— VOCÊ TÁ LOUCO? — gritou Noah. — VOCÊ CHANTAGEOU E DEPOIS CONTRATOU A SINA? A MESMA SINA COM QUEM VOCÊ COSTUMAVA TOMAR BANHO? ESSA SINA?
Jonah não estava com humor para se defender do irmão. Sério, por que era tão importante? E daí que ele tinha cobrado um favor?
— Desculpa, cara, tenho muito trabalho pra hoje à noite. Podemos conversar depois?
Noah ficou em silêncio por um tempo, o que realmente não era um bom sinal. Significava que ele estava pensando, o que significava que ele provavelmente ia ter uma dor de cabeça e depois ia culpar Jonah de manhã. Ele e Noah não conversavam muito, nos últimos anos. Isso até a avó dos dois começar a se meter na vida deles no último ano. O pobre Noah tinha sido deixado de fora a maior parte das vezes, mas seu número estava quase subindo.
Dos dois irmãos na família, Noah era o protetor, o que sempre seguia as regras. Quando Jonah e Sina soltavam fogos de artifício às duas da manhã, Noah sempre era quem assumia a culpa. Não gostava de ver Jonah encrencado, nem Sina.
E foi por isso que, quando Jonah errou tanto com a melhor amiga, Noah jurou que nunca o perdoaria por ter sido tão babaca com a única garota que parecia ser perfeita. Embora Jonah não tivesse contado a Noah os verdadeiros motivos da briga, supunha que o irmão provavelmente pensava o pior. Se Jonah não tivesse tanta certeza dos sentimentos de Noah em relação a Sina, poderia pensar que o irmão mais velho tinha uma quedinha por ela.
Mas isso era impossível.
No mínimo, Noah tinha torturado Sina mais do que Jonah. Isso dizia muito, porque ele tinha pregado muitas peças nela quando era pequeno.
Noah, no entanto, era pior. Não passava um dia sem puxar o cabelo de Sina, jogar pedras nela ou criar o Clube Garotas são Feias e Burras e eleger Sina como sua mascote.
O silêncio do outro lado do telefone foi interrompido.
— Não tenho certeza se essa é a melhor ideia, cara. Quero dizer, essa é a garota que te viu pelado antes da adolescência. Mamãe vai saber que é armação.
— Não. — Jonah xingou e passou os dedos pelo cabelo. — Não vai, porque não vamos contar a ela, vamos, Noah?
— Você sabe que, de todo mundo na nossa família, eu sou o pior mentiroso? — perguntou Noah.
— Não, não, não é. A Sina é...
— Ah, sim, nesse caso... — Noah xingou do outro lado da linha.
— Não importa. Isso significa muito para ela agora. Além do mais, você realmente quer que a vovó morra?
— Hum, ela vai mais do que morrer se descobrir que você está mentindo. Dez pratas que ela vai ter um derrame e implorar a Deus pra deixar ela voltar para te matar com as próprias mãos. Acredite em mim, se alguém tem uma ligação com Deus, esse alguém é a vovó. Caramba, Ele provavelmente a ajudaria a planejar sua morte.
— Já acabou? Eu não estava brincando quando falei do trabalho. Se pretendemos estar em Oregon na sexta, preciso dar um jeito nessa papelada.
Noah suspirou do outro lado da linha de novo, provavelmente mandando Jonah pro inferno por fazê-lo jurar lealdade e silêncio.
— Tudo bem, mas, quando isso estourar na sua cara, e vai estourar, vou fingir que não sei de nada.
Jonah bufou.
— Acredite em mim, ninguém vai acreditar que você fazia parte de um plano tão brilhante.
— Certo, bem, boa sorte. Você vai precisar. — A linha ficou muda, deixando Jonah sozinho com seus pensamentos.
