu acreditei. Acho que no fundo ela não entende porque Deus deixou a mãe dela morrer.

— Também acho que no fundo é isso, primo. E queria muito que a Marcela deixasse Deus tocar no coração dela. - Eles jogaram os sacos na carroceria e continuaram conversando ali mesmo:

— A Marcela era tão ingênua, uma boa pessoa, como pôde se corromper desse jeito, Juninho?

— Du, nesse mundo não basta ser bom, é preciso ter Fé. Você também é um cara bom, mas sua bondade não vai te justificar, é preciso ter Fé, viver essa Fé, obedecer a Palavra de Deus. Como você já sabe, é esse o problema da Marcela, ela vive sem reconhecer o Senhor nos caminhos dela.

— É, tem razão, tudo verdade. Eu tenho orado por ela, sabe? Eu estava muito magoado, queria que ela se desse muito mal com aquele Rodney, mas agora pensei que se eu tive uma oportunidade, por que ela não pode ter também? Estou pedindo a Deus que faça a verdade aparecer e que cuide dela lá naquele covil onde está.

— Vai dar tudo certo.

***

Após a noite chuvosa onde Marcela mal pregou os olhos, ela decidiu tomar um metrô, ir até a casa de Eduardo na zona sul e pedir perdão, mesmo que ele não a perdoasse. Só queria que soubesse que estava arrependida. Quando saiu do alojamento e seguiu pelos corredores da república, Marcela estranhou que Rodney estava à sua frente, saindo da ala masculina, com uma mochila e uma mala, ele não havia dito nada sobre visitar os pais. Ela resolveu não chamá-lo e segui-lo para ver onde ia.

Chegando à calçada, Giovana o esperava ao lado de um carro vermelho esportivo, os dois se abraçaram e se beijaram, então Marcela resolveu aparecer:

— Então é assim, Rodney?

Eles se soltaram imediatamente, porém, não mostraram nenhum constrangimento:

— Ah, eu... a Gi me chamou para ir a Campos do Jordão com ela, é isso.

— Como assim? A gente não estava ficando? Você nem ia me avisar?

— Xii, parece que você arrumou uma mamãe, Rod - Giovana zombou, rindo com deboche.

— Disse bem, a gente estava ficando, só ficando. Não assinei nenhum contrato dizendo que devia te dar satisfações. - Giovana entrou no carro e Rodney abriu uma das portas do veículo para guardar a bagagem. — Mas pode crer que eu curti muito, gata. Você realizou meu sonho de achar uma garotinha zero bala por aqui. Falou.

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