Havia sido tudo tão rápido. Em um instante Magnus divagava sobre sua vida, seu futuro, um grande amor... e no outro havia atropelado um anjo.
Sim, porque aquele garoto não podia ser outra coisa se não um anjo. Ele era lindo, apesar de Magnus tê-lo visto mais tempo pelo parabrisa quebrado, onde seu rosto ficou deitado.
O nariz era perfeitamente reto e tinha um curvinha na ponta. A pele, embora salpicada de sangue, era naturalmente pálida, os cabelos, tão negros quanto as asas de um corvo, brilhavam ao sol, as sobrancelhas eram grossas e bem desenhadas, até ali, porque houve um corte em uma delas, e sangrava muito.
Ele usava uma blusa simples branca e uma calça da mesma cor. Não tinha documentos, carteira, mochila, nem celular, um total desconhecido. E, podia estar morto agora, transformando Magnus em um assassino, embora se tratasse de um crime culposo.
Por isso Magnus estava lá, no corredor da emergência, rezando para que o anjo não morresse. Para não complicar sua vida e porque era bonito demais para sucumbir tão jovem.
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_ E aí, como está a sua vítima? _ Catarina riu, cínica.
Já fazia uma semana que Magnus havia atropelado o rapaz que ele chamou de anjo.
_ Graças a Deus não morreu e acho que não morre mais. O chefe da UTI disse que ele vai descer para o quarto amanhã. Finalmente vou poder falar com ele e pedir desculpas. Espero que não registre nenhuma ocorrência contra mim e suje minha ficha, afinal, quem surgiu do nada foi ele _ Magnus deu de ombros.
_ Ainda não sabem nada dele? Não apareceu ninguém procurando?
_ Que eu saiba, não. Mas, se for mesmo um anjinho eu posso levar para casa _ Magnus riu, deliciado, em sua mente voltando o rosto pálido e bonito do rapaz que atropelou.
_ Você não tem jeito mesmo. Vai pagar a conta do hospital? Vai ficar cara!
_ Acho que servirá de 'cala boca' para a família dele, quando aparecer. É o preço que vou ter de pagar. Se meu pai descobre, me arranca os cabelos _ Magnus voltou a rir.
_ Você conseguiu abafar tudo e eu ainda não sei como _ Catarina riu junto.
_ Amizades, minha querida... Tudo para Asmodeus Bane não ficar no meu pé _ revirou os olhos. _ Amanhã vou ver o anjinho e, se tudo der certo, ele vai ser bonzinho e não vai me denunciar _ piscou um olho para a amiga.
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Alec olhava o quarto, para onde havia sido transferido. As paredes brancas e todo o ambiente muito limpo o faziam se sentir bem, como se já estivesse antes em algum lugar assim. Sua mente, porém, não parecia querer ajudar, se mantinha como o quarto, em branco, e ele apenas ficou ali deitado, olhando para o teto.
Quando a porta se abriu e o rapaz de pele dourada entrou, devagar e desconfiado, com uma cesta de frutas e flores, Alec franziu o cenho e tentou se sentar, sentindo uma leve tontura com a maneira brusca que se ergueu.
O outro apressou-se e deixou a cesta ao pé da cama, correndo até ele e o segurou com cuidado, quando pendeu.
_ Ei... você não devia fazer movimentos rápidos assim... _ seu tom de voz era calmo, mas risonho.
Quando as mãos douradas tocaram a pele branquinha e macia de Alec, foi como um pequeno choque, os dois sentiram, e Alec tinha certeza disso, porque o outro travou. Ficaram paralisados, olhos nos olhos, e a respiração suspensa. O que foi aquilo?
_ Eu...eu estou bem..._ Alec conseguiu falar, quando Magnus finalmente o ajudou a sentar-se, depois dos segundos, que pareceram horas, de paralisia dos dois.
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O Cupido
FanficO que acontece quando o cupido designado a encontrar o amor para um mundano se apaixona por ele? Você estaria disposto a abandonar o mundo celestial por um mundano?