Obrigação

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Estamos em meados do século XX.

Nessa altura a homossexualidade ainda não era muito aceite pela sociedade e havia países que viam como um crime e outros como doença.

Milena Harris tem dezanove anos. A família dela é uma família influente e de ideias fixas e fechadas. Não aceitam pessoas diferentes e querem um casamento para a filha com alguém rico e influente também.

Alonso Martin é um jovem de vinte e um anos, herdeiro de uma família rica com uma empresa.

As duas famílias dão-se desde que Milena se lembra. Só mais tarde Milena entendeu que a mãe a queria casar com Alonso.

Milena e Alonso eram bons amigos mas ela não tinha interesse em rapazes embora o considerasse bem bonito.

Ela tinha uma namorada a Mónica e estavam a pensar em fugir juntas para longe da família e das regras que eles implementavam.

Milena nunca foi honesta com os pais sobre quem era. Que era homossexual, porque sabia que eles nunca aceitariam e que a preferiam fechar num convento do que a deixar dizer isso para o mundo.

Uns dias antes de Milena fazer vinte anos a mãe foi ter com ela e disse:

- Milena, querida, para o teu aniversário vamos fazer uma festa em grande e temos uma surpresa e novidade para ti.

- Sim mãe. Posso convidar a Mónica? - perguntou Milena.

- Podes claro filha. A Mónica sempre foi bem vinda cá a casa sabes disso. Ela sempre veio às tuas festas de anos e esta vai ser bem especial. - respondeu a mãe de Milena, sem saber de nada da relação que ambas tinham.

- Sim vai. - respondeu Milena, uma vez que, após o aniversário pensava em contar aos pais que era lésbica e se não aceitassem pensava em fugir com Mónica.

Sai de casa e vai para o lugar secreto em que ela e Mónica se costumavam encontrar.

A Mónica chega e elas dão um beijo apaixonado. Milena nunca se sentiu tão bem com ela mesma a não ser quando estava com Mónica, o resto do tempo todo parecia que estava a fingir alguma coisa que não era.

- A minha mãe quer fazer uma festa para os meus vinte anos. - informa Milena.

- O que será que ela quer com essa festa? - pergunta Mónica preocupada.

- Não sei, mas ela disse que podias ir à festa por isso o que nós combinámos pode ser feito nesse dia. - responde Milena.

Mónica acenou e ficam num abraço apertado e a beijarem-se.

- Tenho de ir Mónica. A minha mãe não gosta quando fico muito tempo fora de casa. - diz Milena.

Milena afasta-se e vai para casa e quando chega a casa ouve o fim de uma conversa entre a mãe e o pai.

- O nosso dinheiro está no fim. Sabes bem o que isso significa. - diz a mãe.

- Sim, sei. Não temos outra escolha. Tem de ser feito. - responde o pai.

Milena foi a correr para o quarto para não ser apanhada a escutar atrás da porta e ficou a pensar que se estavam com falta de dinheiro como iriam ter dinheiro para uma festa com tanta comida e pessoas.

****

O dia da festa chegou e a mãe de Milena mostrou-lhe um vestido lindo branco, chamou um cabeleireiro para cortar e fazer um penteado lindo.

Milena sentia-se como uma princesa, cabelos encaracolados até à cintura, flores por todo o cabelo e um vestido branco simples.

Desci para o jardim e vi Mónica a olhar com desejo no olhar, ela achava que a Milena estava linda mas não podia dar nas vistas então foi buscar uma bebida e ficou a conversar com várias pessoas na festa.

Alonso estava perto da mesa de comidas e olhava para Milena com a mesma cara que Mónica, o que a deixou desconfortável, Milena sempre tinha deixado bem explicito que não sentia nada mais que amizade por ele.

Passado umas horas de festa, a mãe de Milena bate no copo e diz:

- Hoje é um dia especial por dois motivos. A minha filhota Milena faz vinte anos. - ela parou e sorriu para a Milena que sorriu de volta para ela. - E é o dia que informamos um grande casamento que vai ocorrer. Um casamento entre a minha filha Milena e o Alonso.

Milena deixa o copo partir que fica estilhaçado no chão ao mesmo tempo que Mónica também deixa o copo dela cair. Elas olham uma para a outra com ar chocado.

- Venham cá para perto de nós para os convidados vos parabenizarem. - pediu o pai.

Alonso chega perto de Milena agarra-lhe na mão e puxa-a pela mão mas ela não se mexe então ele dá-lhe um puxão e quase a arrasta até ao sitio.

- Pai, não faça isso, por favor. - implorou Milena baixinho.

- Temos de fazer filha. A nossa família está a ir à falência e apenas esta ligação nos vai ajudar a levantar. Foi o acordo que Alonso permitiu. - explicou o pai.

Milena começou a chorar sem parar.

- Pare de chorar minha querida Milena. Em breve vais ser minha e aí sim vais poder chorar. Eu sei o que andas a fazer com a tua amiga Mónica e eu sei que tu nunca tiveste com nenhum homem. A tua primeira vez vai ser bem mágica. Podes ter certeza. - disse Alonso com ar de maníaco.

Milena finalmente entendeu o porquê das duas famílias terem sido amigas desde novas.

A mãe de Milena sempre tinha tido este propósito.

- Não! - gritou Mónica e aproximou-se dos quatro. - Vocês não a podem obrigar.

- Cale a boca menina. Segurança! Tire esta criatura daqui. - gritou a mãe de Milena.

- Milena!!! - gritou Mónica. - Lembra-te de quem és. Não faças isto!

- Ai de ti que respondas minha querida filha ou eu mando matar as duas. Como pudeste fazer isto? Trouxeste desgraça a esta família. Agora vais casar e voltar a dar um bom nome e um futuro a todos nós. - Falou a mãe num tom ameaçador.

Milena tinha vontade de cair no chão e de chorar sem parar, mas manteve-se firme e hirta. A família dela já sabia da verdade. Sabia que ela era lésbica e ainda assim ia obrigar a casar-se.

- Alonso, porque não ficas cá em casa até ao casamento? Tenho a certeza que Milena te vai oferecer tudo o que precisares. - propôs a mãe de Milena.

Milena olhou para a mãe com choque em toda a sua cara. Ela queria que Milena se oferecesse a Alonso. Mesmo sabendo que ela era virgem e que era lésbica ela queria que a filha desse algo tão importante a alguém que não amava.

- Mãe, por favor, não. - implorou Milena.

- Faz o que te é dito Milena. Vais casar para o bem da família e para teu bem. Tu estás doente. Um pouco de amor vai fazer-te bem e fazer-te mudar de ideia. E não faz mal que seja antes do casamento desde que seja com ele. - respondeu a mãe de Milena.

- Sim. Eu aceito com toda a alegria o convite - disse Alonso e lambeu os lábios.

Todos os convidados os foram congratular e perguntaram a data. Milena ficou a saber que o casamento já estava a ser planeado à semanas e que a única coisa que faltava era o vestido de noiva e o noivo confirmar a pureza ou impureza da noiva.

Milena sentiu-se suja como se fosse material a ser usado e vendido mas nada podia fazer a não ser tentar fugir.

O casamento estava marcado para daqui a uma semana, ela teria de tentar fugir hoje.

A festa acabou e os convidados foram saindo. Alonso foi ficando a rondar Milena como um falcão. As vezes Milena pareceu ver o órgão inferior de Alonso aumentar cada vez que pensava nessa noite.

Milena tinha de fugir sem nada para conseguir escapar com tempo.

Ela já tinha um plano elaborado na cabeça. Agora era só colocar em prática.




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