Capitulo Único - Minha Religião.

128 16 8
                                    

Lembro como aos poucos as coisas foram ficando confusas e distantes, de como as brigas pareciam cada vez mais desgastante, de como todas as minhas preocupações eram apenas exagero, que tudo aquilo não merecia tanta atenção

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Lembro como aos poucos as coisas foram ficando confusas e distantes, de como as brigas pareciam cada vez mais desgastante, de como todas as minhas preocupações eram apenas exagero, que tudo aquilo não merecia tanta atenção. E com o tempo, fomos nos distanciando, já não dormíamos no mesmo quarto, as refeições eram separadas. E quando dei por mim, decidimos seguir caminhos diferentes.

Tudo que me pertencia coube em duas caixas pequenas e uma mala grande com as poucas roupas que realmente eram minhas. Nesse dia não chegamos a brigar, não falamos nada um com o outro o dia inteiro, não trocamos nenhum olhar, enquanto eu arrumava minhas poucas coisas, ele parecia distraído conversando com alguém no telefone, como se aquilo que estava acontecendo não fosse mais importante para ele. E que estava tudo bem acabar assim.

Tentei esconder que aquilo me afetava, me machucava, sua indiferença me incomodava mais que seu silêncio sobre tudo, parecia errado tocar no assunto, que todos os comentários daquelas pessoas não afetava, mas afetava sim, ele escondia tudo, não gostava de falar sobre o que machucava ele, eu sabia que ele fingia não se importar, fingia não ver todas as fotos, os boatos. Então ninguém tocou no assunto. Nem ele e nem eu. Mas eu queria que ele falasse, insistisse no assunto, que brigasse comigo para não ir, que fechasse todas as portas.

Mas no final do dia, quando eu coloquei minhas coisas no carro, ele apenas perguntou se precisava de ajuda com a mala. Respondi que não, não queria ter um momento estranho com ele, ter que me despedir dele, seria como dizer adeus, agir como dois estranhos daqui pra frente. E seguir em frente seria doloroso sem ele.

Eu tinha me mantido afastada por longos meses de tudo que se referia a ele, eu evitava falar sobre ele, ou até mesmo quando alguém me perguntava eu falava que estava tudo certo entre a gente. Que estávamos ocupados demais com nossas vidas.

Mas foi uma surpresa quando em uma certa noite de madrugada alguém tocou minha companhia. Demorei alguns segundos para raciocinar se realmente não estava sonhando com alguém na minha porta naquele horário. Mas tocou novamente.

Parei em frente a minha porta mas não foi preciso olhar pelo olho mágico quem era. Meu coração errou uma batida e logo depois começou a bombear sangue mais rápido que o normal. Era ele. Pelo visor da câmera de segurança podia ver sua figura na penumbra da rua.

Abri a porta assustada e surpresa com sua visita, dei espaço para o lado para que ele pudesse adentrar na sala. Johnny passou por mim de cabeça baixa. Ele parecia mais magro e seus cabelos estavam maiores. Fechei a porta e caminhei logo atrás dele.

— Você matou alguém? – Ouvi a voz dele.

— Como?

— Perguntei se você matou alguém.— Ele riu irônico pegando um copo e se servindo com whisky direto da pequena adega que eu mantinha na sala. — Você foi embora e nem ao menos teve a coragem de se despedir de mim. Depois veio se enfiar nesse fim de mundo.
Fugindo. Fugindo de mim. E como se não bastasse, apareceu meses depois com aquele cara por aí.

Mi Religión | Johnny Depp Onde histórias criam vida. Descubra agora