Parents - Beauany

03

Any McGregor
17 de março de 2020
Los Angeles, Califórnia

Ryan está com a cabeça no meu colo enquanto faço cafuné em seu cabelo, meu filho abre a boca de sono e coça os olhinhos. Passo a mão em seus fios loiros e ele se encolhe no sofá, Ryan abraça seu Mike Wazowski de pelúcia mais forte.

- Podemos fazer um vulcão em algum dos planetas? - Ryan pede com a voz manhosa e dou risada - um mini vulcão em Netuno.

- Não sei se existe vulcão em Netuno, mas podemos fazer um na Terra - proponho para ele - e temos que ver o que a Mia também vai querer fazer nos planetas.

- Eu jogo meu chalme McGregor e ela aceita fazer o vulcão na Terra - ele diz convicto e dou uma gargalhada alta - tio Harry diz que nasci com o chalme dos McGregor.

- Seu tio está certo - concordo - mas acho que Mia ainda não deve ligar para seu charme.

- Então você joga chalme no pai dela e faz eles aceitarem o vulcão na Terra - Hunter fala como se fosse óbvio e eu olho incrédula para meu filho.

O menino abre novamente a boca de sono e passa os braços em volta do meu pescoço, fazendo sinal que quer ir para a cama dormir. Me levanto do sofá da sala com Ryan no colo e sei que ele já deve estar dormindo. Com cuidado, abro a porta do quarto dele e o coloco deitado na cama.

Sento na ponta da cama azul dele e observo meu filho dormir sereno. A cada dia que passa Ryan fica mais parecido com Ethan e isso me deixa com o coração quentinho. Arrumo a coberta para cobrir melhor meu filho, mesmo que eu saiba que durante a noite, ele irá chutar ela até ficar sem.

Olho a aliança de ouro no meu dedo e tiro ela por alguns minutos, voltando para o dia que Ethan colocou ela no meu dedo, na frente das nossas famílias e amigos, na frente do padre, na frente de todos no dia do nosso casamento. Eu e Ethan nos conhecíamos desde crianças e começamos a namorar bem cedo, com 13 anos. Então um dia, quando já tínhamos 17 anos, Ethan foi diagnosticado com câncer no pâncreas.

Foram os dois anos mais doloridos da minha vida, ver Ethan sofrendo me fazia querer tirar toda a dor dele e colocar em mim, eu só queria que ele ficasse bem. Mas os quadros só pioravam, então ele me pediu em casamento, ele queria se casar com a mulher da sua vida antes de morrer e sem pensar duas vezes, eu aceitei.

Só se casamos alguns meses depois e então, nós planejamos o Ryan. Foram dois meses até que eu finalmente engravidasse de Ethan, ele sabia que iria morrer logo e queria deixar um parte dele comigo para sempre e eu sou muito grata a Ethan por isso. Ryan é minha vida e Ethan sempre será o amor da minha vida.

Meu marido faleceu um mês antes do nosso filho nascer, ele nunca chegou a conhecer Ryan e meu filho crescerá sem ter um pai. Eu levo Ryan todo mês no cemitério ver o túmulo de Ethan, faço isso para que meu filho nunca esqueça que seu pai teria dado tudo para ter visto ele uma única vez.

Saio dos meus pensamentos quando escuto um barulho na cozinha, reviro os olhos com um sorriso no rosto já sabendo quem é o "invasor" ou melhor, a "invasora". Fecho a porta do quarto do meu filho, antes porém dando uma olhada nele pela última vez.

Me dirijo para a cozinha do apartamento onde moro com meu filho e encontro minha melhor amiga com a garrafa de vinho aberta e duas taças  cheias em cima da mesa. Sina está com o meu notebook aberto e fuçando algo nele.

- Não tem casa não? - pergunto brincando me sentando ao lado dela na mesa da cozinha.

- O apartamento estava muito chato, vim te fazer uma visitinha - Sina fala tomando um cole do vinho - e especular sobre o pai gostosão da coleguinha do Ryan.

Eu fiz a besteira de contar para Sina sobre ontem, quando conheci Josh e o sentimento que tive ao tocar a mão dele. Agora minha amiga não para de falar que é para eu dar uns pegas nele, porém com certeza ele deve ter namorada.

- Era como se fosse o Ethan - murmuro para ela - eu só sentia aquilo com o Ethan e foi tão assustador sentir aquilo novamente.

- Já passou da hora de você viver novamente Any - Sina fala com seu jeito mandona - o Ryan já tem cinco anos, você já podia ter alguns relacionamentos ou pelo menos sair para alguma balada.

- Eu não posso me envolver com qualquer um - digo revirando os olhos - tem que ser alguém que eu saiba que irá tratar o Ryan bem, que entenderá o meu amor pelo Ethan e que seja compreensivo.

- Não existe príncipe encantado Any - Sina diz franca e eu sei que ela está certa, nunca vou encontrar alguém que atenderá todos meus critérios - enfim, vamos dar uma pesquisa em Josh Beauchamp na internet.

Eu já havia feito isso na noite anterior, descobri que Josh faz parte de uma boyband com mais quatro meninos, ela se chama NOW UNITED e eles cantam super bem. A última música deles foi Fallin, a qual a letra não sai da minha cabeça.

- Amiga, olha esse Deus grego - Sina fala virando o notebook para mim e mostrando uma foto do Josh com seus amigos sem camisa no meio de um estádio - eu vou te bater se você não sair com esse rapaz.

- Ele deve ter uma namorada, esposa ou ficante - digo para a loira - e ele não vai se interessar por uma mãe solteira e viúva que divide seu tempo entre a faculdade e o filho.

- Ele tem uma filha, deve entender muito você - ela diz uma hipótese - e Any, você é uma super de uma gostosa.

- Não quero mais falar sobre isso - determino fechando o notebook - Josh é apenas o pai de uma coleguinha do Ryan.

- Apenas o pai, mas vocês já trocaram número do telefone e eu vi que ele te seguiu no Instagram - Sina fala séria - além de você ter sentindo por ele o que só sentia pelo Ethan.

Ignoro o comentário de Sina e tomo um gole do vinho, troco de assunto com minha melhor amiga e peço como foi seu último encontro com um rapaz do curso dela. Minha amiga começa a conta com riqueza de detalhes tudo de errado que aconteceu e mesmo escutando, meu cérebro só pensa no que senti quando segurei a mão de Josh.

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A Sininho é perfeita vocês vão amar ela!

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