ignorante, arrogante, intolerante e estressante.

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Ele abre a porta do quarto com tanta força que mesmo de fones consigo ouvir. Eu já sabia porque ele estava aqui e o que ele iria fazer, mas mesmo assim me virei em minha cadeira para vê-lo em seu vestido preto, all-star e fios loiros.

Ele pegava livros e CDs da minha estante como já estava acostumado, e como eu também já estava acostumado. Sem se importar com a minha presença no quarto porque ele sabia que eu não me importava.

— São Cipriano? — eu perguntei.

— Sim. — ele respondeu, não se dando o trabalho de levantar os olhos do livro para me responder.

Do jeitinho ignorante dele.

Meu gato entra no quarto e aí sim ele dá atenção para algo além de meus livros. Ele sempre conversava com o bichano e realmente acreditava que ele entendia tudo.

— Com ele você fala.

— Ele é mais bonito que você.

Como sempre, arrogante.

Eu sempre me esquecia de como ele era rápido lendo livros, então depois de pouco tempo ele guardou o livro e se sentou na minha frente.

— Sua vibe tá diferente hoje.

— Não acho.

— Tá sim.

Ele falava o que queria e eu fingia que entendia. Porque ele era intolerante, e eu amava isso.

E estressante. Ele era estressante.

Todas as nossas brigas terminavam do mesmo jeito. Ele podia ser ignorante, arrogante, intolerante e estressante mas não gostava de brigar, porque ele sabia que sempre estava certo e não se dava o trabalho de continuar. Ele dava seu sorrisinho meigo como quem não quer nada.

— Você sabe que eu tô certo...

Pode parecer a frase mais arrogante do mundo, mas não vindo daquele sorriso inocente.

No final ele me beijava com toda aquela sua raiva e a noite terminava com nós dois na cama enquanto ele dizia:

— Bons pesadelos. — porque com ele nunca era bons sonhos.

Às vezes ele me trazia flores que ele esperava morrer para me entregar, e eu retribuía pegando as flores mortas que caiam das árvores em outubro. Sua felicidade com a falta de cores, cheiros e vida era exatidão.

Ele era como um grande vilão charmoso e incrível. Ele arrebentou as portas do meu coração e alma com um machado e eu o deixei tomar conta de tudo porque ele era dono do olhar mais hipnotizador que eu já tinha visto.

Ele tinha o amor mais louco que já tive a chance de provar.

Como uma overdose.

Poderia me matar, mas enquanto isso não acontecia, a adrenalina de viver com ele me preenchia.

Quem via de fora com certeza achava estranho. O casal mais problemático que essa sociedade já tinha visto, mas ele era problemático e eu também, ele surtava e eu também, e era por isso que nós dois juntos se dava muito bem.

Sua raiva explodia como se fosse criar um buraco em sete além e me levar junto.

Ele ficava lindo com aquele vestidinho preto, all-star e fios loiros. Seu sorriso meigo os faziam esquecer do seu bracelete de esqueleto e daquela tatuagem do inferno de Dante que ele tinha bem no meio do peito.

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𝐒𝐞𝐭𝐞 𝐀𝐥𝐞́𝐦 !¡ 2𝑚𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora