Capítulo Único

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Pepper tem feito papelada a manhã toda. Nunca acaba. Ser a CEO de um dos maiores conglomerados de tecnologia do mundo é ótimo, irreal e tão gratificante, mas caramba, às vezes é uma droga.

Seu trabalho tira o tempo de estar com sua família, e ela não pode passar tanto tempo com eles quanto gostaria. E a papelada. Deus, a papelada.

Ela encara os papéis em sua mesa com um olhar sombrio até parecer que seus olhos vão queimar um buraco nos contratos se ela continuar fazendo isso. Seu telefone vibra com uma mensagem de texto sobre a mesa e ela lê a hora. 13h. Olhando para os papéis, ela decide que precisa de uma pausa de toda a questão. Já passa do meio-dia, ela poderia almoçar. Empurrando um suspiro pesado, ela se levanta da cadeira, seus olhos acidentalmente pegando o noticiário que está passando na TV que ela gosta de ter para preencher o silêncio em seu escritório.

Ela se abaixa lentamente, uma mão trêmula alcançando o controle remoto para aumentar o volume.

"...assalto a banco deu errado no Queens. Estamos recebendo imagens ao vivo do local do crime, onde um adolescente de 15 anos foi gravemente ferido. Testemunhas relatam que um jovem foi baleado depois de tentar impedir os criminosos. A última vez que ouvimos, seu estado é crítico e ele está sendo levado às pressas para..."

Os ouvidos de Pepper estão zumbindo e seu estômago é apenas um poço oco com a forma como seu corpo é tomado por todo o pavor abrangente. Estatisticamente, há muitos adolescentes de 15 anos no Queens. A cidade está cheia de adolescentes de 15 anos que são todos corajosos à sua maneira. Este não tem que ser seu adolescente.

Uma memória vívida desta manhã surge na mente de Pepper, de Peter dizendo a ela para não esperar por ele em casa depois da escola. Que ele iria para Ned logo após o treino de Decatlo.

O peso em seu peito diminui, só um pouco.

Então provavelmente não é Peter.

Ela pega o telefone, porém, e liga para o menino de qualquer maneira, só para ter paz de espírito.

Vai para o correio de voz.

O peso retorna dez vezes mais.

Em seguida, ela encontra o número de Ned e espera com o coração martelando pela gagueira familiar. Mas ele também não atende.

Um tipo de urgência entorpecedora toma conta dela e ela se levanta de seu lugar na mesa, os contratos caindo no chão em sua pressa de sair do escritório.

O barulho de seus saltos ecoa no corredor que ela atravessa para chegar ao laboratório estúpido em que seu noivo passa tanto tempo.

Como um furacão, ela invade o cômodo, "Tony".

O homem gira em sua cadeira, apontando uma chave de fenda para ela.

"Eu sei o que você vai dizer, eu vou assinar o- Pepper? O que está errado?"

"Tony-" ela tenta recuperar o fôlego. "É Peter, ele é..."

"Peter?" Tony se levanta de sua cadeira e caminha até sua noiva. "O que tem Peter?"

"Ele... houve um assalto a banco no Queens. Eles disseram que um adolescente tentou pará-lo e foi baleado e que é crítico e ele tem 15-"

"Tudo bem, devagar-"

"-e agora não consigo falar com ele-"

"Ei, ei, devagar-"

"-e Ned não está atendendo-"

"Pepper!"

O volume alto de Tony a assusta e só agora ela percebe que está quase hiperventilando.

O homem gentilmente a agarra pelos ombros e respira fundo, que ela copia, embora muito mais trêmula.

Vivo e curado - Irondad and SpidersonOnde histórias criam vida. Descubra agora