Estudarei durante anos sobre rima e métrica.
Moldarei uma complexa técnica, derivada de um complexo em igualar-me a outros poetas.
O tempo passa, formei um molde de repetição enfadonha e sem propósito.
Descrevo entre linhas algo insuficiente, parnasio algo insignificante, pois desejo reconhecimento.
Oh, que trecho belíssimo!!! Ninguém o entende, caso o poeta não explique.
Mas olhe como é lindo...
Ninguém entende, nem o poeta entenderia, se ele perdesse a memória.
Receberei aplausos, comparar-me-ão com grandes nomes...
Pura felação da refinação de uma arte elitista.
(alguns transeuntes leem meu mais novo e nobre poema)
- Nossa, até parece profissional! – diz alguns colegas de nomes indefinidos.
- Sério? Eu escrevi sobre o que?
- Ah, é sobre: (regurgita ladainhas incongruentes).
Sabe sobre o que escrevi nobre leitor?
(...)
Nada.
Coloquei palavras aleatória que seguissem um critério predefinido e deixarei aos críticos, darem um significado.
Alguns até me chamaram de gênio por isso.