10 coisas que eu aprendi com você

Carolina, Carol, Carol, Carolina bela.

Três fatos importantes sobre mim:

Eu acabei de fazer 25 anos.

Estou no quinto período da faculdade de medicina, diretamente do setor mais odiado da UFPE. Os "mediciners".

Juntei dinheiro a minha vida in-tei-ra para algum dia fazer intercâmbio. Pois bem, depois de muito organizar aqui e ali, poupar todos os centavos possíveis na escola, não comer lanche fora de casa com os amigos — é, eu não fui a amiga mais divertida do grupo nos últimos anos —, e levar todos os dias comida para a faculdade para não ter que gastar dinheiro fora dela; consegui o dinheiro. Mas não o dinheiro todo, porque aí já era contar com a sorte demais, verdade seja dita eu parcelei meu intercâmbio em 24x e eu espero encarecidamente que o Work and Travel pague essa dívida.

O que você pode entender sobre mim a partir desses três fatos é que eu nunca tive escolha a não ser de batalhar pelos meus próprios sonhos. Cresci sendo bolsista em escolas particulares, então desde cedo eu já sabia que não era igual a maioria das pessoas do meu círculo social. Fui além dos meus limites para chegar onde cheguei hoje. Ensopei meu travesseiro de lágrimas várias noites seguidas. Por vezes, pensei que não conseguiria. Mas consegui e a hora de partir finalmente chegara — quer dizer, partir por apenas seis meses, que é o que os meus termos de trabalho custeavam —.

Mesmo com o pouco tempo de viagem, isso não impediu a despedida chorosa de meus pais e minha melhor amiga no aeroporto.

— Minha filha, toma cuidado!!! Qualquer coisa se quiser voltar, não tem problema, a gente te busca e dá um jeito na multa da agência!!! — disse minha mãe, chorando de soluçar enquanto acariciava minhas tranças.

— Mainha, calma!! Eu não vou pedir pra voltar! Vai dar tudo certo por lá, confia em mim. Seis meses vão voar rapidinho!! — tentei tranquiliza-la dando um beijo em sua testa.

Meu pai tentava prender o choro, mas sua cara de tristeza batia totalmente de frente com a sua pose de mal.

— Pai, tá tudo bem. A gente vai se falar todos os dias, eu juro juradinho! — o abracei.

— Eu sei, eu sei. — me respondeu monossilábico, tentando conter a emoção.

Após me despedir dele, me virei para me despedir da minha amiga Beatriz.

O que você precisa saber sobre Beatriz é que nós fomos grudadas a nossa vida inteira e era extremamente difícil viver 6 meses sem a companhia dela, mas teríamos que descobrir o que iria dar.

— Eu quero foto todos os dias no WhatsApp, ouviu bem? Todos os dias. Se você sumir, eu vou pegar um avião e vou atrás de você!!!! — disse Bia, me abraçando forte e chorando um pouco no meu ombro.

— Te amo, galerosa. — sussurrei.

— Também te amo, caça-rato. — ela sussurrou de volta.

Meus pais e Beatriz me acompanharam até o salão de embarque. Não demorou muito para que meu vôo finalmente saísse.

Uma viagem de 12h e 52min estava pela frente, mas algo dentro de mim sabia que a minha jornada na cidade que nunca dorme seria muito maior do que horas poderiam contabilizar.