1 - Acidente e carona

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_ Mana do céu, perguntei se ele comeu direito hoje e ele respondeu que FEZ MIOJO. Pelo visto vou ter que casar com esse garoto pra fazer comida direito pra ele... _ Magnus contou para Catarina, como um segredo, enquanto tomavam sorvete na lanchonete, naquela tarde quente de verão. Fazia pelo menos 39° à sombra e ambos se deliciavam com o gelado, porque mereciam.

_ Vocês engataram uma amizade virtual, não é?! Você não presta, Magnus! _ ela riu um pouco alto, dando um soco leve no ombro dele.

_ Ahh mas ele é tão gato, tão gostoso...Claro que eu não iria perder essa oportunidade...

_ Mas ele mal fala..._ ela provocou, ainda rindo.

_ Pessoalmente! _ Magnus defendeu. _ No chat ele conversa, até brinca... Ele usa figurinhas de gatinhos. Ah, ele é um amorzinho..._ bateu os cílios, com aquele sorriso bobo que Catarina já conhecia.

_ Ah, Magnus, pelo amor de Deus! Não me diz que já está apaixonado por esse garoto. Esse é o quê, o décimo deste ano? Você não pode ver um carinha mais ou menos que se apaixona? _ bufou, revirando os olhos._ Não é à toa que está sempre com o coração partido.

Magnus fez uma careta, franzindo o nariz e puxando o canto da boca para cima. _ Você é tão ridícula... Isso só mostra como eu sou um incompreendido... Alec é diferente..._ suspirou, olhando para o nada.

_ Meu Deus! Está apaixonado mesmo... E por um porra-louca que dorme numa oficina, toma banho com graxa e come miojo no café da manhã _ ela riu. _ Magnus... sem condições! _ sentenciou.

Magnus apenas revirou os olhos novamente e sorriu, voltando a se concentrar no sorvete e deixando a conversa no limbo. Talvez estivesse se apaixonando por aquele garoto lindo e sujo de graxa, mas quem poderia culpá-lo? Ele parecia um anjo sujo, tinha um jeito bruto e desligado, mas usava figurinhas de gatinhos...e isso era fofo.

Havia conhecido Alec há cerca de 15 dias, talvez uns dias a mais ou a menos, não era muito bom com datas. O que importava era que dois pneus do seu carro furaram ao mesmo tempo e Magnus quase morreu quando rodopiou na pista, no meio do nada. Havia sido um susto e tanto, e depois de ficar vários minutos parado, dentro do carro, agarrado com força ao volante, soltou o ar e começou a pensar no que fazer.

Quando desceu para ver o que havia acontecido, viu os pneus furados e a batida na frente do carro, ocorrida durante o rodopio. O capô estava danificado e uma fumaça cinza subia pelo vão formado pelo machucado na lataria. Teria perdido o motor também?

Para sua sorte, o carro havia parado fora da estrada, mas era tarde da noite e não queria ficar ali.

Voltou para dentro do veículo e procurou o contato do seguro. Depois de conversar com a atendente - uma moça educada demais para quem trabalhava em plantão noturno -, ficou combinado que um guincho iria rebocar o carro e um táxi iria buscá-lo. Magnus então relaxou um pouco e recostou-se, fechando os olhos enquanto esperava que tudo se resolvesse.

Quase duas horas depois, acordou com batidas leves no vidro ao seu lado. Acordou meio tonto, com o sonho que teve, no qual os pneus do seu carro furavam e ele rodava na pista, batendo numa pedra, em seguida. Ao abrir os olhos e piscar várias vezes, para acordar direito, viu que não era sonho. Estava mesmo ferrado.

Apertou os olhos para ver quem ou o que o acordou e viu apenas um crachá grudado ao vidro. Havia um nome _ Alec_ e o nome da oficina e reboque que a atendente do seguro havia dito que iria em seu socorro.

O crachá foi afastado e ele viu um homem alto, parado ao lado do carro, usando um macacão preto, os braços cruzados na frente do peito.

Magnus ainda ficou na dúvida. E se aquele fosse um serial killer que tivesse matado o mecânico?

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