Como você pode ser tão egoísta?!

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Encarava os pingos de chuva se chocarem contra os vidros sujos da janela. A forma como eles lentamente escorriam por ela, formando uma trilha lenta e suave que aos poucos, desaparecia.

Já se faziam duas semanas desde a morte de Huening Bahiyyih e como tudo mudou desde então. Todos que estavam presentes naquele local no dia, se recordavam perfeitamente da mais nova. Sabiam sobre como de fato morreu e a causa de sua morte.

Enquanto que os que não tinham conhecimento sobre si, tiveram suas memórias corrompidas, sofrendo alterações e até mesmo sendo refeitas. Foram manipulados para crer que a mais nova havia morrido por causa de uma explosão que ocorreu devido a um atentado terrorista em sua escola. Por esses motivos, o corpo nunca teria sido encontrado.

Desde a morte da loira, Hyunjin não havia despertado, depois que tudo acabou, ele entrou em coma... sem chances de acordar tão cedo.

Durante esse ocorrido, seus amigos tentavam superar o luto de suas próprias maneiras, mesmo que todos tivessem se afastado, pois a única coisa que os mantinha unidos, tinha se sacrificado para continuarem vivos.

Estava pendurado pela corda em volta do pescoço, se contorcendo com a falta de ar, observando a chuva cair lentamente do lado de fora. Mas, assim como de costume, a corda arrebentou e seu corpo foi de encontro ao chão, agitando os pássaros que estavam em sua gaiola.

- Mais uma tentativa falha. - a voz desanimada e cansada de Felix se fez presente, levantando-se e lentamente indo até o calendário para marcar mais um dia em que tinha fracassado.

Diferente de antes, o mais novo não tentava ser pontual e chegar rapidamente na escola, continuar com sua obsessão de descobrir mais sobre Hyunjin ou até mesmo contar suas ideias mirabolantes para Chris. Apenas o vazio preenchia seu peito devastado.

Mesmo que o relógio marcasse dez horas da manhã, isso não importava. Cumpriu suas necessidades matinais e alinhou seus óculos antes de passar pela porta de entrada, sentindo um incômodo em sua ferida no nariz.

Sempre odiou as lentes de contato, por sentir incômodo ao usá-las. Seus olhos ficam lacrimejando às vezes, mesmo que os óculos o incomodasse as vezes, conseguia suportar.

Não se preocupava com o futuro, sequer se importava com o presente. Apenas queria que tudo aquilo acabasse, que todos os pensamentos constantes de saudades fossem embora, já não aguentava mais.

Como nos últimos dias, sentou-se na última carteira ao lado da janela, vendo os olhares curiosos e escutando as pessoas fofocarem. Colocou seus fones de ouvido e ficou de cabeça baixa, observando a chuva cair, até eventualmente, acabar dormindo durante a aula.

(...)

Ignorando todos os olhares só seu redor, se pôs a caminhar em passos lentos até o clube de jornalismo. Passou ao lado das pessoas que antes estavam sempre ao seu lado, seus amigos, a sua verdadeira família.

Os olhares preocupados deles não foi o suficiente para o fazer encará-los ou dar meia volta para falar com eles, apenas continuou seu caminho, ignorando a presença destes.

Os olhos de San estavam marejados por ser ignorado por Felix, assim como os de Hyeong Jun que rapidamente o abraçou, fazendo com que Wooyoung sentisse um enorme aperto no coração ao ver aquela cena.

Yongbok buscou a chave em seu bolso assim que chegou em frente a sala do clube.

As memórias que teve com a menor no clube rapidamente ocupou sua mente, sentindo os olhos se molhar com suas lágrimas que estavam prestes a cair.

As mãos trêmulas rapidamente torceu a chave na fechadura, abrindo-a e passando por ela na mesma velocidade, sendo tomado por aquelas sensações nostálgicas novamente.

Quando fechou a porta, caiu de joelhos e liberando a dor angustiante que sentia a dias. Para si, já era difícil de viver com o vazio que a perda o proporciona, porém ser traído por seu melhor amigo o machucou ainda mais.

Christopher era seu pilar, o seu apoio. Foi a pessoa que mais esteve ao seu lado quando Hyunjin se afastou, todavia independente das memórias criadas, o fato de tudo aquilo ter sido uma ilusão era doloroso para si.

Tirou o casaco deixando os cortes em seus braços expostos, deixando o frio arrepiar sua pele enquanto os soluços altos saiam por sua boca. A lembrança daquele lugar o feria demais, desde a morte da Huening sempre fora para aquele local, para chorar até acabar dormindo no sofá que tinha ali.

Com os dias que se passaram, a pele do Lee se tornou pálida, seus lábios não eram tão vermelhos quanto antes e havia emagrecido nesse meio tempo, adquirindo um peso total de 50 quilos.

Seus fios não tinham o mesmo brilho de antes e suas olheiras estavam profundas devido aos pesadelos recorrentes que tinha do dia em que a loira se sacrificou. Os olhos azuis e o cabelo vermelho se tornaram uma memória dolorosa para si.

Como havia tentado fazer nas últimas semanas, buscou o canivete que estava sempre em seu bolso e segurou firmemente em suas mãos. Vendo as tremer ao ver os vários cortes antigos e recentes em seus braços e pulsos.

Era um covarde e sabia disso, nunca teve coragem de tirar a própria vida, apenas descontava todas as suas frustrações em seus cortes, mas pela primeira vez, sentia que conseguiria cumprir esse objetivo. Nada mais só seu redor lhe importava, sequer conseguia prestar atenção em algo que não fosse ao que estava prestes a fazer.

Antes da lâmina perfurar sua pele, a porta foi rapidamente aberta por Chris, que correu até Felix e colocou sua mão em cima da área que seria cortada, tendo sua mão perfurada no lugar.

Entretanto, antes que o sardento pudesse questionar o motivo da intromissão, Changbin passou pela porta em passos largos e fortes, com o maxilar travado e os olhos marejados.

Sem pensar duas vezes, desferiu um soco no lado esquerdo do seu rosto e mais um no lado direito, fazendo com que por causa do impacto, fosse jogado para trás no sofá.

- Como você pode ser tão egoísta?! -esbravejou o Seo com a voz embargada. - O sacrifício dela foi em vão?! - tornou a falar enquanto deixava duas lágrimas caírem pela primeira vez naqueles últimos dias.

O segredo de Hwang Hyunjin // Hyunlix Onde histórias criam vida. Descubra agora