O abraço

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Coisas estranhas aconteciam na casa de Davi quando eu o visitava. Além dele, vivia também um gigante por lá, que me tirava sangue sempre que me abraçava. Não era um abraço comum, como os que mamãe me dava, era algo áspero e forte, que me danificava.

O gigante sempre me dizia que era assim que ele brincava, e mesmo não gostando dessa brincadeira, muitas vezes ele me obrigava. Davi, que era meu amigo, nem sempre participava. Muitas vezes eu o via distante, me olhando, enquanto o corpo do gigante me dilacerava.

Contudo, por piores que fossem os abraços do gigante, era ele quem nos presenteava. Eram doces, videogames, salgadinhos, e no fim, tudo se harmonizava.

Porém, com o tempo, mais ensanguentado eu voltava e Davi, que mantinha-se com um olhar curioso, agora já se deturpava.

Certo dia, mamãe me perguntou do que tanto brincávamos e, desde então, o gigante sumiu de supetão. Davi, me dando seu último olhar de oceano, abraçou-me em despedida e, a partir de então, sumiu o azul do meu coração.

Um oceano de sabores (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora