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Naruto parece absolutamente bêbado de onde posso vê-lo.
É uma visão bonita, embora isso não seja uma novidade. Naruto é bonito de todas as formas e qualquer vislumbre que se pode ter dele não é menos que belo, menos que precioso. Bêbado, risonho e positivamente alterado, penso que meu namorado é algo próximo de etéreo.
Sei que não sou o único que pensa assim. Enquanto dança no meio da sala de estar cheia de jovens tão bêbados quanto ele e gira nos braços carinhosos de Hinata, rindo sempre que a mesma o puxa para mais perto, Naruto atrai todos os presentes com seu brilho e os encanta com seu calor. Sua risada é como um sino que anuncia a felicidade, tão harmonioso e melódico que faz meu coração coçar no peito. Sei que meu coração não é o único que coça.
Hinata o encara com corações nos olhos. Sei que ela está apaixonada por ele há tempos, antes mesmo de minha presença existir na vida do mesmo. Hoje, anos após isso, ela ainda o ama. Sei que ama. Sei, também, que o respeita. No primeiro "não" gentil que recebera de Naruto, Hinata cessou as buscas por ele.
Mas sei que ela o aceitaria no momento em que Naruto buscasse por ela, sei que basta que Naruto pisque para que metade de todas as pessoas reunidas nesta sala apertada estejam aos pés dele, implorando por uma chance ao seu lado.
Eu deveria me preocupar. Vê-lo ser alvo de tantos olhares de cobiça, vê-lo rir entusiasticamente à medida que gira nos braços de outra pessoa, vê-lo dançar como apenas ele sabe, arrancando assobios desejosos com seu gingado único, todas essas coisas deveriam me fazer sentir algo, qualquer coisa. Não sinto.
Quero que eles vejam Naruto, que anseiem por ele. Todos eles sabem que jamais o terão, e isso faz com que um sentimento mesquinho e desprezível se instale em meu peito; gosto de toda a frustação aparente nos rostos de quem cobiça o que é meu. Gosto de desfilar com Naruto, exibir o único resquício do sol existente neste mundo, mostrar a todos que eu o tenho aprisionado em meus braços gananciosos.
Me odeio por isso.
Quando Hinata registra a minha aproximação, rapidamente se afasta de Naruto. O último olhar que ela lança ao meu namorado bêbado passa despercebido por ele, mas não por mim. Pena. Sei que todos os outros estão dando a Naruto o mesmo olhar. Também sei que eles se intensificam quando Naruto me nota e, como mágica, se atira em meus braços com um sorriso amoroso.
Eu costumava sentir mil e uma coisas por causa desse sorriso.
Eu o olho e não sinto nada.
— Dança comigo — ele pede, a voz meio cambaleante e incerta, resultado de quantas doses de vodca havia tomado minutos atrás. Seu corpo está suado devido às horas que passou dançando e o suor escorre em pérolas por sua pele corada. Não altera em nada o cheiro doce que Naruto tem. Se possível, apenas o ressalta. O cheiro dele costumava me enfeitiçar.
