ESCOLA BDSM

Diários masoquistas: E se ... ?

Relato enviado por uma amiga

Masoquismo não é aprendizagem, não se ensina, não se impõe... Você simplesmente deseja... Uma curiosidade que evolui... Um anjo que assopra em seus ouvidos: E se ?

Ninguém deve ser agressivo com outrem sem permissão e ponto final...

E foi assim comigo... De quatro sentindo o vai e vem que me veio o anjo: E se...?

Me bate na bunda! - eu gritei

Ele, tão inexperiente quanto eu, absorto em seus pensamentos, possivelmente tentando não gozar em três minutos, demorou um tempo para entender o que eu queria.

Me bate na bunda! - Repeti

Ele bateu! Tão fraco que um mosquito seria capaz de aguentar o tapa e seguir voando.

O que é isso? Bate direito... Isso é tudo que você consegue?

Ele bateu mais forte, senti o estalo na bunda como se meu próprio clítoris tivesse sido estimulado, era bom!

Porém se você é masoquista logo logo você vai entender que há um prazer no desafio, uma exploração solitária do seu corpo em busca do seu prazer, ao menos foi assim comigo...

Era um dia normal, enquanto eu estendia as roupas no varal, o anjo veio: E se...?

Foi nesse dia que eu descobri o prazer dos pregadores... Trancada no banheiro eu os prendia nos lábios (não os da boca) e puxava enquanto me tocava... Depois descobri que era possível prender vários em uma corda e puxá-los de uma vez só e sim, por vezes, eu gozava com a dor.

Porém não se enganem!

Não é como se toda dor virasse prazer, não é como se eu gozasse toda vez que desse uma topada com o dedinho na porta ou que em que todo ato sexual eu quisesse sentir dor... O clima é importante, a confiança é importante. Eu sou masoquista, jamais fui submissa... Uma vez, no meio da foda, o cara resolveu bater no meu rosto e cuspir na minha cara... Confesso que tive uma atitude exagerada, mas o ódio subiu de tal forma que a única coisa que eu queria era que ele fosse para longe e foi o que aconteceu... Com toda força que eu tinha apoiei meus pés no peito dele e o empurrei. Ele caiu fora da cama confuso, mas eu simplesmente levantei, coloquei minha roupa e fui embora. Nunca mais vi aquele babaca.

NUNCA, EU DISSE, NUNCA! SEJA AGRESSIVO COM ALGUÉM QUE NÃO TE DEU PERMISSÃO!

Ah! Talvez você ache estranho, mas preciso dizer que nasci em 1976... Então não era como se eu tivesse acesso a internet para ler e ver vídeos como vocês têm hoje... Tudo era exploratório e improvisado... Eram os pregadores que viraram brinquedos... Era a colher de pau, o cinto da calça.

Foi aos poucos que eu descobri outra verdade. Gostar de dor em uma parte do corpo não significa gostar de dor em outras partes do corpo, jamais gostei que batessem nos meus seios. Nessa parte os pregadores são meus limites e, ainda assim, por um curto espaço de tempo. Uma vez me sugeriram agulhas, mais um encontro que nunca aconteceu.

Na verdade eu sempre odiei esses homens que se dizem "dominadores", os homens mais dominadores que conheci nunca precisaram de títulos, eles só eram! Eram envolventes e me faziam desejar estar em seus braços... Era como uma dança! Não se tratava de força bruta, mas da precisão de movimentos que me levavam até tal lugar.

Eu também nunca disse que eu era masoquista, não era relevante, eu sabia o que gostava e isso que importa... Foi assim que conheci meu marido... Em um encontro BDSM, possivelmente o homem mais feio dali, mas que conforme conversávamos percebi que era apenas um disfarce, pois na verdade ele era o mais lindo dalí.

Ele também era masoquista e não! Os opostos não se atraem... São as similares que se complementam.

Por ele também ser masoquista que nos entendemos bem... Revezando em turnos nosso prazer masoquista... Dois anjos que assopram : "E se...?" em nossos ouvidos.

A única pessoa no mundo que dei direito a me amarrar e descobri o prazer das cordas que roçavam no meu corpo, queimando de leve enquanto propositalmente eu tentava me soltar só para sentir ela se molhando em minha buceta molhada... Assim como, foi junto a mim que ele deixou de lado essas inseguranças masculinas que o impedem de se entregar ao prazer. Somos um!

Espero que a jornada de vocês seja tão boa quanto a minha e se eu tivesse um conselho para dar seria apenas esse:

"Seja senhora do seu prazer"