1 - Hipótese real

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Alec não sabia o que estava acontecendo consigo. Fazer o seu trabalho sempre havia sido algo que considerava simples e prazeroso. Ajudar as pessoas a se amarem, dar um empurrãozinho nos pretensos amantes, criar laços invisíveis por meio de sua flechas, causava um orgulho gigante e o fazia gostar cada vez mais de sua "profissão". Era um dos melhores cupidos que o mundo celestial poderia ter. Suas flechadas eram certeiras e 10 em cada 10 casais que formava se casava no final, independentemente do sexo. Tinha um excelente golpe de vista e sabia ler os corpos, movimentos e corações das pessoas, sabendo se combinariam ou não, com grande facilidade.

Mas, ali, vinha tendo dificuldade. Muita dificuldade na verdade. Não era como se Magnus não fosse alguém que não tentasse e buscasse o amor, mas Alec ainda não tinha encontrado a pessoa que o "completaria".

Por causa disso, já vinha trabalhando com Magnus há vários meses. Quando ele fez as primeiras escolhas erradas, Alec já percebeu que não seria um trabalho fácil. Não era uma surpresa, uma vez que a missão já havia passado por alguns outros cupidos, sem sucesso.

Talvez, Magnus fosse daquelas almas que não tem sua gêmea para se unir e passaria a vida só. Não triste, apenas só.

Mas Alec não queria acreditar, porque lhe doía o peito saber que ele não teria alguém. 

Com os meses acompanhando e cercando Magnus, para enfim flechá-lo e ao seu par, quando surgisse, aprendeu a gostar dele. Sabia seus gostos, ria de suas piadas com os amigos, adorava suas tiradas inteligentes e muitas vezes sarcásticas e debochadas. Achava que quem tivesse Magnus seria um privilegiado, porque ele era carinhoso, doce, atencioso e quente. Ao mesmo tempo era carente, mas um pouco desconfiado. Tinha medo de se machucar com o amor. 

Alec o entendia plenamente, por isso, para protegê-lo, havia condenado mais da metade das possibilidades lançadas a ele. 

_ Você nunca vai achar uma pessoa para Magnus _ Jace foi taxativo, no fim de mais um dia de tentativas vãs, quando perguntou a Alec se obteve sucesso e ele passou meia hora discorrendo o porquê de não ter flechado Magnus mais um dia.

_ Claro que vou. Eu só estou procurando a pessoa certa. Não quero que ele seja iludido, que sofra, que se machuque. Quero vê-lo feliz e amado, porque ele merece encontrar um grande amor, alguém que enxergue suas qualidades e o ame acima de tudo _ falou e, para Jace, parecia que estava divagando. 

_ Sei… percebo… 

_ O que você percebe? _ Alec franziu o cenho.

_ Percebo o que você não consegue perceber, ora _ deu de ombros, dando a entender que era algo simples, só Alec não via.

_ E o que eu não consigo perceber? _ Alec perguntou, sem muita paciência. Detestava joguinhos.

_ Que está tão apaixonado por Magnus, que não o quer com outra pessoa _ o sorriso de Jace foi gigante e Alec o empurrou para o canto da sala de jantar, onde entravam, olhando de um lado para o outro.

_ Você está maluco? Se alguém ouvir essa sandice eu posso ser trocado de setor, posso até perder minhas flechas. Você nunca mais vai me ver _ falou, em tom baixo, mais nervoso.

_ E você nunca mais vai ver Magnus, não é mesmo? _ Jace mantinha o mesmo sorriso, de quem havia acertado em cheio em seus pensamentos.

Alec o libertou, apertando os lábios em uma linha fina e cruzando os braços diante do corpo. _ Você está sonhando..._ bufou.

_ Alec, já aconteceu antes. Anjos podem cair e voltar a forma humana se quiserem ficar com mundanos. Basta ter amor… _ o loiro abrandou o tom, mostrando-se compreensivo e amigo.

O CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora