fire and gasoline

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pós destroca de corpos.

Não faziam nem dois dias sequer desde que Paula havia voltado a ser realmente ela, em seu próprio corpo deslumbrante, como descrevia Carmem, mas a Wollinger já estava quase fora de si com aqueles olhares marcantes da Terrare sempre sobre si.

Quando descobriu a troca, Wollinger não pensou em muita coisa, mas com Paula de volta a seu corpo, ela começou a se lembrar de algumas coisas, até que chegou naquele dia, a noite que estavam juntas no motel, com Paula no corpo de Neném. Ela se lembrou do momento, e em como ela estava nervosa. E claro, não podia se esquecer do beijo.

Aquele beijo não tinha significância nenhuma para ela até certo dia, até que parou para pensar que havia beijado Paula Terrare. Não como queria, não a verdadeira boca de Paula, mas era ela ali e era isso que importava no momento. Mas com esse pensamento, lembrando-se também da forma que Paula ficara agitada com o beijo, ela se perguntou uma coisa: como seria beijar Paula Terrare no corpo de Paula Terrare?

Dentro daquela mesma empresa, havia outra pessoa afundada em pensamentos: a própria Paula. Nos últimos dias, sempre que tinha sequer dois minutos de silêncio interno, ela começava a pensar em Carmem e no beijo que acontecera entre elas. Todas as vezes ela se repreendia e levava seus pensamentos a outro rumo, mas hoje ela se deixou levar por aquilo e acabou deixando sua mente vagar no momento, e em uma pergunta que tentou evitar ao máximo: seria tão bom o beijo de Carmem Wollinger agora que estava de volta ao seu corpo?

A empresária resolveu dar um basta naquela dúvida e foi procurar o que fazer. Se enfiou em pilhas de papéis, anotou idéias novas e já riscou algumas assim que apareceram pois estavam totalmente fora de série. Ao fim da tarde, não havia mais nada para fazer, então aqueles pensamentos voltaram de fininho para sua cabeça, até que ela se pegou em outra pergunta ainda pior, de acordo com ela mesma: o que teria acontecido naquele dia se ela se deixasse levar pela serpente? Teria caído nas mãos do "pecado"?

Decidida, ela pegou suas coisas e resolveu que iria embora da Terrare, precisava descansar e esquecer aquele assunto desconcertante.

Antes de chegar ao elevador, sentiu uma mão firme segurar seu braço, o que fez com que ela parasse de imediato. Ao se virar para trás, deu de cara com a última pessoa que queria ver ou falar naquele momento: Carmem. Ela puxou o braço da mão de Carmem com certa rispidez, e a encarou mortalmente como de costume.

— Eu tô indo pra casa, cascacu, me esquece — revirou os olhos.

— Antes eu quero conversar com você, Paulete. — Olhou-a da cabeça aos pés algumas vezes e mordeu o lábio inferior.

— Sinto muito, mas não vai dar. Eu tô muito cansada pra aguentar você.

— Eu não perguntei se você quer vir.

Paula fez uma carranca em reprovação quando Carmem deu um tranco e a puxou até a sala de reuniões. A loira colocou a morena pra dentro primeiro, e depois fechou a porta, trancando-a e se certificando de que estava mesmo trancada.

— Anda logo Carmem, adianta esse assunto porque eu quero ir pra casa. — Impaciente, Paula jogou sua bolsa na mesa e cruzou os braços.

— Tá com pressa Paulinha? — Se aproximou em passos lentos enquanto a outra recuava. — Sabe o quê que é? É que com essa coisa toda de troca de corpos eu fiquei pensando numa coisa…

A Terrare estremeceu quando Carmem chegou perto dela, olhando no fundo de seus olhos e passando a mão em seu queixo. A Wollinger encarou a mais baixa por algum tempo, fazendo com que ela se desestabilizasse completamente, para depois prosseguir.

remember this? | carrareOnde histórias criam vida. Descubra agora