Capítulo Quatro

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  Dormi mais do que devia na manhã seguinte, acordando assustado e xingando em voz baixa quando vi a hora. Seis e quinze. Não teria tempo para tomar um banho e colocar o café na mesa às sete horas. Corri ao banheiro da suíte e escovei os dentes. Mal me olhando no espelho, passei uma escova no cabelo. 

  Peguei uma calça jeans e uma camisa de manga comprida no armário, surpreso por caberem em mim, até que me lembrei dos papéis que preenchi, que perguntavam meu número. Meu olhar caiu na cama desfeita enquanto eu saía pela porta. Passou brevemente por minha cabeça deixar daquele jeito, mas concluí então que Jungkook devia ser maníaco por arrumação. Eu não queria que ficasse irritado comigo no meu primeiro fim de semana.

  Seu primeiro fim de semana?  , perguntou meu lado sensato. Acha que terá mais? Decidi ignorá-lo.

  A cama de solteiro não era suficiente para duas pessoas e eu bufei de decepção enquanto a fazia. Aparentemente, Jungkook não se juntaria a mim no meu quarto. E, pelo que parecia, as noites no quarto dele seriam poucas e espaçadas.

  Passei pela academia indo a caminho da cozinha e ouvi Jungkook na esteira. Olhei o relógio e me encolhi. Seis e trinta e cinco. Não teria tempo para preparar meu café da manhã especial de rabanadas, cobertas com banana Foster. Talvez outro dia. 

  Jungkook entrou na sala de jantar segundos depois de eu colocar na mesa seus ovos mexidos, torradas e frutas cortadas. Seu cabelo estava recém-lavado e ele tinha um cheiro almiscarado de vida ao ar livre. Delicioso. Meu coração disparou só de pensar em sentir seu gosto. 

  Fiquei de pé ao lado de Jungkook enquanto ele comia. Nem uma vez olhou na minha direção, mas soltou um pequeno suspiro de satisfação depois de dar a primeira mordida. 

  Quando terminou de comer, ele olhou para mim.

 — Sirva-se de um prato e coma na cozinha. Vá ao meu quarto daqui a uma hora. Página cinco, segundo parágrafo.

  E com essa, ele saiu da sala de jantar. 

  Por que se incomodou em me dizer para comer antes de ordenar que eu fosse ao seu quarto? Como se eu pudesse comer alguma coisa, pensando nas palavras dele. Mas preparei um ovo mexido, cortei mais frutas e comi à mesa da cozinha, como o ordenado.

  O sol entrava pela janela da cozinha e vi Jungkook lá fora, caminhando com Apollo. O cachorro corria por um jardim grande, assustando os passarinhos do gramado. Jungkook estava ao telefone, mas quando Apollo foi até ele, abaixou a mão e a passou em seu pelo.

  Suspirei e olhei a cozinha. Perguntei-me se a loura um dia comera naquela mesa e se ela era boa cozinheira.

  Apesar disso, ela havia ido embora. Era eu quem estava na casa dele, pelo menos nesse fim de semana.

  Lavei a louça do café da manhã e subi a escada.

  A página cinco, segundo parágrafo. Deitado no meio da cama grande de Jungkook, sem um fiapo de roupa, eu me senti exatamente como no consultório médico. Na verdade, senti falta daquela roupa de papel fino que dão a você.

  Fechei os olhos e me concentrei na respiração, dizendo a mim mesmo que eu estava preparado para qualquer coisa que Jungkook tivesse planejado. Talvez ele finalmente tocasse em mim. 

 — Fique de olhos fechados.

  Tomei um susto. Não o ouvira entrar no quarto.

 — Gosto quando você fica arreganhado desse jeito — disse ele. — Use suas mãos e finja que são minhas. Toque em si mesmo.

  Ele estava me deixando louco. Tentara imaginar como seria o fim de semana e até agora não era nada do que eu pensava. Ele não havia me tocado uma única vez. Era tão injusto. 

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