André não sabia o que pensar. Nem o que fazer ou dizer, na verdade não sabia de nada. Diante do que estava vendo ficou apenas atônito, paralisado. Mas logo recobrou a consciência. Fechou a porta do quarto e saiu correndo. Na casa de Jonatas contou tudo que vira.
Jonatas agora demonstrava estar tendo a mesma reação de perplexidade que André teve. E depois de alguns minutos paralisado rompeu o silencio com uma interjeição.
- "Caramba..."
André o deixou ali e foi preparar um café. Jonatas explicou que não sabia o que dizer diante da situação e pediu que André não se chateasse se faltasse palavras de consolo da parte do amigo. Mas André compreendia, também não esperava nenhum consolo. Apenas saíra de casa às pressas e queria um lugar pra ir e alguém para compartilhar do que vira. A casa de Jonatas era um lugar perto e contava com a presença de Jonatas lá, então calhou. Não que eles não fossem amigos próximos o suficiente para se atenderem nesse tipo de situação, mas é que embora fossem grandes amigos e já tivessem vivido tantas coisas juntos, fazia um tempo que um não visitava o outro. Mas André ainda guardava atributos da liberdade que tinham entre si, como preparar ele mesmo um café na casa do outro sem precisar de permissão previa.
Uma xicara de café quente na mão de cada um, os deixou mais a vontade para falar do assunto. André tomou um gole e disse:
- O que você faria no meu lugar?
- Eu... - Jonatas tomou um gole, pensou um pouco e continuou:
- ...Não faço ideia.
Ambos riram e André teve um daqueles ataques de riso em que não conseguia parar de rir e se engasgou com o café, rindo com a mão na boca para não cuspir café em tudo. No fundo aquela risada bem poderia ser de nervoso.
- Não estou melhor que você... Também não faço a menor ideia.
- Fala com ela...
- Tá maluco? Eu não quero nem olhar na cara dela... Acha que vou ter coragem de falar com ela sobre isso?
- Cara, não estou querendo me meter, essa é uma decisão sua, mas o mais adequado a se fazer é isso. Você não pode simplesmente fingir que não viu.
- Tudo bem. Eu não preciso falar com ela. Eu só conto pro meu pai e ponto. - André terminou essas palavras sabendo que de uma forma ou de outra o casamento dos seus pais estava na eminencia de acabar. Só de imaginar sentiu um frio de agonia na barriga.
- É como eu tô te falando. Você não pode fingir que não viu, mas acho que você deve agir com sabedoria nesse caso. é um assunto muito delicado. É difícil , mas o mais correto a se fazer é você falar com ela primeiro. Contar o que viu e convence-la a falar a verdade pro seu pai.
André percebeu que Jonatas tinha razão e que ter vindo a casa dele foi a coisa mais certa a se fazer. André realmente não fazia ideia do que devia fazer sobre isso.
Jonatas continuou:
- Se ela não quiser te ouvir então você conta pro seu pai.
André estava pensativo. Queria saber se teria coragem para ter esse nível de conversa com a mãe. Era constrangedor só de imaginar. Achou que não ia conseguir.
Ele foi finalmente pra casa e chegando lá teve de encarar sua mãe. Quando entrou, ela estava lá na sala, sentada no sofá, como se já o estivesse esperando. Foi ela quem falou primeiro:
- Filho... sobre o que você viu hj mais cedo... Aquilo... O seu pai já sabe. É um pouco complicado e eu não sei nem como dizer, mas nós estamos nos divorciando. Não queriamos contar nada pra você antes da hora. Queriamos achar um momento certo. Ele vai ficar uma fera comigo de você ter descoberto dessa maneira. Eu sou uma idiota. Não sei no que eu estava pensando. Eu e o Marcio... o homem que você viu hoje cedo estamos juntos e...
