3. bakugou

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"Tá chegando?"

Bakugou enviou a mensagem para Denki, deixou o celular na mesa de centro e seguiu dando os toques finais na organização da sala de estar - o garoto havia afofado todas as almofadas já algumas vezes só naquele dia.

Seus pais haviam se dado o direito de tirar alguns dias das férias de Bakugou para que eles mesmos pudessem viajar - não queriam deixar a casa vazia, então, as férias do garoto eram o momento perfeito para isso.

Bakugou não ligava de ficar sozinho ali, inclusive, preferia que fosse assim. Quando seus pais estavam em casa, o ambiente ficava... barulhento, para se dizer o mínimo. Ele havia aprendido a lidar com a gritaria, mas nada como o silêncio. O silêncio era o melhor.

Assim que terminou de afofar a última almofada pela quarta vez, seu silêncio foi quebrado pelo som da campainha. Ele andou até a porta e olhou através do olho mágico - Denki havia se aproximado de modo que a forma do seu rosto estava distorcida combinando com a careta ridícula que fazia com a língua para fora e olhos vesgos. Bakugou abriu a porta.

- Você tem problema? - o garoto tentou esconder a risada com um pigarro.

- Ah nem vem, foi engraçado e você também achou - Denki disse ao apertar sua bochecha antes de entrar pela porta. - Liceeença.

- Não tem ninguém em casa - Bakugou apontou para uma poltrona, onde Denki, automaticamente, colocou sua mochila e casaco. - Os velhos foram se curtir em algum hotel, sei lá.

- Devia ter avisado pra eu ter trazido umas bebidas, caixas de som... - o loiro interrompeu sua frase assim que virou de volta para um Bakugou de sobrancelhas levantadas que faziam Denki se perguntar se ainda tinha amor à vida - Ei, ei, era brincadeira. Não vou bagunçar nada dos seus pais, relaxa.

- Melhor mesmo - Bakugou suavizou sua expressão e deu um leve sorriso para Denki ao guiá-lo para a sala.

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- Qual é meu nome mesmo? - Denki murmurou com a cabeça apoiada na mesa - E quem é você? - disse em tom dramático ao segurar a mão de Bakugou nas suas.

- Entendi, entendi. Você não aguenta mais o dever de casa. Vem, vamos fazer uma pausa. - Bakugou soltou as mãos de Denki e se levantou em direção à cozinha enquanto esfregava as bochechas vermelhas - Deixei uns sanduíches prontos antes de você chegar. Você gosta de patê né?

- PATÊ! - Bakugou se virou para o menino de braços abertos correndo em sua direção - Você fez patê? - Denki agora segurava seus ombros fazendo um biquinho emocionado.

- Você gosta tanto assim de patê? - Bakugou deu uma risada alta, deu três tapinhas na cabeça do amigo e se desvencilhou para pegar a travessa de sanduíches. - Pega o suco na geladeira, por favor.

- Tudo por você, seu homem perfeito que faz patê. - Denki continuava com seu tom dramático.

- Cala a boca e vem logo!

Os dois se sentaram lado a lado no chão com as costas apoiadas no sofá e a travessa de sanduíches sobre o tapete à sua frente. Denki olhava dela para Bakugou, rapidamente, perguntando em silêncio se já podia comer.

- Quer que eu dou na sua boca? Pode comer! - Bakugou riu enquanto o amigo mordia o primeiro sanduíche com uma alegria quase infantil.

- Eu gosto muito de patê. Tipo, eu moro com o meu irmão mais velho né. Então sempre fiquei sozinho em casa enquanto ele trabalhava e tinha que me virar. E quando eu era pequeno, patê era a única coisa que eu podia fazer sem usar faca ou fogo. Comia direto! - enquanto ele falava, seus olhos brilhavam e de modo que era impossível desviar o olhar do menino. - Parece estranho, né? Eu devia ter enjoado depois de comer tanto, mas é, eu ainda adoro patê haha. - Denki riu e começou a balançar o corpo em uma dancinha de comemoração pela comida gostosa.

Bakugou sorria enquanto o garoto continuava falando sobre sua infância e o analisava pela primeira vez sob uma nova perspectiva. Era a primeira vez que ouvia suas histórias e já eram amigos há três anos - Denki não costumava falar tanto de si, ele se contentava em contar piadas aleatórias e tentar irritar seus amigos, esperando por suas reações. Sua personalidade sempre pareceu um pouco mais magnética do que as de outras pessoas que Bakugou havia conhecido, mas ao mesmo tempo, também, um pouco solitária. Na escola, todos sabiam quem ele era e o consideravam um grande amigo, mas aparentemente ninguém o conhecia de verdade. Era sempre descrito como engraçado, animado e até idiota, mas nesse momento ele pareceu mais vulnerável e leve. "Que fofo", pensou.

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Fiz esse capítulo na visão do Bakugou, porque quero que os protagonistas tenham sua chancezinha de brilhar.

Espero que gostem ❤️

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