NOTAS DO AUTOR: Olá! Voltando aqui com o primeiro curta da história Dev&Lucie!
Espero que gostem.
____________
O amor não é apenas um sentimento humano.
Nós -que somos de cima e sabemos da verdade das coisas - nunca poderíamos colocar em palavras o que é "amor". Quando fomos criados aprendemos que este sentimento está presente na receita de todas as coisas, sejam elas boas ou ruins. Sejam elas feitas para o bem, ou para o mal.
Eu estava apaixonado e era uma sensação que eu nunca havia sentido antes.
Nós que somos de cima e não temos tanto contato com os humanos não temos tanta noção do quão fascinantes eles podem ser. Nosso erro é sempre deixar a curiosidade nos guiar, enlouquecidos pelas experiências, pelos medos, pelos mistérios da humanidade. Éramos levados à loucura por eles com tanta facilidade que acabávamos gerando criaturas descendentes dessa provocante dúvida em explorar aqueles seres tão únicos.
Desde minha juventude, apenas estudando e observando de longe, defendi que anjos nunca deveriam criar proximidade com humanos. Eram nosso extremo contrário: violentos, cruéis, insensíveis e não respeitavam o chão onde pisavam.
Eu estava enganado. Até porque quando se vive a eternidade criam-se rituais.
O meu era descer até a Terra, em um ponto incrivelmente específico que foi escolhido aleatoriamente por mim mesmo, onde havia grama, árvores e um lago. Lá não havia vida além de alguns insetos e animais, como coelhos, veados e rãs. Eu nunca andava mais de alguns passos por aquele local, era sempre muito silencioso e a brisa quase sempre era gentil.
Pelo menos era o que eu conseguia ouvir.
E todos os dias, mesmo que chovesse, eu ia até lá pela parte da tarde. Normalmente meu irmão Serafiel ficava chateado quando eu passava algumas horas fora, mas com o tempo ele foi se acostumando e respeitando aquilo, assim como eu também respeitava os rituais dele. Então, sempre que subia aos céus novamente ele me recepcionava gentilmente. Era mútuo.
Todos os dias, sem falta, eu ia até lá e ficava sentado, contemplando pelos ouvidos a natureza terrestre. Sem explosões de supernovas, sem trombetas, sem meus semelhantes, sem ninguém. Era quieto e incrivelmente tranquilo. Sentir a brisa do vento Terrestre sempre me acalmava, mesmo nos dias quentes.
Até que um certo dia, ouvi passos na distância.
-Quem está aí? - Perguntei. Eu estava sentado no chão de terra ao pé de uma árvore. A criatura se aproximou.
-Eu que pergunto! - Apressou seus passos, vindo até mim. Seus membros estavam relaxados, por mais que tivesse corrido para se deparar comigo - Quem é você?!
Apenas pela sua presença ali ao meu lado, percebi que era bem mais alto que Serafiel. Seus dedos friccionavam um pouco uns nos outros, segurava alguma coisa. Sua voz era meio grave, meio fanha, era um jovem adulto. Seu coração estava acelerado e sua respiração agitada.
-Estou apenas aqui sentado - Eu sorri, por mais que não soubesse se aquela criatura possuía visão - E você, o que está fazendo?
-Do que está falando?! - Se assustou, dando um breve passo para trás - Você é cego?! Não consegue ver que está dentro de uma propriedade privada?!
-Hm? Não consigo ver mesmo - Brinquei com ele mesmo estando surpreso - Mas me diga, o que faz este lugar ser privado?
-Minha família é dona dessas terras - E a cada palavra, aquele ser ficava cada vez mais enfurecido - Por favor se retire imediatamente!
VOCÊ ESTÁ LENDO
FAIRYTALE [ONESHOT]
RomanceO que acontece quando um anjo conhece um humano pela primeira vez? Normalmente os de cima recebem o conselho de não se aproximarem dos terrestres, mas nem todos conseguem obedecer. Fairytale- A história de um serafim curioso e seu primeiro humano.