A Verdadeira Caçadora

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& Por que será que ele nunca atende o telefone de primeira? - ela conversava sozinha segurando o celular - Talvez hoje até renda alguma coisa.

$ Alô, a senhora tá bem.

& Senhora Jorge, que isso?

$ A senhorita tá bem.

& Ah, você não tem jeito mesmo. Cê tem horário hoje?

$ Pra você sempre tem, mas agora de manhã não dá tou no boliche com a Helena.

& Meu deus Jorge, cê ainda tá com ela? Acordando às 06h00 pra jogar boliche?

$ Ela é o amor da minha vida, senhorita, e... acordo às 06h00 pra ir pra academia o boliche é depois disso. 14h00 tá bom pra você?

& Ta ótimo, quero completo tá. Aquele preto fosco ainda tem?

$ Tem sim, mais alguma cor?

& Hummmm, o caçada noturna tem dessa vez?

$ Eu pego na volta, pode deixar, você vai ficar com o melhor casco do velho oeste senhorita.

Ela solta uma gargalhada - Cê sabe que não devia falar assim né.

$ Desculpe! Você vai ficar com o melhor casco do velho oeste garota.

Ela ri ainda mais - Jorge cê não existe. Aproveite o tempo ai com a Helena te vejo às duas.

Ao cair da noite, ela já está quase pronta para sair.

& Jorge obrigada por ajudar com o cabelo também, não gosto de retocar sozinha, cê é demais cara. Agora só passar um batonzinho e tô pronta.

$ Mas vai só de batom?

& Menos é mais Jorge!

$ Tá certíssima garota.

Ela vai em direção a porta falando.

& Hoje a ocasião pede um clássico, karmann? não, muito clássico, menos clássico.

Já do lado de fora Jorge pergunta.

$ Tá falando comigo?

Ela sobe a voz - Não Jorge, obrigada - e continua mais baixo, landau, isso landau tá bom, oitão é clássico o suficiente, ótimo.

Logo antes de sair de casa ela passa o batom, em seguida passa pela porta e pega o chaveiro com as chaves do carro, que tem um pequeno chicote rabo de tatu, olha para o chaveiro e sorri - O carro e o chicote vão ser um toque especial.

Ela dirige até o bar, chega cedo para estacionar na frente. Hoje é dia de promoção vai ter muita gente bêbada, mas sempre dá pra encontrar a pessoa certa no meio da multidão. A cada barulho da porta se abrindo ela olha em direção a entrada, observa nostalgicamente as portas balançando, relembrando-a dos filmes que ela via com o pai, ao mesmo tempo analisa o transeunte que adentra ao recinto.

Ela bebe um gole da cerveja enquanto observa os braços fortes esticarem a porta até o máximo, ela observa um pouco mais para que ele perceba, depois desvia o olhar pensando. "É ele, fortão, meio brucutu, um pouco desajeitado, camisa aberta, camiseta do Bruce Lee por baixo, chegou de opala. Esse não vai ser difícil."

A estratégia é simples, chamar atenção com algo típico masculino, puxar uma briga, demonstrar alguma força, não parecer inocente demais, um pouco atrevida, mas deixar ele pensar que foi ele quem começou. E pra finalizar o carro foi perfeito para ele hoje. É isso.

Cheiro Roubado Do MatoOnde histórias criam vida. Descubra agora