N° 11

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O fim.


Pudera eu escolher? 

Não, não pude.

Mas, escolher o que?

Sentir.

O que?

Não sei, se soubesse teria escolhido não sentir.

Ainda sente?

Sim.

Gosto de sentir, mas não gosto do que sinto.

O sentimento é bom, mas é errado, sem dúvidas, errado.

Errado para quem?

Para mim, para mundo, para todos.

Crime?

Não, puro, na verdade.

Arriscado?

Mais que isso, certeza de um fim trágico.

Que trágico? que fim?

Para muitos, um simples fim, para mim um exagero.

Exagero?

É, o fim da vida, pelo menos a vida que vivo hoje.

Há outra vida a se viver?

Não.

O fim de tudo então?

De fato, tudo, mas o que seria tudo se tudo que eu conheço... De fato, não sou... Não conheço tudo, nem... Mas conheço algo que vale, vale mais que tudo.

Então não, não é o fim de tudo, é o fim de muito mais.

Poderei eu?

O que?

Poderei eu, deixar de sentir o que sinto?

Claro que não, nem está certo do que sente.

Então o que faço?

Pare de pensar no fim.

Como?

Não interessa, apenas pare.

Mas poderei eu?

Pudera você, escolher sentir?

Não sei.

A resposta, ai está.

A ti, apenas uma dica, não é você que vai impedir o fim.

Quem então?

Te respondo com uma pergunta melhor, que fim?

Claro, como nunca pensei nisso, fim? que fim? fim do que?

Caso o fim chegue, prometo, prometo lembrar, lembrar da vida, e vive-la como se nunca houvesse tido fim.

Acima de tudo, foi tudo isso que me fez amar a vida. 

Você.


Palavras Sobre o Azul do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora