capítulo 1- cole sprouse

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Jogo a arma em cima da mesa assim que entro na minha sala.
Afrouxo a gravata com violência, me sentindo sufocado dentro
dessa merda. Estou tentando manter o controle, mas tudo que eu
quero é socar a cara do primeiro infeliz desavisado que aparecer na
minha frente. E parece que o escolhido vai ser o meu advogado.
— Senhor sprouse, sei que não é um bom momento…
— É claro que não é um bom momento, porra! — respondo,
batendo a mão na mesa de madeira escura.
O velho não se abala. Charles trabalha para minha família há
muitos anos e conhece muito bem o temperamento dos sprouse.
Ele me viu nascer e já trabalhava para o meu pai há muito tempo
antes disso. Sabe muito bem onde está enfiado e com que tipo de
gente está lidando.
Ele cruza as mãos na frente do corpo em uma pose neutra
que só me irrita ainda mais. Rodney não fala nada, só continua
olhando para mim como se eu fosse um garotinho insolente e não a
porra do seu chefe.
Desabo na cadeira e jogo as mãos para o alto.
— O que é? — pergunto ríspido. — Que merda você tem para
falar comigo que precisa ser agora, nem uma hora inteira depois de
eu ter enterrado meu consigliere?
A raiva está percorrendo minhas veias no lugar do sangue.
Estou vendo vermelho e minha boca está amarga pelo ódio.
Eu quero vingança.
— Se não estiver aqui para me dizer que nós já temos a
localização dos filhos da puta que mataram meu irmão, é melhor
voltar outra hora — aviso entredentes e abro a gaveta da mesa,
atrás de alguma coisa para fumar.
Acho a caixa de charutos ali e vasculho a gaveta atrás de um
isqueiro.
— cole — Charles chama de novo, e eu fecho a gaveta com
violência.
— Você tem trinta segundos — rosno e olho para ele. É só
então que vejo que ele está segurando um envelope branco com
meu nome escrito. Reconheço a letra na hora. É de kj.
— Ele me pediu para te entregar isso, caso alguma coisa
acontecesse com ele algum dia — charles diz e coloca o envelope
na mesa. Ele desabotoa o paletó e se senta na cadeira de frente
para a minha mesa. — Eu te daria privacidade, mas acho que o
senhor vai precisar de mim quando acabar de ler.
Pego o envelope e o giro entre os dedos. Antes mesmo de
abrir para ver o que tem dentro, a raiva começa a ser substituída por
culpa, que não é algo que eu sinta com muita frequência.
Sou o herdeiro de uma das maiores organizações criminosas
do país. Desde que meu pai morreu e eu assumi o controle dos
negócios da família, nos tornamos imbatíveis. A família sprouse
virou referência de sucesso e prestígio em todos os lugares. Meia
dúzia de negócios de fachada para fazer parecer que somos
empresários honestos, mas é no submundo do crime que somos
reis. Nada acontece nesse estado sem que eu saiba. Mas é claro
que volta e meia algum filho da puta decide bancar o aventureiro e
se meter nos meus negócios.
Foi o que aconteceu na semana passada. Algum grupinho de
merda que resolveu se chamar de gangue achou que podia se
meter nos meus carregamentos e tentou subornar um dos meus
fornecedores para vender para eles. Como se eu não tivesse cada
maldito policial dessa cidade na minha folha de pagamento, como
se eu não tivesse olhos e ouvidos em cada porra de esquina.
Acabamos com o problema antes mesmo de começar. Um
belo banho de sangue para essa cidade não esquecer quem é que
manda aqui. Mas eu subestimei os filhos da puta. Achei que tivesse
acabado com todos eles naquela emboscada, mas eles nos
pegaram de surpresa alguns dias depois.
E por um erro meu, kj agora está morto.
— Abre — charles insiste quando vê que continuo girando o
envelope nas mãos.
Abro e puxo uma folha de dentro. Vejo que tem duas fotos
também e puxo junto. A primeira é a de kj com um bebê no colo.
Ele está muito mais novo na foto, parece um adolescente cheio de
espinha na cara. Com certeza é de antes de a gente se conhecer. A
outra é de uma mulher. Uma mulher linda, por sinal. De longos
cabelos pretos, olhos castanhos e um sorriso inocente demais para
esse mundo.
Largo as fotos na mesa e desdobro o papel. É uma carta.
Começo a ler a letra quase ilegível do meu braço direito e fico mais
confuso a cada linha.
— Que porra é essa? — pergunto para charles , mas ele não
diz nada, então eu leio o último parágrafo.
Eu devia ter te contado antes, mas não achei que era seguro.
Você tem que entender, eu só queria proteger a minha menina. Dar
para ela a chance de ter uma vida longe dessa merda toda que a
gente faz. Então eu escondi lili de você e esse é o único
segredo que existe entre nós dois. Mas se você está com essa carta
agora, é porque eu estava certo e ninguém na máfia vive o
suficiente para conhecer os netos.
  Eu sempre cuidei dela de longe, mandei dinheiro, mas nunca
fui presente na vida da minha menina. Só que agora não posso mais
cuidar dela e preciso que você faça isso, cole . Ela é a única coisa
boa que eu tive na vida e preciso saber que vai fazer o que for paracuidar dela. Me promete que não vai deixar nenhum filho da puta
encostar um dedo na minha filha.
— Filha? — pergunto e olho para charles. — kj tem uma
filha?
O advogado faz que sim com a cabeça.
— Ele foi muito claro que só era para te contar isso se alguma
coisa acontecesse com ele — charles explica. — Foi antes de
vocês se conhecerem, antes de ele virar seu braço direito.
Pego a foto da garota e olho com mais atenção. Ela não se
parece em nada com ele, deve ter puxado a mãe. Fico puto por ele
ter me escondido uma coisa tão séria. Kj era a única pessoa no
mundo em que eu confiava de olhos fechados. Mas entendo por que
fez isso. Na vida que a gente leva, não tem espaço para amar nada.
E ele claramente amava essa garota. A melhor coisa que podia
fazer era a manter longe.
Mas eu não sou kj. E se ele quer que eu cuide dessa
garota, não pode ser de longe assim. Se algum dos nossos inimigos
descobrir que tem alguém sob a minha proteção, é como colocar um
alvo nas costas dessa garota.
Sou o don da família mais poderosa desse lugar. Nada melhor
do que um exército muito bem treinado de homens que matam sem
hesitar para garantir sua segurança.
— Onde essa lili está agora? — pergunto para charles.
— Do outro lado do país — ele responde. — É só me dar uma
ordem e eu organizo para que ela continue recebendo o dinheiro
que kj mandava todo mês. Talvez um ou outro segurança para
manter os olhos nela.
— Não.
Me levanto da cadeira, pego a arma que joguei na mesa e
encaixo no cós da calça. Charles me olha sem entender o que eu
estou fazendo.
— Prepara o jatinho e alguns homens de confiança. Saímos
em uma hora — digo e vou em direção à porta.
— Para onde o senhor está indo? — charles pergunta.
— kj era como um irmão para mim. Não tínhamos o mesmo
sangue, mas ele era família. Essa garota é família também. Está na
hora de ela vir para casa.

uma virgem para um mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora