16 - Decisão

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Após aquela fatídica tarde, Sasuke se dirigiu até a sua casa, sentindo os dedos arderem por conta dos ferimentos. Analisou o seu reflexo no espelho do banheiro: o suor escorria da sua testa, suas bochechas extremamente coradas, assim como seus lábios. Enormes bolsas roxas abaixo dos olhos, consequência das inúmeras noites mal dormidas, e uma aparência totalmente enfadada.

Depois de se despir por completo, adentrou o box, deixando a água morna escorrer pelo seu corpo, o livrando do cansaço. Vestiu roupas casuais e deitou-se a cama, fazendo o seu próprio antebraço de travesseiro.

Naquele momento, a única coisa que ocupava sua mente era o breve encontro que havia tido com o seu irmão e a sua proposta. Aliás, porque ele iria querer lhe contar a verdade sobre tudo somente agora, depois de tanto tempo?

Ao mesmo tempo que sentia ódio pelo acontecimento de anos atrás com os Uchihas, sua curiosidade aumentava cada vez mais quando lembrava que ele poderia lhe tirar dúvidas sobre o clã Aoki. A dúvida que tanto lhe atormenta desde que conheceu Yuno.

Naquela noite, Sasuke havia a passado em claro. Pensando nos três dias que Itachi havia imposto para que pudesse pensar calmamente.

Ao contrário de Sasuke, Naruto havia se divertido bastante durante aquela noite. Em meio as risadas e assuntos aleatórios, seguiram de volta ao hotel onde o Kazekage estaria hospedado, esbarrando com Temari e Kankuro.

- Finalmente, os dois resolveram aparecer! - a garota exclamou, cruzando os braços na frente do corpo. - Achávamos que havia o sequestrado. - referindo-se ao Naruto.

- Ora, não seja tola! Eu não sou tão descuidado ao ponto de me deixar ser sequestrado assim, tão facilmente. - Gaara proferiu, levemente irritado.

Temari riu da reação do irmão mais novo.

- Enfim, por acaso vocês já terminaram a excursão? - a garota tomou a palavra.

- Sim. - Naruto disse, pela primeira vez.

- Que bom, porque eu estou cansado e nada afim de sair por aí a essa hora. - Kankuro disse, entre bocejos.

Recebendo um olhar repreendedor de Gaara. Os quatro, enfim, subiram até finalmente estarem no quarto do ruivo.

- Aqui - ele caminhou até o loiro, com algo pequeno em mãos. - Eu trouxe um presente para você.

Gaara pôs o objeto nas mãos de Naruto, que exibiu um enorme sorriso quando viu o que era. Uma pequena Kurama feita de areia. O brilho em seus olhos e sua agitação denunciava o quanto havia amado o presente.

- Será que ela se desfaz caso eu a aperte? - perguntou, entortando os lábios.

- É melhor não fazer isso. - Gaara aconselhou.

Naruto sorriu, mais uma vez.

- Eu amei! E com certeza, vou guarda-lo com todo carinho. - ele aproximou o objeto do seu rosto, para observa-lo melhor.

- Eu queria te dar algo, como uma espécie de lembrança, ou algo do tipo, e a única coisa que eu consegui pensar foi nisso. - o Kazekage coçou a nuca, tímido.

- Não importa se é algo simples, e sim o que a pessoa nos quer transmitir através do presente. - explicou, Naruto. - Deve ter levado um tempo para que ficasse pronto, não é? - ergueu as sobrancelhas.

Gaara assentiu com a cabeça, o olhando com ternura.

- Bom, eu gostaria de ficar mais e aproveitar o resto dessa noite com vocês, mas já está tarde e eu preciso voltar para casa. - voltou a dizer, em um tom triste.

- Não tem problema. Essa não será a última vez que nos encontramos. - o ruivo tomou a palavra.

- Sempre iremos nos esbarrar, seja em Konoha ou em Sunagakure. - Temari disse, com os olhos vidrados na enorme e brilhante lua no céu. - Você não vai se livrar do Gaara, nem tão cedo! - ela murmurou, voltando seu olhar para o loiro.

- Temari! - o irmão mais novo a repreendeu.

- Quê? Eu só falei a verdade. - ela deu de ombros, arrancando um sorriso de Naruto.

- Vamos, Naruto. Eu o acompanho até a porta - os dois, então, caminharam até a saída do hotel, onde se despediram.

Ainda encantado com a pequena obra de arte que havia recebido, ele caminhou em passos curtos até a sua casa. A noite estava bonita demais para não ser apreciada. Sentiu algumas gotas molharem o seu moletom e olhou para cima, vendo algumas nuvens carregadas no céu.

Não demorou muito para que chegasse em casa, também não demorou para que a chuva forte caísse lá fora. Agradeceu por ter chegado a tempo de não ficar completamente encharcado. Ajeitou-se da forma de sempre e deitou a cama, pondo a pequena Kurama sobre a mesa de cabeceira. Com um sorriso no rosto, e ao som das gotas de água indo de encontro ao teto, o garoto adormeceu.

...

- Naruto? O que está fazendo aqui? - Sasuke questionou, franzindo as sobrancelhas ao ver o garoto parado na sua frente.

Estava tarde, e chovia muito naquele momento. O que diabos esse garoto está fazendo aqui fora nessa chuva? Era o se passava na sua mente. O Uchiha deu um passo na direção do garoto, se arrependendo amargamente de tê-lo feito.

Seus olhos se arregalaram e sua respiração falhou quando viu a lâmina de uma espada atravessar seu peito, completamente suja de sangue. Naruto se ajoelhou diante o garoto, e quando finalmente já estava no chão, sem vida, Sasuke viu Yuno surgir ao seu lado, com um sorriso diabólico nos lábios e empunhando uma espada ensanguentada.

Nada saia da sua boca, apenas risadas, risadas que fariam qualquer um se arrepiar. Seus joelhos falharam, o derrubando no chão. Trêmulo, ele aproximou suas mãos no rosto sem vida do Uzumaki, vendo tudo embaçado por causa das lágrimas que se acumulavam em seus olhos.

- Adeus... Sasuke. - e antes que a espada pudesse atravessar o seu peito, Sasuke acordou, sentindo sua respiração ofegante.

Seu rosto estava molhado de suor. Podia sentir o seu coração palpitar aceleradamente dentro do peito. Olhou para a janela e tentou controlar a respiração, ouvindo o som da chuva que caia lá fora. Para alguns, aquele som poderia ser reconfortante, mas para Sasuke, aquilo era agonizante. Sentia a aflição em cada centímetro do seu corpo. O garoto empurrou o cobertor para o outro lado da cama e andou em passos lentos até o banheiro, acendendo a lâmpada.

Após encarar o seu rosto pálido no reflexo do espelho, o molhou com a água fria que caia da torneira, limpando todo o suor que havia ali. Com uma toalha, ele o enxugou e foi até a cozinha, pondo um pouco de água em um copo. Enquanto sentia o líquido escorrer pela sua garganta e observava a chuva traçar um "caminho" no vidro da janela do seu quarto, pensava no pesadelo que havia tido há alguns minutos atrás.

Obviamente, esse sonho só podia ser um sinal. Sinal de que se ele não fizesse algo, Yuno poderia tentar algo contra a vida do Uzumaki, ou até mesmo a do Uchiha. Sasuke temia pela de Naruto. Não queria e nem podia deixar que absolutamente nada acontecesse a ele. E depois de passar quase a madrugada inteira refletindo, havia finalmente tomado a sua decisão.

Até Meu Último Suspiro | SasuNaru |Onde histórias criam vida. Descubra agora