Tropeços e batidas

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Grace

Eu estava convivendo com a detetive Woolf há 40 minutos e tudo que eu conseguia pensar era como desejava ficar longe dela. Mesmo me esforçando para usar meu lado positivo e enxergar o melhor nela, tudo que consegui foi sofrer pequenos infartes com sua direção perigosa.

Eveline estava concentrada no trânsito e tinha uma expressão ainda mais fechada, seus óculos escorregavam vez ou outra a deixando irritadíssima e tudo piorou quando chegamos em uma área congestionada, carros e mais carros buzinavam enquanto uma grande quantidade de motoristas começavam a descer de seus veículos.

- O que está havendo? - perguntei, tentando entender o motivo de toda aquela confusão.

- Pelo visto, dois brigões. - Eveline revira a bolsa até achar o seu distintivo. - Espere aqui e não toque em nada. - ela disse, saindo do carro.

Observei a detetive abrir o caminho em meio a multidão, ela mostrava seu distintivo e as pessoas iam abrindo passagem, ela parecia estar impaciente. . . E extremamente poderosa.

- T 002 Responda. . . T 002. . . - tomei um susto ao ouvir a voz, mas rapidamente notei que se travava do rádio. - T 002? - a voz continuava e eu não sabia o que fazer, poderia atender ao chamado se Eveline não tivesse dito para eu não tocar em nada. Mas se for algo importante? Meu dilema foi resolvido no último segundo.

- Alô. . ?

- T 002? - a voz masculina questiona.

- É. . . Não exatamente.

- Esse é o veículo da detetive Eveline Woolf?

- Sim.

- Ah, você deve ser a jornalista. - concordei. - Onde está a detetive?

- Um pouco ocupada no momento.

- Precisamos dela com urgência, houve um outro roubo em uma joalheria no lado norte. Peça para que ela se dirija imediatamente para o local. Entendido?

- Sim. . . Câmbio desligo. - o homem ri.

- Câmbio desligo.

Saí do carro as pressas tentando encontrar Woolf. O número de pessoas tinha crescido consideravelmente, elas pareciam se multiplicar na minha frente.

- Detetive Woolf. . . Detetive Woolf. . . - tentei chamá-la, mas não conseguia superar o barulho da multidão.

Comecei a me desesperar, foi então que lembrei do carro e voltei correndo para o mesmo. Meu plano era ligar e desligar os faróis para chamar a sua atenção, mas para a minha surpresa haviam centenas de botões naquele veículo e o painel era completamente diferente. Comecei a apertar uma sequência de coisas, mas como os faróis pareciam não existir, arrisquei um dos últimos botões e - para o meu desespero - uma sirene começou a soar. Eu tentava desligá-la a todo custo, mas tudo que consegui foi piorar tudo. O carro parecia estar possuído.

- O que você pensa que está fazendo? - ouço a voz rouca e fria da detetive. Ela estava me olhando com uma fúria controlada, mantendo os braços cruzados sobre o peito.

- Eu. . . É. . .

- Poderia sair daí?

- Claro! Claro. . . Me desculpe. - Eveline desligou a sirene enquanto eu dava a volta e entrava novamente no carro.

- Eu disse para não tocar em nada - ela dispara.

- Houve uma chamada de emergência, eu tentei encontrá-la para avisar, mas não consegui passar pela multidão.

- Que emergência?

- Um outro assalto, no lado norte. - ela ficou alguns segundos em silêncio.

- Muito bem, você agiu certo. - ela fala entre dentes.

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