Enquanto entrávamos, a sra. Johnson — minha host mom — já tirava dos pés os seus tênis surrados e muito sorridente dizia:
— Você precisa conhecer nossa casa, Carolina!!! Ann, você pode levar a Carolina para conhecer a casa? Os meninos precisam de um banho — perguntou com a cabeça em direção à filha adolescente.
Irritada, ela bufou um pouco e acatou a vontade da mãe.
— É por aqui. — disse Ann, enquanto me levava para conhecer os cômodos da casa.
Era realmente uma casa enorme, assim como nos filmes norte-americanos. O assoalho era de madeira, como uma clássica casa estadunidense, enquanto o teto era bem diferente de tudo o que eu já havia visto no Brasil.
Os quartos eram grandes e próximos uns dos outros. O primeiro quarto do corredor era o da sra. Johnson, ao lado deste o das crianças, ao lado delas o da filha adolescente, e por mim havia mais dois; o de hóspedes, que seria o meu, e um reserva para quando a secretária da host mom precisava dormir.
Entre reparar nos pequenos detalhes do corredor, não pude deixar de notar as fotos da família e como eles pareciam tão felizes até o que aparentava ser pouco tempo; mas algo rompera a felicidade.
Ann limpou a garganta ao perceber que eu olhava as fotografias.
— Linda família, não é? — seu tom era de ironia.
— Vocês todos formam uma grande família linda sim. — me esquivei.
— É o que você acha por enquanto. — respondeu e deu de ombros — mas então, quer que eu te mostre a parte do sótão, escritório, ladeira e tal, ou até aqui tá bom pra você?
— Até aqui tá ótimo!!! Eu não quero incomodar, de forma alguma. — murmurei nervosa.
— Tá tudo bem, não é incômodo algum. Olha, já que é verão e minhas amigas resolveram me fazer o favor de irem pra Miami — seu tom de insatisfação era quase que paupável — quer ir comigo na Starbucks tomar um café? Espera, existe Starbucks no Brasil? Porque eu sei que vocês tem tipo, Amazônia, praia...
— Eu vou te interromper antes que você fale mais esteriótipos sobre o meu país, tá bom?
Ela sorriu. Pela primeira vez eu vi a adolescente resmungona sorrindo.
— Ann, no Brasil existem Starbucks, mas onde eu moro não. Mas tem outros lugares disponíveis pra tomar café, não é como se a gente vivesse na caverna ou algo do tipo. — expliquei-a.
— Ah sim, entendi. Mas e aí? Vai querer ir ou não?
Eu estava há 12h e mais alguns minutos sem dormir, porém não estava em posição de rejeitar passeios turísticos num lugar que eu sempre sonhei. E ainda com a premissa de que eu poderia fazer amizade com a pessoa mais difícil da casa.
— Ok, mas você me deixa tomar um banho primeiro?
— Cierto!! — ela respondeu.
— Não é meu idioma, Ann. Não é meu idioma. — respondi em tom de brincadeira.
Ann me levou até um dos muitos banheiros da casa e fiquei impressionada com o tamanho da banheira.
Uauuuuu!!! Cara, sério, Bia tem que ver isso!!!
Minha reação foi imediatamente pegar o celular e tentar ligar para ela no FaceTime, mas ela não atendia.
Ahhh, tudo bem! Vou tomar banho logo para adianta as coisas.
A água morna era extremamente relaxante e os sais que estavam dentro da banheira só tornava o banho ainda mais relaxante. Me senti, por um momento, como a Marilyn Monroe.
Essa era a sensação de viver um sonho.
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10 coisas que eu aprendi com você
RomanceCarolina Amorim finalmente estava realizando seu sonho de intercâmbio em New York, o que ela não esperava era que o aprendizado maior estava fora do curso.