The masseur.

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Aviso: essa one contém intersexualidade

Aproveitem!


Olho pela janela do meu escritório e vejo abaixo de mim a grande movimentação de carros e pessoas prontas para irem para casa após um longo dia de trabalho. Aperto o copo de vidro em meus dedos pelo que deve ser a milésima vez hoje, trago a borda até minha boca e sinto o líquido de cor dourada descer rasgando minha garganta. Após as últimas semanas em que eu e o velho uísque 40 anos temos sido bons companheiros, eu já deveria estar acostumada ou no mínimo meu organismo deveria, mas não é o caso.

Acredito que seja mesmo essa sensação de ardência na boca do estômago que faça aliviar todas as outras tensões presentes em meu corpo, e por isso o fato de não ter me acostumado seja tão bom. Sendo quase sócia de um dos maiores escritórios de advocacia de Seul é bom ter algo que me faça distrair por nem que sejam míseros segundos, mesmo que tal coisa seja o incômodo causado pelo uísque.

Volto para minha mesa e me deparo com milhares de papéis e documentos já mais do que gravados em meu cérebro, solto um suspiro e me sento em minha cadeira perfeitamente estofada e confortável já buscando meu notebook com os olhos tendo ali a última coisa que em que mexi, o argumento inicial para o caso "O povo vs. Kim Sookyeol" do filho da puta que assassinou a esposa e seus 3 filhos a sangue frio, e então você se pergunta "Você está representando o povo, certo Moonbyul?" Errado!

Há alguns meses atrás quando foi noticiado o assassinato brutal da família Kim, as suspeitas imediatamente caíram nas costas do marido e pai, e é claro como o desgraçado cheio de grana que ele é, procurou os melhores representantes para salvarem o rabo dele perante a justiça, e é óbvio que sua primeira ligação foi para a Moon Enterprise — Assistência jurídica, e foi assim que esse caso caiu de paraquedas no meu colo.

Sou advogada na M.E há exatos 7 anos, e apesar de ser filha de um dos donos, sempre foram designadas a mim causas de pouca importância pública. Mas isso mudou nos últimos meses em que meu pai e seu sócio decidiram que estava na hora de a mim e a minha melhor amiga, Hyejin-ah, uma chance em um grande caso para assim nos testarem e termos a chance de nos tornarem finalmente sócias nos escritos.

E o que melhor, segundo meu querido pai, que me dar um caso de alcance internacional defendendo um cara claramente culpado para isso? O que melhor para mostrar a duas advogadas que sonhavam em defender os pobres e oprimidos que advogados tem que estar preparados para pegar quaisquer tipos de clientes ou causas? Nada!

Suspiro mais uma vez e levo as mãos aos olhos para coçá-los em um ato de nervosismo, nada nesse caso faz eu me sentir minimamente confortável e o estresse juntamente ao uísque tem sido meus fiéis companheiros desde o dia em que meu pai entrou no meu escritório feito um furacão jogando, literalmente, esse caso na minha cara. Acredite, ele fez isso! Pegou a pasta com todas as informações que arremessou na minha cabeça, coisas de meu pai. Ouço a porta batendo e nem preciso levantar o olhar para saber quem é, só uma pessoa entraria no meu escritório sem bater.

– Pelo amor de deus, Byul! Vamos embora, o que você ainda está fazendo sentada atrás dessa mesa? – A morena diz jogando o corpo na cadeira à minha frente.

– Trabalhando. – Digo como se fosse normal alguém ainda estar trabalhando depois das 20h de uma terça-feira.

– Sabe, ficar encarando seus argumentos nessa maldita tela de computador não vai fazer com que nós sejamos magicamente livradas de defender esse filho da puta. – Levanto o olhar, encarando minha melhor amiga e pela primeira vez a encontrando com uma expressão tão cansada quanto a minha.

– Eu sei, Hyejin-ah. – Respiro fundo. – Eu só prefiro ficar aqui encarando essa maldita tela de computador do que ir para casa e ter que encarar o maldito teto do meu quarto vendo as horas passarem para ir ao tribunal amanhã.

THE SEX BOOK (moonsun)Onde histórias criam vida. Descubra agora